Conforme foram evoluindo os estudos sobre produção agropecuária sustentável, o produtor brasileiro passou a entender como poderia continuar gerando riqueza por meio de sua fazenda sem degradá-la. Mas as propriedades que já estão degradadas por anos de uso de práticas inadequadas, como a monocultura e a falta de fertilização do solo, têm o desafio de serem regeneradas ao passo que produzem como forma de custear todo o processo.
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Nesta terça, 07, o Giro do Boi levou ao ar entrevista com a engenheira florestal e bióloga Paula Costa, especialista em gerenciamento ambiental pela Esalq, que falou sobre uma iniciativa, a empresa Preta Terra, que ajuda produtores a implementarem a agrofloresta em suas propriedades, um sistema de produção inteligente que ajuda o agropecuarista com esta demanda sustentável sob diversos aspectos.
A especialista detalhou o que é o sistema produtivo e seus principais benefícios. “Agrofloresta é um nome diferente, um nome pomposo, mas nada mais é do que a gente colocar árvores nos nossos sistemas produtivos. É um sistema produtivo. Quando a gente fala de agrofloresta, a gente não está falando de recuperar floresta, a gente está falando de produzir. Porém, com árvores no sistema. E quando a gente fala de colocar árvores, sempre a gente busca também uma certa diversidade. A ideia não é ter uma ou duas espécies, é pensar em uma diversidade maior. E aí […] a gente aumenta a resiliência dos nossos sistema produtivos. O que significa resiliência? É a capacidade do sistema de se ajustar, se adaptar, de tolerar distúrbios externos, como estas mudanças climáticas que a gente tem visto ou pragas e doenças que ocorrem com frequência. O sistema acaba se tornando menos suscetível a estes problemas externos. O primeiro (benefícios) que a gente fala é resiliência ambiental. E o segundo, e mais importante para o produtor, que eu diria, é a resiliência econômica. O produtor vai ter mais de um produto. A ideia é você diversificar os seus produtos, a sua produção. É a mesma lógica de você ser um investidor com uma carteira de investimento que você vai colocar em vários fundos, você não vai colocar todo o seu dinheiro em um investimento só, […] isso é muito arriscado. […] É claro que você vai ter um carro-chefe. A pecuária pode ser o carro chefe, mas eu também vou ter talhões para a produção de madeira, ou vou ter talhões para extrair, por exemplo, borracha da seringueira, para ter algumas castanhas… Eu vou diversificar minha produção” explicou.
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“Se a pecuária entra em algum momento de crise, eu tenho aquele equilíbrio provindo das outras culturas. Esta é uma maneira inteligente de a gente pensar nos nossos sistemas produtivos. Não é para ser complicado, é simplesmente pensem em colocar árvores e um pouco mais de diversidade no seus sistemas produtivos”, completou.
Mais do que recuperar sua fazenda junto com o seu principal patrimônio, o solo, o produtor tem benefícios mercadológicos, conforme salientou Paula. “Os consumidores hoje estão buscando um produtor mais consciente, um produtor mais responsável. Eles estão exigindo isso. Então a gente precisa fazer esta conversão. É claro que a gente não quer colocar tudo nas costas do produtor, mas ele precisa começar a se conscientizar e buscar atender certas demandas de mercado”, apontou.
Sua empresa, a Preta Terra, que presta serviços de consultoria, cursos e produção de conteúdos sobre o sistema, busca despertar o interesse no produtor em agrofloresta, um modo viável de disseminar florestas e diversidade dentro das propriedades rurais.
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Como não é um sistema precisamente definido, uma vez que varia conforme a configuração da propriedade rural, o custo de implementação também é variável. Para saber os detalhes da iniciativa e as etapas a serem seguidas, a bióloga e engenheira florestal colocou os contatos da companhia à disposição pelo site pretaterra.com/contato. “A Preta Terra é uma iniciativa que auxilia o produtor a planejar o sistema produtivo de maneira sistematizada”, justificou.
Paula frisou que a agrofloresta é compatível com qualquer atividade e com qualquer bioma e não só do Brasil, como de todo o mundo, citando ainda projetos implementados em outros países. Veja a entrevista completa de Paula Costa ao Giro do Boi no vídeo abaixo:
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Foto: Reprodução / Preta Terra