O telespectador Josué Oliveira Barbosa, do município de Abunã, em Rondônia, na fronteira com o Acre, quer saber detalhes sobre como fazer a leitura dos bebedouros de água do seu gado, que tipo de informação ele consegue coletar com este manejo e como ele pode ter acesso a uma planilha que guie este olhar minucioso sobre os reservatórios.
O médico veterinário especialista no assunto Fernando Loureiro deixou seus contatos à disposição para que o pecuarista tenha acesso a uma planilha que sirva como referência para a leitura. “É uma excelente pergunta. Há um tempo atrás nós desenvolvemos algumas fichas auxiliares para poder fazer essa leitura de bebedouro e ir preenchendo de forma sucinta questões pertinentes à qualidade e quantidade de água que estão servindo para os animais. Elas são muito mais elaboradas para bebedouros artificiais, para as pilhetas, no caso, mas também você pode adaptar e usar para as aguadas da sua fazenda e ter um procedimento, as anotações, ter informação de como está a água servida nos açudes, nas represas, rios, córregos, enfim, para você saber o que os animais estão bebendo”, observou Loureiro.
O contato para receber a planilha pode ser feito pelo e-mail [email protected].
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O especialista destacou a importância dos cuidados com a qualidade da água. “Á água é o nutriente mais importante para os animais de produção. Além de atuar em todas as atividades fisiológicas dos animais, também está diretamente relacionada ao consumo voluntário de matéria seca da dieta que os animais vão estar recebendo, de capim, de forragem, e também dos concentrados, e com isso impacta diretamente no desempenho dos animais. Então o cuidado com a água é primordial, é fundamental e deve ser adotado em todas as fazendas”, reforçou.
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O veterinário adiantou o que está contido nas fichas auxiliares de leitura de bebedouro de água. “Você vai estar anotando em que pasto onde está aquele bebedouro, qual é o tipo de bebedouro, se é uma pilheta, se ela está íntegra, se ela não apresenta rachaduras, furos, vazamentos, se ela precisa de um reparo urgente, imediato, se ela precisa de um reparo, mas pode ser programado para dali a alguns dias, se ela está com sinal verde, ou seja, se está toda ok, se a boia está funcionando bem para segurar a água em um momento que está cheio, se ela chega com boa vazão no momento que está vazia e libera alta vazão de água, se ela está com seu funcionamento perfeito, se ela precisa ser substituída. Serve para avaliar as paredes dos bebedouros, se precisam ser esfregadas, se precisa remover lodo, limo, matéria orgânica. E o fundo, o assoalho desse bebedouro, se já apresenta também risco de quebradura, de trincas, de rachaduras que vão estar vazando, se tem buracos em volta do bebedouro feitos por tatu, por animal outro silvestre ou até os próprios animais escavando, se está juntando barro da chuva… Então todos esses parâmetros devem ser avaliados no bebedouro”, exemplificou.
Além de avaliar a qualidade do reservatório e seus instrumentos, o veterinário apontou que as leituras também devem contemplar a qualidade da própria água. “E aí vamos para avaliação da água em si, que começa pelo aspecto visual. A água deve ser o mais transparente possível, sem coloração, sem sujidade nem na superfície boiando, mas também no meio, agregada ou no fundo, sedimentada, pois deve ser removida a sujeira. Então você vai classificar a água em transparente, em translúcida, ou também opaca. O odor dessa água (quando está suja) também é bem característico, todas as pessoas podem sentir porque os animais também sentem a água com cheiro forte. Eles evitam consumir ou consomem menos. Essas são avaliações subjetivas, mas que todos podem fazer”, assegurou Loureiro.
Além das avaliações visuais e de cheiro da água, o veterinário também recomendou a avaliação química, mas que podem ser realizadas pela fazenda. “A gente recomenda algumas avaliações mais técnicas e profundas, que vão trazer bastante impacto. Por exemplo, é bem simples avaliar o pH da água, que pode inclusive ser feito com aquelas tirinhas de papel que são vendidas em lojas de material de piscina e ali, em 15 segundos, é possível se obter a leitura do pH da água, que deve ser o mais próximo do neutro, pH 7. O pH ácido, abaixo de 7, começa a impactar no consumo voluntário dos animais e pode prejudicar esse consumo e também, da mesma forma, o pH alcalino, acima de 7,8 a 8 também impacta negativamente no consumo de água pelos animais, que por sua vez vai impactar no consumo de forragem da dieta total da matéria seca e prejudicar o desempenho”, alertou.
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“Essas fichas a gente elaborou três modelos e elas são disponibilizadas gratuitamente. A gente passa essas fichas para todos que nos solicitarem e elas podem ser usadas da forma que estão e podem ser adaptadas para a realidade da sua fazenda, com as informações que você julgar necessárias, e pode acrescer outras. O seu técnico ou consultor também pode fazer acréscimos e é muito bem vindo somar informações que não estejam ali presentes e trocar uma ideia conosco. Mas eu acredito que seja fundamental o quanto antes todas as fazendas passarem a adotar a leitura do bebedouro, avaliar a água que está sendo servida para os animais porque isso vai impactar num melhor desempenho, em melhor controle. Quem começa a medir como está a água tem melhorias para obter um desempenho maior ainda dos animais”, projetou.
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Além do e-mail [email protected], os interessados podem entrar em contato pelo perfil do Instagram de Fernando Loureiro, onde está disponível também o seu telefone comercial, o (67) 9 8145 4540, e pelo site rubbertank.com.br.
Qual é a sua dúvida sobre qualidade da água para gado de corte? Envie para o Whatsapp do Giro do Boi, pelo número (11) 9 5637 6922 ou ainda pelo e-mail [email protected].
Veja resposta completa do especialista pelo vídeo a seguir: