O Bioma Amazônico do nortão do Mato Grosso apresenta seus obstáculos para a geração de riqueza por meio da pecuária, como as estradas cortadas pelos inúmeros rios da região. Para superar as dificuldades e escoar produção pecuária, o transporte boiadeiro fez suas adaptações para encurtar as distâncias e possibilitar a comercialização de gado sem prejudicar o bem-estar animal. No quadro Giro na Estrada desta sexta, 05, o tema foi abordado destacando a etapa da logística que usa as balsas para as carretas atravessarem as águas.
“Nós temos aqui na região quatro rios grandes, o Rio Juruena, o Teles Pires, o Apiacás e o Paranaíta. Inclusive o Rio Juruena e o Teles Pires, a confluência deles forma o Rio Tapajós, que é entrando para o lado do Pará. E nós temos aqui na região 11 balsas em operação, sendo nove delas somente no Rio Teles Pires, então realmente a demanda de balsa é muito grande”, disse o supervisor de transporte boiadeiro da TRP para a unidade Friboi de Alta Floresta, Daniel Garcia Gomes.
“A balsa do Rio Juruena que é a maior travessia que a gente faz aqui. Eles têm horários específicos, são somente quatro horários por dia, duas de manhã e duas à tarde. Agora as outras balsas de pequeno porte, quando a gente chega na beira do rio, se eles estiverem do outro lado eles vêm e buscam a carreta. Mas a do Rio Juruena, esta tem horários, por isso a gente tem que fazer uma programação para poder chegar no horário certo da balsa”, revelou Gomes.
Nestes casos, aumenta a importância de programar o transporte com os pecuaristas que têm fazendas nesta região para que o bem-estar animal não seja prejudicado, diminuindo o tempo de viagem da carga. “A travessia do Rio Juruena é a mais longa que nós temos aqui, realmente. Ela dura entre quarenta minutos a uma hora. Agora as outras aqui são curtas”, informou. “Com o gado dentro das carretas, entre as prioridades da transportadora está o bem-estar animal. A gente tem que fazer o transporte cronometrado certinho para que a carne chegue ao mercado de consumo, aos consumidores, sendo uma carne de boa qualidade”, reforçou Daniel.
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Uma vez que as carretas chegam à beira do rio e estão prontas para subir na balsa, a responsabilidade do embarque passa a ser do comandante da balsa, um profissional habilitado pela Marinha do Brasil. É ele quem define o posicionamento correto da carreta para equilibrar a embarcação para fazer a travessia com segurança.
“O embarque na balsa é de responsabilidade todinha do comandante. Ele que tem uma logística para colocar as carretas dentro da balsa, controlar peso, essas coisas, para evitar tombamento ou evitar que uma carreta possa cair no rio. Então no embarque e no desembarque o comandante da balsa que coordena, e onde tem que ser colocada a carreta para evitar algum tipo de problema”, detalhou.
As embarcações são periodicamente verificadas pela Marinha do Brasil para que estejam aptas para a função. Garcia disse também que na época das chuvas, quando os rios estão mais cheios, as maior parte das balsas de pequeno porte deixa de operar, e é quando as carretas percorrem trechos mais longos.
“Quando chega a época da chuva mesmo, as bolsas de pequeno porte às vezes estão interditadas porque devido à região ser muito plana, quando chove a água transborda dos rios, não tem como a gente acessar as balsas. Essas pequenas praticamente param na época da chuva, aí nós temos que fazer uma viagem mais longa porque a balsa, a utilidade dela, é cortar caminho, então quando as balsas não funcionam, o nosso raio fica muito grande porque nós temos que dar a volta”, confirmou.
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Veja mais imagens das travessias das carretas nas balsas e a entrevista completa com Daniel Garcia Gomes: