“Muitos produtores que já fazem a aplicação do fungo há cinco anos nunca mais usaram produtos químicos”
O Giro do boi desta quarta-feira, 11, destacou uma praga que ataca praticamente em todos os biomas, todos as variedades de gramíneas, e compromete bastante a produtividade da pecuária de corte e leite no Brasil, a cigarrinha-das-pastagens. Os insetos sugam a seiva das plantas e injetam toxinas que vão “secando” o cultivar, processo conhecido popularmente como a “queima do capim”, até a sua morte, caso não haja interferência química durante as infestações. As informações foram trazidas pelo engenheiro agrônomo e pesquisador do Instituto Biológico de São Paulo, José Eduardo Almeida, que após estudar por vários anos alternativas de controle, identificou um fungo (CEPA – IBCB 425) que pode eliminar a praga em até 100%.
A instituição, vinculada à APTA (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios), que por sua vez responde a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado, começou os estudos com maior intensidade após a proibição das queimadas nas lavouras de cana-de-açúcar. As queimadas ajudavam a controlar a cigarrinha da raiz da cana e a descoberta do fungo contribuiu para o controle do inseto, eliminando em muitos casos, totalmente a praga, ressaltou o pesquisador. “Esse fungo causa uma doença na cigarrinha. Os esporos dele atingem o corpo do inseto causando a mortalidade entre três e cinco dias. A gente recomenda até aplicações anuais, porque o fungo se estabelece na pastagem, então o pecuarista vai ter um equilíbrio melhor da cigarrinha no seu pasto”, disse.
Almeida reforça que o fungo já está disponível nas principais lojas agropecuárias e que sua aplicação pode reduzir entre 70% e até 100% a utilização de produtos químicos nas áreas de pastagens, dependendo do grau de infestação e do correto manejo de aplicação. “Muitos produtores que já fazem, há pelo menos cinco anos a aplicação do fungo via pulverização, nunca mais usaram produtos químicos. Todas as empresas do segmento agropecuária que produzem fungos no Brasil já possuem nossa cepa e o controle biológico é o melhor caminho”,acrescenta.
Outras recomendações também foram ditas pelo pesquisador como o uso ou não de óleo mineral juntamente com o fungo, nesse caso somente se a cigarrinha estiver em fase adulta; o horário do dia para aplicação e as condições de umidade do ar; além do grau de infestação nas áreas. É recomendável que o fungo entre em ação quando houver, ao menos, 25 insetos para cada metro quadrado. “Somente uma leitura correta da área poderia estabelecer os critérios de aplicação do fungo”, finalizou.
Confira a entrevista completa do pesquisador no vídeo abaixo: