A história da Fazenda Montozo, propriedade referência na atividade da cria dentro do Programa Fazenda Nota 10 que está localizada no município de Acrelândia, no estado do Acre, começou de modo inusitado. Quem relembrou o “causo” em entrevista ao Giro do Boi desta sexta, dia 26, foi o médico veterinário Marcelo Montozo, que junto com seu pai, Luiz Montozo, atual proprietário da fazenda, administram os negócios que começaram na década de 1990 com seu avô, José Montozo.
“É uma história que começa de certa forma engraçada. O meu avô sempre foi um camarada muito tranquilo, só que aconteceu que na época (anos 90) um candidato político usou o nome dele no palanque dizendo que ele ia apoiá-lo, mas ele não apoiava. Aí ele ficou muito revoltado, quando viu esse cidadão na rua até correu atrás, […] mas acabou não chegando às vias de fato, graças a Deus. Só que na semana seguinte, enquanto ele ainda estava muito chateado com a situação, um amigo nosso […] encontrou com o vô, disse que estava indo para o Acre e fez o convite. ‘Cê num quer ir comigo, não? Vamos lá conhecer’. E o vô veio e encontrou as terras, comprou um pedacinho basicamente de mata, tinha pouca abertura, e foi onde a gente começou os trabalhos”, disse, bem-humorado, o veterinário Marcelo Montozo.
“O vô veio, ficou aqui uns seis meses e voltou para o Espírito Santo. Depois disso, meu pai veio pra o Acre pela primeira vez com 17 anos e aí em 1996 ele voltou casado com 20 anos minha mãe com 18 e eu com dois meses de nascido”, completou.
Depois da discussão, veio a bonança para José Montozo, que comprou as terras em Acrelândia-AC.
Além do desafio de formar toda a propriedade, o pai de Marcelo, Luiz Montozo, também tinha o obstáculo de praticamente colonizar as terras sem capital inicial, o que foi solucionado logo na sequência.
“Essa é uma segunda etapa muito legal da nossa história. O pai chegou aqui descapitalizado realmente, começou os trabalhos e aí foi quando ele conseguiu um crédito rural. Os produtores que estão nos assistindo provavelmente vão lembrar. Eram três anos de carência e sete anos para pagar. Ele pegou esse financiamento e comprou tudo em bezerras, quase novilhas. E ele comprou 150 novilhas. Ele sempre comenta comigo que nunca tinha visto tanto gado na vida dele, porque no Espírito Santos eles mexiam com um pouco de leite, tinha pouco gado de corte e mais café. E quando chegou no primeiro ano do pagamento após o prazo de carência de três anos, os bezerros dessas novilhas já davam para praticamente quitar o financiamento. Só que aí ele pagou a primeira parcela e foi trabalhando o dinheiro. Algo interessante de salientar é que , como placa solar, aparelho de som, tevê – e olha na época não tinha nem energia lá. O que aconteceu no médio e longo prazo foi que o pai acabou comprando a terra desses vizinhos que não deram conta de pagar os financiamentos. […] Hoje a gente tem uma propriedade de cria e adquiriu uma outra área […] onde é feita a recria e a engorda. ”, recordou o veterinário formado pela UFAC.
O espírito empreendedor levou a família Montozo a intensificar não somente a produção, mas o gerenciamento do negócio, buscando o programa de capacitação em gestão (financeira, zootécnica e de pessoas) e comparação de resultados Fazenda Nota 10.
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“A minha chegada no programa Fazenda Nota 10 foi quando eu estava lendo alguns artigos no Portal DBO e lá eu vi o anúncio e aí eu pensei que não poderia perder a oportunidade. Fiz a minha inscrição e fiquei aguardando ansiosamente pelo retorno. Foi quando o Rodrigo (Gennari) me procurou, eu vi que era possível e deu certo. A iniciativa eu tomei principalmente pelo desejo de a gente querer melhorar. Só que para a gente melhorar, a gente precisa de alguns referenciais, a gente precisa saber onde nós estamos. E eu queria saber como a nossa propriedade estava em relação ao restante do país, se a gente estava bem ou mal em alguns setores e foi aí que calhou bem a entrada no programa”, justificou.
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Uma das ferramentas que já de largada ajudaram a Fazenda Montozo a identificar pontos fortes, fracos, oportunidades e ameaças foi o diagnóstico expresso, que é um dos primeiros passos do Programa Fazenda Nota 10.
“Como funciona? Após a confirmação da participação da fazenda, a gente oferece um treinamento online para os gestores aprenderem a pilotar e entenderem a metodologia do programa Fazenda Nota 10. A gente tem toda equipe para dar suporte. E depois desse treinamento, este gestor vai estar totalmente apto, conhecendo toda a plataforma onde são feitos os lançamentos (de números da propriedade). Após isso, a gente oferece um período de praticamente 30 dias para o participante reunir todos os números da safra passada e inserir os dados, o que a gente chama de diagnóstico expresso. Então antes de iniciar a safra, o gestor preenche isso e a gente já tem um resumo sobre os indicadores produtivos e financeiros para oferecer e ele já vai entrar na safra sabendo como estava, podendo se comparar para dar início à safra nova”, esclareceu o zootecnista e um dos coordenadores do Fazenda Nota 10, Rodrigo Gennari.
“Quando ele (Marcelo) fez o diagnóstico expresso, ele não sabia como a fazenda estava no cenário nacional, mas de 21 indicadores reprodutivos, em 13 eles estavam entre as top 50 fazendas. E é muito legal que, nesse diagnóstico, a gente consegue mostrar um ranking com o posicionamento para cada indicador”, acrescentou Gennari.
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Em sua participação no Giro do Boi, Marcelo revelou os pontos fortes e fracos percebidos no diagnóstico expresso. “Ainda bem que na cria a gente não tinha muitos pontos fora da curva. […] Mas um dos pontos que eu poderia destacar que a gente trabalhou esse ano para melhorar, e acredito que evoluímos, foi o peso à desmama. A gente estava com um peso à desmama intermediário, também quilos de bezerros desmamados por vaca, de certa forma, intermediário, mas a gente intensificou um pouco mais isso. Nós começamos a fazer uma pesagem dos bezerros aos quatro meses […] e através desse manejo a gente identificou as vacas que tinham os bezerros mais leves, isso porque o indicador de peso aos 120 dias tem uma relação direta com a produção de leite. Por isso estamos descartando essas vacas (mais fracas em peso à desmama). Isso também ajudou a elevar o peso médio da desmama. Agora a gente está organizando alguns aspectos justamente pelo fato de a gente saber onde estava e vendo essa possibilidade de melhora”, ilustrou o veterinário.
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Além da evolução no peso à desmama, a propriedade também é destaque entre as fazendas de cria do programa em mortalidade. “Eles estão muito bem, com uma taxa de mortalidade menor que a média da cria (no programa Fazenda Nota 10). E a gente percebe a importância do benchmarking que a gente sempre ressalta aqui, que é você saber como você está, o termômetro. Então a gente consegue medir isso e passar trimestralmente no diagnóstico para as fazendas”, reforçou Gennari.
Diagnóstico expresso fez fazenda perceber que precisa aumentar peso médio à desmama.
“O que eu digo é que vale muito a pena. O Chaker comenta muito uma frase do Peter Druker, que diz que ‘o que pode ser medido pode ser melhorado’. Então quando a gente entra no programa Fazenda Nota 10, a gente tem a possibilidade de levantar diversos números que, para fazer isso sozinhos, a gente teria muita dificuldade de conseguir. Com eles, a gente consegue levantar esses números e trabalhá-los. E o que é legal é que você pode trabalhar com o Fazenda Nota 10 em conjunto com uma uma consultoria local porque, na verdade, eles vão ajudar a chegar no objetivo comum, que é melhorar lucratividade da fazenda, garantir um ambiente melhor de trabalho para os seus colaboradores”, recomendou Marcelo Montozo.
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Time de colaboradores da Fazenda Montozo: organização ajuda a alcançar resultados.
Confira as entrevistas completas com Marcelo Montozo e Rodrigo Gennari no player abaixo: