Hospital de Amor alerta para queda das doações em período crítico

Diretor clínico do hospital explicou que cuidados com pacientes com câncer precisam ser redobrados por conta do sistema imunológico enfraquecido

Em entrevista ao Giro do Boi nesta sexta, dia 03, o médico infectologista e diretor clínico do Hospital de Amor, doutor Paulo de Tarso, fez um alerta e um pedido de ajuda por conta da redução drástica das doações à instituição em meio ao período crítico da pandemia de Covid-19, justamente quando os cuidados com pacientes com câncer precisa ser ainda maior.

A entidade, que trabalha com um déficit mensal de cerca de R$ 30 milhões entre o repasse do SUS e o gasto total, viu as doações despencarem por conta de que muitas das iniciativas, como leilões de gado, shows e ações entre amigos, foram suspensas ou canceladas por conta da quarentena instituída na tentativa de conter o avanço do coronavírus.

Também as contribuições vindas dos títulos de capitalização Hiper Saúde, disponível na região de Ribeirão Preto-SP, e do Saúde Cap, de São José do Rio Preto-SP, responsáveis por uma arrecadação que varia de R$ 2,5 a R$ 3 milhões todos os meses, sofreram redução expressiva.

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“Infelizmente neste momento as doações caíram muito e isto nos preocupa bastante porque é um risco enorme, o hospital, como todos sabem, sobrevive graças à colaboração de todos, desde o mais simples, o mais humilde, até as pessoas que têm mais posses. É muito importante para que nós mantenhamos as portas abertas que as doações continuem, porque principalmente depois desta crise do Covid-19, com certeza nós vamos precisar muito mais do que já estamos precisando”, pediu o diretor.

Veja aqui todas as formas de doar ao Hospital de Amor

As doações se fazem ainda mais necessárias para o hospital por conta do reforço no tratamento dos pacientes com câncer, que estão na faixa de risco para a infecção com coronavírus. “O que mais nos preocupa é que os nossos pacientes em tratamento com quimio e radioterapia têm o seus sistemas de defesa enfraquecidos e isso pode fazer com que a doença seja um pouco mais grave nestes pacientes. Então todas estas recomendações de cuidados, de higiene pessoal, cuidados na reclusão, no afastamento social, elas são muito importantes. Reforço que não só os pacientes, mas todos os familiares que estão convivendo com estes pacientes devem ter os mesmos cuidados para protegê-los, para não levar o vírus da rua para dentro de casa”, explicou.

O hospital já tomou medidas consideradas drásticas na forma de tratar os pacientes, como reduzir ou até mesmo proibir visitas e permanência de acompanhantes, exceto em casos de direito por lei, como crianças e idosos. O contato com entes queridos é visto pela entidade como um ponto importante da terapia, que humaniza todo o tratamento e anima os pacientes que buscam cura, por isso não foi uma decisão fácil.

Tarso enviou um recado especial para os integrantes das cadeias produtivas do agronegócio para que os eventos que normalmente ajudam o Hospital de Amor, como os leilões, possam ser retomados, ainda que de forma virtual. “Ficamos felizes por poder falar com o pessoal do agronegócio porque este pessoal é um grande parceiro do hospital, tem sempre nos apoiado. É extremamente importante nós estarmos colocando a situação atual que estamos vivendo, com a queda das doações, e tenho certeza que o pessoal vai se unir, vai promover, como você sugeriu, leilões virtuais e vai continuar nos ajudando”, pressupôs.

O AGRO CONTRA O CÂNCER: baixe o termo de adesão e faça parte da campanha

O médico comentou campanha #MomentoDeAmar, recentemente lançada pelo Hospital de Amor, que facilita a doação de materiais específicos para a contenção da Covid-19, como luvas cirúrgicas, álcool em gel e máscaras respiratórias. As contribuições podem ser feitas pelo site: hospitaldeamor.com.br/corona. Veja abaixo o vídeo da campanha:

 

O diretor do Hospital de Amor fez um pedido especial à população de forma geral, a de que quem não tiver problemas com o convívio social, como aqueles que não estão na faixa de risco para a contaminação por coronavírus, que evitem usar máscara cirúrgica e passem a usar a máscara de pano, conforme recomendações do Ministério da Saúde e Anvisa, e evitem também as luvas cirúrgicas para que os profissionais da saúde, que mais precisam destes materiais, não sofram com a escassez e inflação dos preços.

Ainda em sua entrevistas, Tarso reforçou os cuidados que as pessoas devem ter para evitar contaminação, com destaque para eficiência do detergente na lavagem das mãos: evitar aglomerações; evitar levar a mão à boca, olhos e nariz e, se for levar, sempre higienizar antes; se puder, ficar recolhido em casa; em caso de sintomas, manter-se afastado das pessoas a uma distância segura de dois metros; caso vá tossir ou espirrar, proteger o rosto com a parte interna do cotovelo e depois higienizar com lavagem, papel higiênico ou toalha, que devem ser descartados ou lavados; nas zonas rurais, onde poder ser mais difícil encontrar álcool em gel, água e sabão são tão efetivos quanto ao eliminar vírus e bactérias, assim como o sabão em barra e detergente, que é até mais apropriado do que o sabão em barra.

Veja a entrevista completa com o médico infectologista e diretor clínico do Hospital de Amor, Paulo de Tarso:

 

Foto: Reprodução / Hospital de Amor