Saiba quais são os três maiores gargalos do manejo de solos do Brasil

Confira o primeiro episódio da nova temporada da série Embrapa em Ação, gravada na sede do Centro Nacional de Pesquisa de Solos, no Rio de Janeiro-RJ

Estreou nesta quinta-feira, dia 12, uma nova temporada da série especial Embrapa em Ação, em que a equipe de reportagem do Giro do Boi mostra os mais relevantes projetos de pesquisa da instituição Brasil afora. Até então, já foram visitadas as unidades Gado de Corte (Campo Grande-MS), Agrossilvipastoril (Sinop-MT), Pecuária Sudeste (São Carlos-SP), Meio Ambiente (Jaguariúna-SP) e Informática Agropecuária e Territorial (ambas em Campinas-SP). Desta vez, as atenções estão voltadas para o Centro Nacional de Pesquisa de Solos, ou simplesmente Embrapa Solos, localizada no Rio de Janeiro, capital, junto ao Jardim Botânico da Cidade Maravilhosa.

A unidade está instalada no local desde 1973, mas a história do edifício começa muito antes do que isto, nos tempos em que era a sede do Serviço Nacional de Classificação de Solos. Segundo a chefe geral da unidade, Petula Nascimento, era ali mesmo que ocorriam as análises de solo na região do Jardim Botânico ‘desde a época de Dom Pedro’.

Em entrevista ao Giro do Boi, Petula explicou como está formada a rede de pesquisadores parceiros, que conta com representantes em diversas outras unidades da Embrapa espalhadas pelo Brasil. A rede foi estruturada com este formato não ao acaso, dada a importância do solo para a prática de toda e qualquer atividade agropecuária.

“É um trabalho que a gente tem que fazer frequentemente porque muitas vezes a gente fala em produtividade, em qualidade da carne, da soja, do milho, mas a gente esquece um pouco da base, de como isto acontece. Isto acontece porque você tem um solo adequado, um solo bem manejado, um solo que a gente está trabalhando ele de forma adequada”, valorizou a chefe geral da Embrapa Solos.

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O chefe adjunto de pesquisa da unidade, Daniel Perez, acrescentou que os solos são relevantes não somente dentro do setor, mas para diversas outras áreas relevantes para a geração de riquezas do país, como a engenharia. “Qualquer informação de solos não serve só para o produtor. Por exemplo, nós temos na questão de vários estados que os levantamentos de solos foram usados para nortear aonde ia construir uma estrada ou mesmo aonde ia se colocar um determinado tipo de dique. Porque se você não conhece o solo, você corre o risco de cometer graves erros e aí você colocando uma estrada, por exemplo, em um solo indevido, você pode aumentar erosão na região” alertou

Perez também ressaltou um outro aspecto muito relevante do solo: o da cultura. “O solo também tem uma função cultural porque queira ou não queira, a nossa herança cultural se encontra no solo. Quando nós falamos em arqueologia, no final, a gente está falando de uma exploração do solo de uma determinada região”, explicou. Perez usou como exemplo a descoberta da terra preta, segundo o pesquisador, de uma “qualidade ímpar” e que foi usado por um ainda desconhecido povo indígena que habitou a região amazônica, com raízes diferentes daqueles que estão lá hoje. Nos últimos 15 anos, o tipo de solo, sua origem e composição estão sendo estudados pela Embrapa Solos, conforme revelou Daniel.

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Já especificamente para a agropecuária brasileira, o solo tem seus pontos de atenção para que permita ao setor exprimir todo seu potencial, conforme contou a chefe geral Petula Nascimento. “Este ano a Embrapa Solos resolveu fazer um trabalho de maior conscientização do grande problema do Brasil, que é erosão. […] É um dos grandes gargalos. […] A questão do manejo e conservação adequados, principalmente quando a gente está próximo a microbacias, […] então a gente precisa trabalhar melhor o manejo e conservação do solo em microbacia. […] E o outro (gargalo) é questão de fertilidade de solo, que também é um custo muito alto para a agricultura brasileira e como é que a gente pode fazer isto de uma forma com custo menor, de uma forma mais qualificada em que a ciência pode estar provendo informações e fazendo com que o produtor realmente consiga fazer o manejo mais claro sobre este capital que para ele é tão importante”, classificou Petula.

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Veja a primeira reportagem da nova temporada da série Embrapa em Ação na íntegra pelo vídeo abaixo:

 

Foto: Agência de Notícias / Embrapa