Como planejar o uso de um dos recursos mais essenciais para uma fazenda de gado de corte – o pasto? Em reportagem exibida nesta segunda, 13, a engenheira agrônoma, mestre e doutora em ciência animal e pastagens Patrícia Menezes Santos, pesquisadora da Embrapa Pecuária Sudeste, montou um passo a passo para o pecuarista que deseja estar em sintonia com a chamada estacionalidade da produção forrageira, evitando tanto a degradação das áreas quanto a falta de alimento para o gado.
“Isso que a gente chama de estacionalidade de produção, quer dizer, você tem uma produção maior no período quente que chove e uma produção menor no período que é frio e que chove menos. Equilibrar isto é o grande desafio, então tem uma série de ferramentas que você pode usar para equilibrar essa produção de forragem e alimentar o rebanho o ano todo”, disse a pesquisadora.
São ao menos sete etapas para construir um bom planejamento forrageiro:
– Compreender as características da sua fazenda tendo como com base informações sobre seu clima, sua localização e o tipo, ou os tipos de solo que estão disponíveis na propriedade;
– Definir para quais atividades o pasto será utilizado: ciclo completo, cria, recria ou engorda;
– Projetar a variação do tamanho do rebanho ao longo do ano, ou durante a safra;
– Estimar o volume necessário de forrageira para a demanda deste rebanho, e incluir também as variações de demanda para combinar com a oferta;
– Extrapolar este planejamento para todas as áreas da fazenda;
– Entender as características de cada capim para a área certa, afinal variedades diferentes têm respostas diferentes para fertilidades distintas, acidez de solo, maior ou menos suscetibilidade a uma praga específica, por exemplo. “Uma das causas de degradação é você plantar o capim no lugar errado. Cada capim vai ter uma exigência em termos de manejo, de fertilidade, de clima. E se você planta ele no lugar errado e usa ele da forma inadequada, a tendência é que ele não permaneça no espaço, ele acaba se degradando”, avisou Menezes.
– Defina uma periodicidade e revise regularmente o planejamento, ou então revise toda vez que surgir uma mudança no sistema, como a oportunidade de vender ou comprar lotes, algo que não estava no “roteiro” desde o princípio;
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Mais do que evitar áreas degradadas dentro da fazenda, compreender como funciona a dinâmica de oferta e demanda de pasto evita também a falta de alimento para os animais e o conhecido “efeito sanfona” que vem junto com a seca. Isto porque sabendo que a oferta pode ficar desfalcada, o produtor pode saber desde o início das águas se terá que adubar ou vedar áreas, plantar cana ou comprar insumos para uma ração que sirva como suplementação ao pasto menos nutritivo. “E aí você combina a demanda do rebanho que você está projetando para frente com estas alternativas para conseguir alimentar o rebanho durante o ano todo, sem atropelo, sem sufoco”, finalizou.
Assista à reportagem que foi ao ar originalmente pela série Embraça em Ação no vídeo abaixo: