Especialistas destacam fatores que influenciam desempenho do cavalo atleta

Exigência dos cavalos acompanha o esforço físico; no Jóquei Club em Sorocaba-SP, animais têm até seu ventilador próprio para ajudar na recuperação

Seja na lida do campo, ajudando os vaqueiros a manejar o gado, seja nas pistas de corrida, provas de laço ou três tambores, os cavalos se tornam grandes esportistas. E sua exigência acompanha o tamanho do esforço físico. No Giro do Boi desta sexta, 09, em mais uma reportagem da nova série especial sobre os equinos, o destaque foi para os fatores que influenciam o desempenho dessas verdadeiras máquinas.

“Primeiramente é genética. Depois você vai olhar o tipo do potro, olhar para a paleta, pescoço, garupa, perna, os aprumos, a cabeça… Mas principalmente é genética. Se conseguir juntar genética com boa morfologia, pode dar certo”, declarou o criador e treinador de cavalos Rivail da Rosa, cuja experiência no mundo equestre remonta ao ano de 1991.

Para que se transforme em um animal de bom desempenho, o criador deve estar atento a sinais desde o nascimento do cavalo, conforme reforçou o médico veterinário Mário Duarte, especialista em equinos. O cavalo deve nascer com mais de 40 kg, de preferência com cerca de 50 kg, podendo chegar até os 60 kg, ser desmamado bem desenvolvido acima dos 280 kg e, ao completar um ano, chegar à altura de 1,50 m.

“Esses são os animais que vão conseguir bons preços em leilões. Ainda assim, ele vai precisar ter uma bela genética, um proprietário que cuidou muito bem dele, que não deixou ele ter cicatrizes, que fez as correções de casco, que cuidou da parte sanitária e que soube apresentar muito bem”, acrescentou.

Na fase adulta, os cuidados se intensificam à medida que os animais são mais exigidos. “São muito bem cuidados, muito bem alimentados. A alimentação é de primeira, o feno e alfafa são de primeira, a forragem e a serragem para eles deitarem são de primeira. Todos têm seu ventilador próprio. A gente trabalha na parte da manhã para não pegar muito calor. Eles são bem domados, bem calmos. Eles também são cavalos mansos e dóceis e por isso fica fácil de ensinar a caminhar, trotar, galopar e depois correr. E eles ensinam a gente também”, observou Rivail, que treina animais no Jóquei Club de Sorocaba-SP.

Tanta preocupação com a qualidade de vida dos equinos faz sentido. “Cavalo infeliz não corre. Nós precisamos de cavalos que estejam felizes, saudáveis e, para isso, existe uma equipe de veterinários, treinadores, tratadores, jóqueis preocupados em manter os cavalos muito bem. Todos nós queremos nossos cavalos confortáveis e felizes. São esses cavalos que vão ganhar os melhores prêmios”, valorizou Duarte.

O trato é recompensado não somente com prêmios, mas oferecendo uma companhia única ao cavaleiro, segundo destacou Mário Duarte. “Ele é capaz de fazer as pessoas felizes. Foi muito interessante o que aconteceu com o Covid-19 porque as pessoas precisavam fazer alguma atividade longe de aglomeração de gente. Como os cavalos não têm e não transmitem Covid-19, eles passaram a ser uma excelente opção de convivência. Houve, então, uma busca pelos cavalos para prática do hipismo, do tambor, da baliza, do laço. Houve uma verdadeira busca por essa modalidade de esporte”, analisou o veterinário.

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“Para as crianças, é excelente. Para praticar o esporte, ela precisa se dedicar, ela gasta energia, ela corre menos risco de ser uma criança obesa, ela é obrigada a seguir regras, então ela se acostuma a obedecer ordens, ela fica distante das drogas, já que ela precisa ter bastante contato com os cavalos. Normalmente as competições são aos sábados e domingos, e isso faz com que a criança não fique até tarde na rua. É uma série de benefícios que o cavalo traz sem a gente entrar no assunto de equoterapia, de ajudar crianças e outras pessoas com necessidades especiais, tem as paralimpíadas… Tenho dois amigos com deficiência visual que são ótimos cavaleiros. Então eu acho que o cavalo tem uma função social muito grande”, ressaltou.

A emoção inerente às competição é outra recompensa de tanto cuidado, conforme frisou o treinador. “É muita adrenalina! O proprietário fica na arquibancada, o animal dele está prestes a dar a largada e não tem como não tremer, não chorar, não gritar porque é demais. Vale a pena o investimento porque é muita adrenalina. […] Para nós que trabalhamos também. Quando você perder esse lance da emoção, de ficar nervoso, perde a graça de treinar. Então cada corrida é um nervosismo”, revelou.

“É gratificante porque você fica aqui todos os dias das 4h da manhã até meio dia, depois das 15h às 18h, 19h até 20h, de domingo a domingo ao longo de anos grudado com o bicho e quando abre as portas que o seu animal vem na frente, a emoção é gratificante. Vale a pena!”, garantiu.

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Confira a reportagem completa no vídeo abaixo:

Foto: Reprodução / ABQM