O tema sustentabilidade foi o foco dos debates do Giro do Boi desta sexta, dia 10. Entre os assuntos abordados com especialistas esteve a formação da Brigada Aliança, uma parceria entre o Friboi e a organização Aliança da Terra que reuniu voluntários e, por meio de capacitação, formou equipes capazes de acelerar a primeira resposta aos incêndios que se intensificam no período seco no bioma Pantanal.
“A gente […] trabalha no combate aos incêndios florestais há 12 anos e percebeu no campo toda essa dificuldade, esse prejuízo que esses produtores enfrentam nesse período da seca. E essa parceria com o JBS Friboi veio justamente para abrir as portas para a gente atuar no Pantanal. A gente já estava atuando na Amazônia e no Cerrado e agora, graças à parceria com o Friboi, a gente começou a atuar no Pantanal e tem sido um trabalho incrível com os produtores, a gente tem recebido um feedback muito positivo. Até agora já foram 54 incêndios combatidos no Pantanal”, informou a bióloga, mestre e doutora em ecologia e evolução Caroline Nóbrega, gerente geral da Aliança da Terra, em entrevista concedida ao programa desta sexta-feira.
“É uma iniciativa que começou com pecuaristas na região do Vale do Araguaia. Essas histórias pouca gente sabe, o quanto os pecuaristas e produtores rurais se preocupam com incêndios, o quanto eles são importantes no combate ao incêndio. Quem está mais perto do início do fogo é um produtor. E o que é bacana nessa proposta que a Aliança montou quando a gente conversou sobre as brigadas no entorno do Pantanal, na região de atuação das nossas fábricas, é que cada brigada envolve de 20 a 30 produtores que são treinados, as equipes das fazendas são treinadas e isso melhora demais a eficiência e a cobertura da brigada”, destacou o zootecnista Fábio Dias, diretor do Friboi na área de relacionamento com pecuaristas.
“Esse projeto das brigadas traz justamente o tripé da sustentabilidade porque envolve a parte ambiental, a parte social, no sentido de que a gente precisa do engajamento do produtor. […] E a gente está vendo hoje é que a cada ano que passa fica mais seco, mais intenso, e depois vem as chuvas e enchentes. Quer dizer que isso é real e está impactando no bolso do produtor. Então o engajamento, a precaução, a prevenção e tudo que a Aliança da Terra tem feito com o JBS Friboi já tem ajudado muito com essas cinco brigadas. São mais de 160 fazendas cadastradas, mais de 100 produtores treinados. Esse é o papel da sustentabilidade aliada à produção”, avaliou a engenheira agrônoma Liège Correia, diretora de sustentabilidade do Friboi.
Segundo a gerente geral da Aliança da Terra, Caroline Nóbrega, são dois milhões de hectare monitorados pelas cinco brigadas instaladas em Cáceres, Poconé, Pedra Preta e Araputanga, em Mato Grosso, e Anastácio, em Mato Grosso do Sul, e muitos contatos de outras prefeituras e sindicatos rurais interessados em multiplicar a iniciativa.
O zootecnista Fábio Dias lembrou ainda que a iniciativa funciona não somente nas emergências durante incêndios, mas traz também benefícios em longo prazo. “Onde as brigadas trabalharam por alguns anos, continua depois uma diminuição cada vez maior de focos de incêndio porque as pessoas aprendem a reagir, a fazer, e isso tem um efeito residual importantíssimo. […] Muitas vezes você vê um incêndio na beira da estrada, você olha, fica chocado, mas não tem a menor ideia do que fazer. E o que acontece com esse tipo de treinamento é que a pessoa que identifica o foco sabe exatamente para quem ela tem que ligar, ela sabe como tem que tirar a foto com a hora, com a coordenada e avisar. E mais importante, quem recebe o alerta sabe quem ele deve acionar. […] É esse tipo de coisa básica que faz muito mais diferença”, analisou o diretor do Friboi.
Além da luta contra o fogo, capacitação e conscientização da população são partes importantes do trabalho dos brigadistas.
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Pelo vídeo a seguir é possível assistir na íntegra as entrevistas com Caroline Nóbra, Fábio Dias e Liège Correia e suas considerações sobre a parceria da Brigada Aliança: