
As lesões cutâneas em áreas despigmentadas de vacas, como as observadas pela pecuarista Marta de Sousa Silva em Jaru, Rondônia, levam à principal hipótese diagnóstica de fotossensibilização por dermatite solar.
O professor de medicina veterinária Guilherme Vieira afirma que este problema tem cura, mas a recuperação lenta na fazenda indica a necessidade de intervenção profissional imediata, focada na retirada do animal da luz solar.
A fotossensibilização é uma reação da pele à luz solar após a ingestão de substâncias fotodinâmicas. Essas substâncias se acumulam no organismo e, quando expostas ao sol, causam lesões. Embora seja comum em garrotes Nelore, a dermatite solar atinge principalmente as áreas despigmentadas, como o focinho, o úbere, a tábua do pescoço e o lombo do animal.
Confira:
As causas e o perigo da braquiária
É crucial entender que a fotossensibilização pode ser de dois tipos, sendo a secundária a mais comum na pecuária brasileira:
- Dermatite primária: ocorre pela ingestão direta de plantas que contêm substâncias fotossensíveis (como erva-de-São-João ou trigo-sarraceno).
- Dermatite secundária (hepatógena): é a causa mais comum e perigosa. O animal consome pastagens de braquiária (Brachiaria decumbens) contaminadas pelo fungo Pithomyces chartarum. Este fungo libera micotoxinas (fitoeritrina) que o fígado não consegue sintetizar e expulsar. O acúmulo dessas toxinas na pele causa o efeito fotodinâmico e a lesão.
A recuperação lenta é um sinal de que a causa raiz (o problema hepático ou a exposição solar) não foi totalmente resolvida.
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Tratamento imediato e manejo essencial
O tratamento do animal com fotossensibilização deve ser imediato, com foco na interrupção do fator causal:
- Retirada da luz solar: primeiramente, o animal deve ser retirado da incidência da luz solar e colocado em pastos sombreados.
- Troca de pastagem: o produtor deve identificar qual é o pasto contaminado e retirar imediatamente a vaca e outros animais da mesma categoria do local.
- Higiene da lesão: lavar a lesão uma vez ao dia com uma solução de água sanitária (duas colheres de sopa para 1 litro de água).
Após os primeiros socorros, o produtor deve chamar imediatamente o médico veterinário. O profissional fará um tratamento específico com hepatoprotetores (para auxiliar o fígado na síntese das micotoxinas), anti-inflamatórios e antibióticos. Não há outro caminho para salvar o animal e evitar o comprometimento de sua saúde.
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