O concurso do “quintal mais bonito” promovido pela Fazenda Moquem (veja foto da vencedora acima em destaque), localizada em Pimenta Bueno-RO, foi apenas um exemplo entre um pacote inteiro de mudanças que a propriedade promoveu para diminuir a rotatividade de seus funcionários, considerada alta, para melhorar seu resultado final. A história da evolução foi contada em detalhes no Giro do Boi desta sexta, dia 12, em entrevista com o proprietário Matheus Dolenz Tavares, e com a consultora especialista em gestão de pessoas, Jacqueline Lubaski.
“A Fazenda Moquem está bem imbuída em busca de resultados, está participando do Fazenda Nota 10 e já é uma fazenda nota 10”, celebrou Lubaski, referindo-se ao programa de capacitação em gestão e comparação de resultados que ajudou a propriedade a melhorar o gerenciamento de recursos humanos.
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“A fazenda tem tido resultados surpreendentes, inclusive para nós da equipe do programa. […] Quando a pessoa entra no programa, é dedicada e segue o que a gente está sugerindo, o resultado vem”, comentou a especialista.
A história da Fazenda Moquem remonta à década de 70, quando a família de Matheus chegou à região depois de migrar do Paraná para Rondônia. “Já chegou na segunda geração, hoje eu estou assumindo essa parte. Eu me formei em 2007 e vim embora”, contou o pecuarista e médico veterinário Matheus Tavares.
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Ao passo que buscava intensificar o sistema produtivo, voltado para o ciclo completo e venda de genética Nelore, a gestão de recursos humanos passou a ser um fator limitante para a Fazenda Moquem. “Não adianta nada a gente ter o melhor produto se a gente não consegue entregar do melhor jeito e fazer todos os processos da melhor forma. A gente tinha uma alta rotatividade e estava buscando agregar melhores números à fazenda. Nessa busca, a gente achou o programa Fazenda Nota 10. A gente sempre acompanhou o Chaker pelo Instituto Inttegra e quando veio essa oportunidade, a gente não pensou nem um segundo, a gente já agarrou com unhas e dentes para transformar a fazenda”, lembrou o pecuarista.
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Tavares detalhou a dificuldade para gerir os profissionais de uma equipe dentro da porteira. “Você tem que capitanear os melhores trabalhadores e isso não é fácil. A gente está na fazenda e precisa correr atrás, buscar informação. É uma gama de processos que a gente faz até para que também surjam várias pessoas querendo trabalhar na fazenda e você tenha opções de escolha. Tendo opções de escolha, você trabalha com melhor material humano, treina e consegue alcançar os resultados que estão estipulados nas metas”, projetou.
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Entre as primeiras mudanças propostas pela propriedade para diminuir a rotatividade de funcionários, ou o chamado turnover, foi integrar as suas famílias ao dia a dia da fazenda. “Inserir as famílias no processo foi uma das melhores atitudes que a gente pode ter tido, que é trazer a mulher para junto, para a mulher ajudar o funcionário, esposo dela, a bater suas metas, a manter o foco, a persistir na fazenda. Eu acho que isso trouxe grandes resultados para a gente”, aprovou o pecuarista.
“Inserir famílias no processo foi uma das melhores atitudes que a gente pode ter tido”, reconheceu pecuarista (clique para ampliar as fotos)
Além de trazer as famílias para reuniões e oferecer capacitações, a propriedade promoveu recentemente um concurso para premiar o melhor quintal entre os funcionários da Fazenda Moquem, em que a dona de casa vencedora ganhou um dia de beleza em um spa. Além da diversão e do engajamento, a competição também serviu para elevar a qualidade de vida dos funcionários. “Com o concurso gerou hortas, frutas, criação de animais, como galinha e porco, ele teve impacto no bem-estar geral da família”, observou Matheus Tavares.
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“Quando o produtor contrata o funcionário, ele contratou a família inteira. E eu sempre brinco que mulher é carne de pescoço porque é ela que segura a cabeça do homem. Se a família estiver satisfeita, o peão vai sossegar. […] Essa mulher nunca vai deixar o marido sair do emprego. Ela vai incentivar ele todos os dias para que ele permaneça aí. Então isso é muito importante quando você insere as famílias, isso transcende”, complementou Lubaski.
“É como se fosse uma corrente do bem”, comparou a consultora em gestão de pessoas na fazenda. “Os vizinhos querem participar dos treinamentos, das palestras que eles levam para lá. Olhe como você começa a fazer o bem […] por estar dando abertura e oportunidade para os vizinhos, para os funcionários dos vizinhos também participarem”, destacou.
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O pecuarista revelou como funciona a integração de modo mais prático. “A gente primeiro faz uma reunião de integração, chama o colaborador e a família dele, dá as boas vindas, explica como funciona a fazenda, quais são os processos de governança, as práticas de boa vizinhança também. Tudo isso diminui os problemas que eram rotineiros na fazenda. A gente pegou todos os problemas que a gente vinha tendo e fez um programa, que leva o colaborador até a atingir um 14º salário”, citou.
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Lubaski salientou a simplicidade da mudança em relação ao impacto expressivo tanto para os funcionários como para a fazenda. “A primeira coisa que eles fizeram foi a integração. A integração só gasta saliva, sola da bota, suor e tempo (não gasta dinheiro). E já começou a dar os resultados. Diante disso, eles implantaram essa questão de prêmio”, mencionou a consultora.
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O feedback foi outra ferramenta utilizada na gestão de pessoas na Fazenda Moquem. “Para o produtor que está assistindo, a partir do momento que o colaborador sentir que está sendo importante e receber esse feedback, se ele entender como está o papel dele na propriedade, isso traz um resultado imensurável. Às vezes as pessoas perguntam o que a mudança vai trazer de dinheiro, mas é difícil a gente medir. Agora se ele tiver números e essa percepção, como o Matheus e a equipe da Moquem tiveram, ele começa a perceber que uma simples conversa, um simples bate-papo começa a tornar o clima mais agradável, as pessoas mais motivadas e assim por diante”, relatou Lubaski.
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A gestão das pessoas na propriedade é uma área que conta com o trabalho da esposa de Matheus, Saiane Dolenz, formada em administração e professora da área, o que contribui para a sua atuação no dia a dia da Fazenda Moquem. “A Saiane é a responsável de todo esse trabalho de gestão de pessoas. É interessante ressaltar que uma mulher está à frente e tem feito um trabalho maravilhoso. […] Nessa parte de gente, ela está super envolvida e percebe o quanto isso fez diferença. E quando você incentiva a pessoa a melhorar, você está dando oportunidade de ela ter melhor qualidade de vida. Isso é tão gratificante, não há dinheiro que pague”, celebrou Jacque Lubaski.
Matheus e sua esposa, Saiane, trabalhando juntos pelo sucesso da Fazenda Moquem
“Está mais uma vez comprovado que nas fazendas que têm preocupação com a equipe, com o desenvolvimento de pessoas, com o bem-estar delas, o resultado com certeza é maior”, confirmou a especialista.
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Em sua participação no Giro do Boi, Lubaski apontou quais são os primeiros sinais que o produtor recebe para poder identificar que o problema da sua propriedade está na gestão de pessoas. “Entre os primeiros sinais que você começa a perceber é que existe uma rotatividade grande de pessoas. As pessoas não param e, claro, se você estiver atento, você percebe que as pessoas ali não estão motivadas. Elas estão fazendo as atividades só por obrigação. Você percebe que o detalhe, que é o que faz a grande diferença, é sempre deixado para depois”, analisou.
“Você quer testar se o vaqueiro está motivado ou não? Cinco horas da tarde chega um caminhão de sal para descarregar. Esse é um dos sinais para você verificar se a equipe está satisfeita ou não (se eles se dispõem ou não para ajudar). Se você está vendo um problema e ninguém deu nenhuma sugestão, se a pessoa só trouxe o problema, sua equipe não está comprometida e não está motivada, não está engajada no seu negócio. Consequentemente, pode ter menos lucro. É esse o início”, exemplificou.
O programa Fazenda Nota 10, que está contribuindo para a evolução da Fazenda Moquem, e de 130 fazendas ao todo que integram a temporada 2020/21, está com inscrições abertas para a ‘próxima safra’. São 500 vagas que podem ser preenchidas por propriedade de todo tamanho, com qualquer sistema produtivo e localizadas em qualquer região do Brasil. Fazendas parceiras da Friboi, que conduz a iniciativa junto ao Inttegra e a um time de consultores especialistas, ganham subsídio de 75% para participar do programa. Veja mais detalhes pelos links a seguir:
+ Clique aqui para fazer sua inscrição no programa Fazenda Nota 10
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Confira no vídeo abaixo a entrevista completa com Jacqueline Lubaski e Matheus Dolenz Tavares ao Giro do Boi desta sexta, 12: