
A COP 30 já movimenta os debates do agronegócio brasileiro. E, na Dinapec 2025, em Campo Grande (MS), a sustentabilidade da pecuária nacional foi destaque em fóruns preparatórios para a conferência do clima da ONU, que será realizada em novembro, no Brasil. Assista ao vídeo abaixo e confira.
Em entrevista ao Giro do Boi, o pesquisador da Embrapa e integrante da assessoria de relações internacionais da instituição, Marcelo Morandi, fez um alerta:
“Temos potencial para liderar a agenda global de clima, mas precisamos mostrar resultados concretos e cobrar apoio financeiro internacional”.
Segundo Morandi, a Conferência das Partes (COP) é o fórum mais importante do mundo para discutir mudanças climáticas, e seu foco é transformar os modelos de desenvolvimento econômico e produtivo, conciliando redução das emissões com segurança alimentar e inclusão social.
“A COP surgiu em 1992, aqui no Brasil, e agora temos a oportunidade de reforçar o nosso protagonismo mostrando soluções reais, especialmente da agricultura e da pecuária brasileiras”, afirmou.
Intensificação sustentável é chave para reduzir emissões
Durante a entrevista, o pesquisador ressaltou o papel estratégico da pecuária intensificada e bem manejada como ferramenta para mitigar emissões de gases de efeito estufa.
“Sistemas eficientes de produção, com boa genética, pastagens recuperadas e manejo adequado, podem reduzir drasticamente as emissões e até alcançar neutralidade em alguns casos”, disse.
Morandi também destacou que pastagens bem cuidadas são grandes aliadas no sequestro de carbono. Isso ocorre porque o carbono armazenado no solo contribui diretamente para a fertilidade, a resiliência dos sistemas produtivos e a manutenção do regime de chuvas, fundamentais para a agropecuária tropical.
COP 30 discutirá financiamento climático e justiça ambiental
Entre os temas centrais da COP 30, Morandi apontou a necessidade de ampliar a ambição global na redução de emissões, mas sempre levando em consideração o princípio da justiça climática.
“Não se pode cobrar a mesma velocidade de transição de um país em desenvolvimento e de uma economia consolidada. É preciso haver financiamento climático para que produtores brasileiros consigam migrar de sistemas de baixa produtividade para modelos mais eficientes e sustentáveis”, enfatizou.
Para ilustrar o desafio, o pesquisador mencionou o pecuarista que deseja investir na intensificação da produção: ele precisa de crédito para melhorar pastagens, genética, nutrição e manejo.
“É um processo que tem custo inicial, mas que gera retorno ambiental e econômico no médio prazo”, afirmou.
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Desmatamento ilegal e inclusão produtiva ainda são desafios
Morandi reforçou que o Brasil tem bons exemplos para apresentar na COP 30, como uma matriz energética limpa e uma agricultura conservacionista e tecnológica.
Mas também há desafios a enfrentar, como a inclusão de pequenos produtores no acesso à tecnologia e à comercialização, e o combate ao desmatamento ilegal, que compromete a imagem internacional do setor.
“Não podemos perder o que já conquistamos por conta de atividades ilegais. Precisamos zerar o desmatamento ilegal e mostrar que a preservação é compatível com o aumento da produção, inclusive como estratégia para atrair mais recursos internacionais”, defendeu.
Agricultura e clima: oportunidade para o Brasil liderar
A entrevista também reforçou a importância de integrar clima, biodiversidade e produção agrícola.
Segundo Morandi, a agricultura brasileira é parte da solução para a crise climática, especialmente quando associada à conservação da vegetação nativa, ao uso de bioinsumos, à recuperação de pastagens e ao encurtamento do ciclo produtivo dos animais.
“Nós temos todos os elementos para sermos referência mundial em produção sustentável. Mas temos que mostrar isso com dados, transparência e ambição”, concluiu o pesquisador.
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