O cenário é alarmante: 50 garrotes morreram em uma propriedade próxima a Santa Maria, no Rio Grande do Sul, devido a uma infestação severa de vermes. Assista ao vídeo abaixo e confira. As imagens são bem preocupantes.
A tragédia foi constatada após necrópsia realizada pelo médico-veterinário Rafael Xavier, que encontrou o abomaso dos animais tomado por parasitas.
O prejuízo para o pecuarista ultrapassa os R$ 300 mil, além do impacto na produtividade dos demais animais do rebanho.
Verminose: o inimigo invisível do gado
A verminose é um problema recorrente na pecuária brasileira e, segundo o médico-veterinário Felipe Pivoto, gerente de serviços técnicos da Vetoquinol Saúde Animal, muitos pecuaristas ainda subestimam seu impacto.
“Os vermes furtam até 25% da produção de carne e leite, mas, por ser um inimigo oculto, muitos produtores convivem com o problema sem perceber as perdas”, alerta.
Os sintomas da infestação incluem emagrecimento, pelos arrepiados, apetite alterado e fezes escuras, possivelmente com sangue. No caso dos garrotes que morreram no RS, o produtor havia realizado um tratamento antiparasitário, mas com um princípio ativo que não foi eficaz.
Como resultado, os animais debilitados foram transferidos para um pasto melhorado, onde deveriam ganhar peso, mas acabaram sucumbindo à infestação.
Resistência dos vermes: o perigo do uso repetitivo de antiparasitários
Um dos fatores que agravam o problema é a resistência dos vermes aos tratamentos. Segundo Pivoto, o uso contínuo do mesmo princípio ativo contribui para a seleção de parasitas mais resistentes, reduzindo a eficácia dos medicamentos ao longo do tempo.
“Temos fazendas que fazem quatro ou cinco tratamentos ao ano com a mesma molécula, sem perceber que os animais continuam infestados e até morrem por conta disso”, explica.
Para evitar perdas como essa, Pivoto recomenda a rotação de princípios ativos e a adoção do exame de OPG (contagem de ovos por grama de fezes). Esse método permite avaliar a eficácia do tratamento 15 e 30 dias após a aplicação do vermífugo, garantindo que o produto utilizado realmente esteja funcionando.
Controle preventivo e estratégias de manejo
Além da rotação de medicamentos, o especialista reforça a importância de um manejo adequado, como o rodízio de pastagens. Deixar um piquete sem animais por pelo menos 30 dias ajuda a reduzir a carga parasitária no solo, diminuindo a reinfecção do rebanho.
Outra recomendação essencial é estabelecer protocolos de controle estratégico, principalmente no período chuvoso e quente, quando os vermes encontram condições ideais para se multiplicarem.
Em fazendas que adotaram programas de controle efetivos, os ganhos de produtividade foram significativos, tanto no ganho de peso do gado de corte quanto no aumento da produção de leite.
A tragédia ocorrida no Rio Grande do Sul reforça a necessidade de atenção redobrada com a verminose. Investir em prevenção, diagnóstico e manejo correto pode evitar prejuízos severos e garantir um rebanho saudável e produtivo.
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