No coração do Pantanal sul-mato-grossense, onde o desafio de produzir bezerros saudáveis é ainda maior por causa do ambiente rústico e das dificuldades de manejo, um exemplo de sucesso está inspirando a pecuária de cria em todo o País. Assista ao vídeo abaixo e confira.
É o caso da Fazenda Baía do Lara, em Corumbá (MS), pertencente ao grupo Rio Corrente Agropastoril, comandado pelo pecuarista Túlio Ibanez Nunes.
Graças ao apoio do programa Fazenda Nota 10 e a uma série de medidas estratégicas, a propriedade conseguiu reduzir pela metade a mortalidade de bezerros, ao mesmo tempo em que elevou sua taxa de fertilidade para impressionantes 87,8% — índice acima da média das propriedades mais rentáveis do programa.
Pantanal com eficiência: tradição e inovação no mesmo pasto
De acordo com o zootecnista Rodrigo Gennari, líder de projetos do Fazenda Nota 10, o sucesso da fazenda se deve a uma gestão técnica exemplar e à adoção de práticas modernas de manejo mesmo em um bioma tão desafiador como o Pantanal.
Entre as principais ações que levaram a essa transformação estão:
- Uso de IATF (Inseminação Artificial em Tempo Fixo) em 100% das matrizes
- Criação de pastos maternidade para garantir cuidados logo após o parto
- Implantação de bebedouros com bomba solar, oferecendo água limpa e abundante aos animais
- Foco na saúde e bem-estar animal, com apoio técnico da Bienimal
- Adoção de genética de qualidade, incluindo o uso de raças como Angus no cruzamento industrial
Resultados que impressionam
Com todas essas melhorias, a Fazenda Baía do Lara atingiu índices de produção superiores aos das fazendas mais rentáveis do programa Fazenda Nota 10:
- Fertilidade: passou de 79% para 87,8%
- Taxa de desmame: saltou de 71% para 81%
- Peso por vaca exposta: subiu de 156 kg para 185 kg
- Mortalidade de bezerros: caiu de 2,9% para 1,6%
- Lucro por arroba produzida: R$ 143 (média das tops rentáveis: R$ 37)
- Rentabilidade anual: 36%, com taxa interna de retorno de 3% ao mês
Além disso, os bezerros cruzados da fazenda atingem pesos de desmama entre 230 e 250 kg, e os bois são abatidos com até 22 arrobas aos 20 meses, resultado de uma recria intensiva com suplementação e manejo nutricional bem ajustado.
Manejo pantaneiro com foco na eficiência
A adaptação do manejo às características do bioma foi essencial para alcançar esses resultados.
“No Pantanal, temos piquetes muito grandes, com mais de 400 hectares. Era muito difícil identificar e cuidar dos bezerros logo após o nascimento”, explica Túlio.
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Com a implantação dos piquetes maternidade, os bezerros recebem colostragem, vacinação e cura de umbigo no primeiro dia de vida, o que reduziu drasticamente perdas e doenças.
Outro avanço foi na qualidade da água, substituindo cacimbas por sistemas de bomba solar, garantindo higiene e controle sanitário.
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Inspiração para outros produtores
Com mais de 10 mil hectares de pastagens e um rebanho de mais de 5 mil cabeças, o grupo Rio Corrente também opera a Fazenda da Serra, em Coxim (MS), onde realiza o ciclo completo da produção, levando os animais até o abate com elevado padrão de qualidade.
Túlio reforça que o conhecimento técnico e o apoio do Fazenda Nota 10 foram determinantes:
“A gente não teria alcançado esse nível de eficiência se não tivesse investido em capacitação, manejo bem feito e parcerias estratégicas”.
Exemplo para a pecuária brasileira
A história da Fazenda Baía do Lara mostra que, mesmo nos ambientes mais desafiadores, é possível alcançar alta produtividade com sustentabilidade, desde que haja planejamento, foco na cria e gestão profissional.
“Sem bezerro, não tem boi gordo”, lembra Túlio.
E para garantir que cada bezerro importe — como diz a campanha promovida pelo Giro do Boi nesta semana especial —, é preciso investir desde o nascimento. O resultado não é apenas mais lucro: é uma pecuária mais eficiente, consciente e preparada para o futuro.
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