Nesta sexta, 13, o Giro do Boi exibiu o quinto episódio da série especial “Cupim, sabor de Nelore”, que faz uma homenagem à raça mãe rebanho bovino brasileiro, responsável por até 80% de sua composição. Desta vez, o violeiro Yassir Chediak, e os mestres churrasqueiros Fred Paim e Júlia Carvalho receberam para um bate-papo a zootecnista Juliana Ferragute, gerente de produto corte da Genex, empresa brasileira da biotecnologia reprodutiva para bovinos.
“A gente tem a primeira mãozinha, que é a da genética. Muitas vezes ela é um pouco esquecida, o pecuarista está sempre muito preocupado com a nutrição ou com a sanidade dos animais, e a gente precisa pensar que é um tripé, que pra gente ter sucesso a gente precisa trazer tudo: o manejo, a nutrição, a genética para a gente ter o melhor potencial, a melhor produtividade”, destacou a zootecnista.
A mestra churrasqueira Júlia Carvalho reforçou a importância do foco na cria para qualidade final de seu próprio trabalho. “A gente sempre soube a importância. Começa tudo ali, desde a genética, da barriga da mãe do bezerro para a gente ter um produto final de qualidade para conseguir fazer uma entrega de churrasco excelente, trabalhando tudo junto”, frisou Júlia, que é filha de um médico veterinário.
+ Programação fetal e nascimento de bezerros do cedo aumentam rentabilidade do criador
+ Vaca que sofreu estresse não transmite suas qualidades para a cria
+ Quais os impactos da eficiência alimentar das vacas em seus bezerros?
Ferragute explicou sua visão sobre como a mudança de comportamento do consumidor, que passou a identificar marcas e cortes específicos para ocasiões diversas, está transformando a pecuária de corte.
“A genética, que é o meu trabalho, ele está bem no comecinho do processo, mas quem manda neste processo todo é o consumidor. Ele fala pra gente o que ele quer comer, como ele quer comer e isso vai passando. Passa para a indústria, para o recriador e isto chega na cria, que é onde a gente pode fazer a mudança genética. Então esta mudança do comportamento do consumidor está fazendo toda a diferença na cadeia como um todo”, sustentou.
Um exemplo prático da revolução provocada por esta nova dinâmica está na evolução da própria raça Nelore, conforme ilustrou Ferragute. “Hoje a gente consegue ter fêmeas Nelore emprenhando com 14 meses, coisa que não se falava antigamente. A gente consegue ter animais de 20 arrobas com 20 meses sendo abatidos”, completou.
O melhoramento da raça foi confirmado pelos números do balanço geral do Circuito Nelore de Qualidade 2019, uma série de abates técnicos feita pela ACNB, a Associação dos Criadores de Nelore do Brasil, que compara avalia as carcaças da raça produzidas por pecuaristas de todo o Brasil. No ano passado, das mais de 17,9 mil carcaças de machos processadas no circuito, 85,3% eram de animais abatidos com até 4 dentes. O peso médio dos machos foi 21@ e 48,5% registraram gordura mediana e uniforme. Já na categoria fêmeas, uma novidade do circuito para 2019, das quase 4 mil carcaças avaliadas 78,6% eram de novilhas com até 2 dentes. O peso médio registrado foi de 15@ e 71,2% da categoria marcou gordura mediana e uniforme.
+ Qual é o perfil do touro moderno para gado de corte?
+ Melhoramento genético do Nelore chega ao bife na mesa dos brasileiros
Ao fim de sua participação no quadro especial, a zootecnista experimentou um “smoked cupim”, feito no defumador para aproveitar a fumaça como tempero. O corte foi acompanhado por um arroz jambalaya, uma espécie de versão americana do nosso arroz carreteiro.
+ O que é american BBQ e por que ele está cada vez mais popular no Brasil?
“E vamos tentar produzir cada dia mais Nelore bom para a gente ter não só o cupim, mas todas as outras carnes de Nelore preparadas de todos os outros jeitos. Eu tenho certeza que vai entrar em todas as mesas gourmet”, concluiu Ferragute.
Veja o 5º episódio da série “Cupim, sabor de Nelore” pelo vídeo abaixo: