No ano passado já foram registrados recordes de etapas (26), carcaças avaliadas (21,8 mil) e pecuaristas participantes (228). E mesmo em um cenário mais desafiador como o apresentado em 2020, a Associação de Criadores de Nelore do Brasil, que realiza anualmente o Circuito Nelore de Qualidade, não baixou as expectativas – adaptou sua competição para uma nova realidade momentânea e segue com perspectivas de expandir significativamente o maior campeonato de julgamento de carcaças do Brasil e do mundo.
Nesta quarta, 19, o médico veterinário e assessor técnico da ACNB Gustavo Callejon falou ao Giro do Boi sobre o circuito de 2020, que até aqui já realizou 14 etapas com dez mil carcaças avaliadas. A principal mudança para este ano, além da previsão para aumentar o volume de animais avaliados para 25 mil e o número de etapas para 40, está na ferramenta utilizada para o julgamento em si – feito agora de modo remoto por conta da pandemia de Covid-19.
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“Isso aí é uma inovação para a qual nós temos que bater palma para o pessoal da Friboi e da ACNB”, reconheceu Callejon. “Em maio, mais precisamente quando a gente estava para iniciar o circuito lá em Campo Grande-MS, na 1ª etapa, a gente estava num momento de muitas incertezas. A gente não sabia qual seriam os próximos passos, a gente estava no início da pandemia e, se até hoje a gente não tem tantas respostas, imagine lá no comecinho. Foi bem difícil, passou pela cabeça do pessoal cancelar o circuito por conta desse problema mundial. Mas o pessoal da Nelore e da Friboi colocou a cabeça para funcionar e identificou que tinha uma oportunidade, uma chance de poder fazer um negócio diferente. Vamos fazer do limão uma limonada. E foi o que aconteceu. A gente começou a fazer o circuito como um piloto na primeira etapa em Campo Grande”, contou o veterinário.
Callejon recordou quais foram as adaptações feitas para que o circuito começasse a rodar a partir de então. “Todo mundo entrou num consenso e isso foi uma coisa que agradou a todos porque facilitou muito. Tivemos ontem (18/08), por exemplo, um abate em Barra do Garças-MT, com uma adesão incrível dos participantes. Os pecuaristas entram (na sala virtual) para poder assistir o abate, eles podem comentar, conversar com a gente sobre os animais que estão sendo abatidos. A gente reúne muitas pessoas nessa sala de abate, cada um dentro da sua casa, na verdade. A gente faz um trabalho de buscar com as equipes de compra de boi, com as originações, as imagens. Eles já têm as imagens dos abates no seu sistema interno e a gente só reposiciona algumas câmeras, fazendo este trabalho, andando na frente para poder ter as imagens ideais do abate. E quando acontece o abate, é show de bola. A gente tem ali todas as escalas certinhas, todos os animais, as fotos dos currais, até os vídeos dos embarques dos animais na fazenda. Ficou um negócio bem interativo”, caracterizou o especialista.
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Segundo Callejon, a novidade contou com adesão imediata dos produtores. “Deu muito certo, o pecuarista entrou, comprou a ideia e facilitou a nossa vida porque a comunicação ficou excelente. A gente pode ter, num dia de abate, o produtor assistindo os seus animais sendo abatidos dentro do seu escritório, de repente na sua fazenda. Isso facilitou a vida de todos. Foi uma notícia da qual a gente tirou um gosto amargo para fazer um doce, um negócio que apareceu para inovar. […] Uma comodidade total! É uma revolução, eu acredito, porque tem feito muito bem para o pecuarista, o resultado tem sido muito positivo e a gente tem gostado bastante”, celebrou.
De acordo com o técnico responsável pela avaliação, os critérios seguem inalterados conforme programado no início do ano. “Os critérios são os mesmos. Os critérios de avaliação do Circuito são, em primeiro lugar, a raça, em segundo, a idade, o peso, acabamento e volume do lote. Nós conseguimos, com a ajuda dos originadores das unidades Friboi, as imagens. Eles vão até o curral, fazem imagens, a gente então tem aí um raio-x dos animais todos, a gente consegue visualizar os animais no curral, analisar os padrões raciais e as avaliações são feitas por vídeo. A gente vai conferindo as avaliações, conferindo os acabamentos, lembrando que idade, por dentição, na planta frigorífica é o Serviço de Inspeção Federal que passa para a gente. Então quanto a isso ficou tranquilo. O peso a gente pega no romaneio final, ou seja, é show de bola!”, reforçou.
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De acordo com Callejon, a programação para realizar as 40 etapas segue como compromisso das empresas parceiras no Circuito Nelore de Qualidade 2020, salvo motivo de força maior. “Eu acredito que as 40 etapas serão, sim, realizadas. A gente tem esta meta ambiciosa, está como querendo bater recorde mesmo”, confirmou. “Nós até agora tivemos mais de dez mil animais abatidos e a nossa meta é para 25 mil animais no ano. Amanhã temos mais 550 animais lá em Pedra Preta-MT, já está com escala cheia”, animou-se.
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Callejon confirmou ainda que um modelo similar de julgamento será adotado para a Expoinel deste ano, que será realizada na propriedade do Grupo Heringer no Espírito Santo, com os animais in loco na fazenda e o julgamento dos reprodutores feito remotamente.
Confira a entrevista completa com Callejon no vídeo a seguir: