No Campo Experimental Santa Mônica, em Valença, no estado do Rio de Janeiro, um projeto de pesquisa desenvolvido em parceria entre a Embrapa Gado de Leite e a Embrapa Solos está listando e se beneficiando de todas as vantagens que os sistemas integrados, em suas variações, levam à pecuária, sobretudo a leiteira.
O Campo Experimental Santa Mônica, na Região Serrana do RJ, foi incorporado à Embrapa Gado de Leite em 1978. Na época, era uma das mais importantes fazendas do ciclo do café no País e a última morada de Duque de Caxias, patrono do Exército Brasileiro. O casarão foi construído no início do Século XIX e é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Iphan. A parceria entre essas duas unidades da Embrapa avalia o “manejo de solo e pastagens em áreas de morraria em sistema de integração”, justamente como são as áreas do Parque Estadual da Serra da Concórdia, onde está localizada a fazenda. O sistema contempla pasto, milho e eucalipto.
De lá, o pesquisador da Embrapa Gado de Leite Carlos Martins, agrônomo, mestre em fitotecnia e doutor em agronomia, falou sobre estas vantagens dos sistemas integrados, sejam ILP (integração lavoura-pecuária), IPF (integração pecuária-floresta), ilp (integração lavoura-floresta) e a ILPF (integração lavoura-pecuária-floresta), começando por aqueles que têm o componente árvore. Ele concedeu entrevista à equipe de reportagem do Giro do Boi para episódio da série especial Embrapa em Ação exibido nesta sexta, 15.
“Primeiro seu sistema radicular traz benefícios para o solo. Segundo, a presença da árvores trazendo sombra beneficiando o animal do ponto de vista de seu comportamento, seja ele produtivo ou reprodutivo. E terceiro é a possibilidade de agregar valor, agregar renda ao sistema utilizando este componente florestal, no caso o eucalipto. Como na produção que pode ser feita dentro da própria propriedade de mourões de cerca, que é um problema sério hoje, além de caro. Nós podemos utilizar como alternativa para produção de madeira serrada, para recuperação de áreas de curral, recuperação de porteiras, recuperação de telhados, tanto na produção de linhas de caibros, de ripas, ou quem sabe também utilizá-lo como produto de lenha direta, consumo direto desta lenha e alternativa de produção de carvão”, elencou o pesquisador.
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“Quando nós temos o componente lavoura no sistema, […] nós temos adotado o seguinte critério: plantar no mesmo dia – normalmente de fim de outubro, início de novembro aqui para a Região Sudeste por causa da época chuvosa – o milho e a pastagem. No caso, a braquiária. Quando nós estamos mais ou menos no final do mês de janeiro, inicio do mês de fevereiro, esse milho está no ponto de ser ensilado. Ele vai ser ensilado, […] se tudo der certo, a gente vai conseguir produtividades na taxa de 50, 55, 60 toneladas de material ensilado por hectare. Uma vez retirado esse milho, 15 dias depois a gente tem preconizado a primeira adubação de cobertura do recurso forrageiro que ficou após a colheita do milho, de sorte que esse recurso forrageiro, no nosso caso aqui, nós estamos utilizando Brachiaria brizantha cv. Marandu. Dois meses depois, esse capim está produzindo em torno de 35 a 40 toneladas de massa verde (*). Ela pode ser ensilada, aumentando a quantidade de reserva para a época seca do ano em termo de volumoso ou pode ser utilizado diretamente em condição de pastejo. E aí nós vamos ter esse sistema utilizado em vacas em lactação ou outra categorias de animais até setembro e outubro, quando o sistema se refaz”, acrescentou Martins.
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O pesquisador destacou que os estudos inclusive comprovaram que estes sistemas podem ser usados em áreas declivosas, como as de mares de morros, comuns no Sudeste brasileiro.
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Mais informações sobre o estudo dos benefícios dos sistemas integrados na pecuária de leite podem ser obtidas pelo e-mail [email protected].
Veja a reportagem completa da série Embrapa em Ação no vídeo abaixo:
Foto: Gabriel Rezende / Reprodução Embrapa
* Correção feita às 17h15.