“Mãos à obra! Vamos começar a fazer o nosso preparo de solo”, disse o agrônomo Wagner Pires, pós-graduado em pastagens pela Esalq-USP e consultor do Circuito da Pecuária em mais um episódio do quadro “Pastagem de A a Z”. O especialista indicou um passo a passo para o pecuarista acertar neste manejo para que tenha piquetes altamente produtivos. Veja abaixo:
1 – Época ideal para realizar o preparo do solo: “Quando vamos fazer isto? Nós temos duas opções: nós podemos iniciar o nosso preparo de solo, nossa dessecação e o calcário ainda no final da época das chuvas e terminar o preparo no início das (próximas) chuvas. Isso é muito bom porque o solo vai ficar exposto ao sol, ao tempo seco, durante 60 dias aproximadamente ou mais um pouco. Isto ajuda toda e qualquer invasora que começar a nascer, a germinar, vai morrer com o sol, então a probabilidade de você ter uma ‘reinfestação’ é menor. Caso isso não seja possível, você deverá iniciar o preparo de solo assim que tenha umidade no solo suficiente para começar a cortar este terreno com a grade intermediária ou a grade pesada”.
2 – Dessecação: deve ser feita com um herbicida dessecante, um glifosato, e quem quer fazer a troca da espécie forrageira não deve pular a etapa. “Isso não é custo porque você vai ter a certeza de que toda aquela população morreu”, reforçou. Sua decomposição servirá, inclusive, como adubo para o solo;
3 – Calagem: “Não jogue calcário a olho. Existe toda uma recomendação. Na análise de solo, existe um relação que nós chamamos de relação cálcio x magnésio. Ela tem que ser 3 x 1. Dependendo de como estiver o seu solo, vamos recomendar a você um calcítico, um magnesiano ou dolomítico. E a dosagem sempre vai ser feita para 20 cm. O calcário penetra muito lentamente no solo e ele deverá ser incorporado pela grade”, detalhou.
4 – Gradagem: “Ao tombar, ela vai jogar para baixo, para dentro da terra, todo aquele banco de sementes de invasoras que existia e de outras gramíneas. Então é fundamental que passemos a grade. Muitas vezes nós vamos passar a grade pesada, depois a gente vem para intermediária. E, às vezes, vai ser necessária que a gente faça duas mãos de grade. Podemos aí fazer ela cruzada para dar um melhor destorroamento do seu solo”.
5 – Adubação: “No final, vamos jogar o adubo, vamos incorporar o adubo de plantio e vamos passar a grade niveladora para fazer o acabamento”, simplificou.
6 – “Não se esqueça de fazer a conservação do solo. […] Um dos grandes motivos da degradação da pastagem é justamente a erosão, é o problema de carrear e levar terra para as nascentes e para os rios e córregos. Então tudo isso nós podemos evitar se fizermos conservação do solo, construirmos curvas de nível direitinho ou um terraço. E lembro a você que é fundamental que esta conservação seja bem feita porque o boi caminha muito na pastagem e ele, com o tempo, vai estragando esta curva de nível, vai degradando. Nós temos que fazer com que a água da chuva não corra lá para a nascente e, sim, que penetre no solo e vá alimentar as nascentes. É diferente”.
6 – Preparo de solo em áreas inclinadas: “Você deve fazer o preparo de solo mínimo. […] Você faz a dessecação de toda a área, mata a vegetação que estava ali e você vai passar somente uma grade cortando e dando uma mexida no terreno e entra fazendo o plantio no meio daquela palhada que ali está. Isso vai ser o suficiente para você ter uma boa formação. Evite de fazer o preparo de solo como nós falamos de morro abaixo, soltar o trator lá em cima e vai até embaixo, isso aí acaba provocando muitas erosões”.
7 – Preparo de solo em várzeas: “Este preparo de solo você deve fazer ainda no período da seca porque quando chegar a primeira ou a segunda chuva você não terá tempo de fazer o preparo de solo. E aí é só você entrar jogando a semente e plantando”.
Pires ressaltou que fazer o preparo do solo é a única forma de atingir os objetivos da formação da pastagem, afinal, a semente de forrageira é pequena e possui poucas reservas, por isso não tolera muitas condições adversas.
Veja as explicações completas no vídeo abaixo: