Barragens subterrâneas transformam a vida de produtores do Semiárido

Custo da estrutura varia de R$ 3.000 a R$ 5.000 e viabiliza tanto a produção agrícola como subsistência em meio à seca

No último episódio da série especial Embrapa em Ação gravada na unidade Solos, localizada no Jardim Botânico dentro da capital Rio de Janeiro, a reportagem elencou alguns dos impactos econômicos, sociais e ambientais da construção de barragens subterrâneas em produtores com propriedades no Semiárido do Nordeste brasileiro.

“Eu estive em campo em Alagoas, também no Semiárido de Pernambuco, da Paraíba. A gente pode ver de fato a mudança na vida dos agricultores, na vida dos produtores rurais. A gente vê de fato que era uma situação muito complicada antes, uma situação de seca, uma seca muito pesada, muito severa. E a barragem subterrânea de fato promoveu mudanças nas vidas destas pessoas. A gente vê que a água, que é um recurso essencial tão caro à nossa vida e à nossa produção, era muito escassa e as barragens subterrâneas, de fato, proveram este recursos aos produtores”, revelou o mestre e doutor em engenharia de produção Igor Dias, analista da Embrapa Solos, em depoimento à reportagem do Giro do Boi.

Igor Dias disse que a intenção de Embrapa com as pesquisas acerca das barragens subterrâneas buscam a expansão de pelo menos mais 50 unidades pelo Semiárido através de um programa de zoneamento que identifique as áreas em que as estruturas podem ser montadas.

Além de beneficiar a produção agrícola, as barragens também servem à subsistência dos produtores, conforme apontou o engenheiro agrônomo e mestre em agronomia Cláudio Capeche, pesquisador da Embrapa Solos.

“Aqui no Brasil começou (a ser instalada) mais fortemente nos últimos 20 ou 30 anos. Ela consiste em ser mais uma tecnologia de convivência com a seca. Existem outras tecnologias, mas a barragem subterrânea é a que promove um melhor armazenamento da disponibilidade de água para o homem do campo, para poder atender tantos as necessidades de subsistência quanto a parte econômica também, gerando renda. […] Além do agricultor plantar tanto as culturas perenes, frutíferas, principalmente, quanto as hortaliças, arroz, feijão e o que for, ele utiliza o lençol freático, essa umidade que está no interior do solo e ele ainda pode abrir um poço que vai retirar água e poder utilizar na dessedentação dos seus animais, o próprio uso de sua residência, além de irrigação de pequenas culturas”, explicou.

Capeche detalhou em que consiste a tecnologia, que pode ser instalada por um custo relativamente baixo, entre R$ 3.000,00 a R$ 5.000,00 por barragem. “Ela consiste em se aproveitar o caminho que a água faz no período chuvoso, na região do Semiárido, que pode ser um rio temporário ou um caminho natural da água, uma descida no terreno, onde se faz uma canaleta perpendicular neste sentido, até uma profundidade de quatro metros buscando uma camada compactada impermeável do solo. Depois é colocada uma lona na parte frontal desta canaleta, uma lona plástica de 200 micras e que, em seguida, é recoberta com a terra, e é formado um murundu. É como se fosse uma barragem natural, só que a água fica armazenada no interior do solo. A água que vem pelo rio ou que infiltra da chuva é armazenada no interior do solo, então isso reduz bastante a sua evaporação”, detalhou.

Confira a temporada completa da série Embrapa em Ação – especial Solos