
A perda gestacional em novilhas zebuínas é um dos principais entraves para a produtividade da pecuária de corte no Brasil. Assista ao vídeo abaixo e saiba como esse problema pode chegar logo, logo ao seu fim.
Pensando nisso, a Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP), em parceria com USP e Unesp, está liderando uma série de estudos que podem mudar esse cenário — com impacto direto na eficiência reprodutiva, rentabilidade e sustentabilidade das fazendas de cria.
O zootecnista Fernando Baldi, professor da Unesp de Jaboticabal e pesquisador sênior da ANCP, explica que a proposta é identificar componentes genéticos associados às perdas gestacionais nas raças Nelore e Brahman. A boa notícia é que os primeiros resultados são animadores.
Sob a orientação de Baldi, a pesquisa é conduzida por Flávia Bis, zootecnista e doutoranda pelo programa de pós-graduação em Biociência Animal da FZEA – USP, e Daniel Cardona Cifuentes, zootecnista e doutor em Genética e Melhoramento Animal pela FCAV – Unesp.
Estudos com Brahman mostram potencial para seleção genética
Na raça Brahman, dados de mais de 32 mil animais de duas fazendas da Bolívia foram analisados. O estudo, liderado pelo zootecnista Daniel Cardona, concluiu que a perda gestacional tem herdabilidade baixa, mas significativa:
- 0,11 em novilhas,
- 0,08 em primíparas,
- 0,09 em multíparas.
Além disso, observou-se correlação genética negativa com a longevidade produtiva (STAY) e idade ao primeiro parto (IPP). Ou seja, ao selecionar animais para essas características, é possível também reduzir as perdas reprodutivas.
Perdas em novilhas superprecoces Nelore preocupam ainda mais
A situação é ainda mais delicada nas novilhas superprecoces da raça Nelore, que enfrentam maior desafio fisiológico ao serem desafiadas precocemente.
Em fazendas do grupo CV Nelore Mocho, no estado de São Paulo, as perdas gestacionais chegam a 16% em anos de clima severo.
A pesquisadora Flávia Bis, doutoranda da USP, analisou mais de 23 mil novilhas Nelore, usando predição genômica e análise quantitativa para identificar regiões cromossômicas associadas à morte fetal.
O estudo reforça que a genética tem papel importante nas perdas, mesmo quando os manejos sanitário e nutricional são bem conduzidos.
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Estratégias para o futuro: foco na precocidade e fertilidade
Os estudos apontam que selecionar animais com maior precocidade sexual, fertilidade, perímetro escrotal e longevidade pode reduzir as perdas gestacionais e aumentar o desempenho dos rebanhos.
“Os resultados obtidos indicam que a perda gestacional está associada a componentes genéticos que podem ser ajustados por meio da seleção”, afirma Fernando Baldi.
A ANCP já considera incluir essas descobertas em seus programas de melhoramento genético, com dados genômicos mais precisos e indicadores de reprodução mais completos.
Conclusão: seleção genética como ferramenta para a eficiência reprodutiva
Com base em evidências científicas, a seleção genética se confirma como uma solução viável para mitigar a perda gestacional em novilhas zebuínas.
Além de melhorar o desempenho individual das fêmeas, a medida fortalece os índices econômicos da pecuária de corte — especialmente em sistemas tropicais, onde os desafios ambientais são maiores.
A ANCP segue na vanguarda das inovações voltadas ao melhoramento genético funcional, reforçando seu papel no apoio ao produtor brasileiro que busca maior produtividade com sustentabilidade.
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