Na comparação com o sistema solteiro tradicional, os piquetes dos sistemas integrados entre pecuária e floresta têm mais sombreamento. Por isso, pesquisadores em bovinocultura da Embrapa tiveram uma dúvida para responder antes de recomendar a adoção destes tipos de sistemas. As áreas sombreadas, que têm condições distintas de temperatura e umidade, poderiam favorecer também a proliferação de parasitas?
Em reportagem para a série Embrapa em Ação gravada na unidade Agrossilvipastoril da instituição de pesquisa, em Sinop-MT, o Giro do Boi conversou sobre o tema com o médico veterinário, mestre em veterinária preventiva e imunologia e doutor em ciência animal com ênfase em epidemiologia e doenças infecciosas, Luciano Lopes.
O pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril detalhou o estudo. “A gente tinha uma expectativa no início do projeto de encontrar nessas áreas sombreadas, nestas pastagens, um número maior de parasitas. Estas áreas seriam um fator de risco para ocorrência de parasitose […] e a gente olhou por um ano essa incidência destas larvas nestas áreas de pastagens e realmente a gente encontrou no sistema silvipastoril uma incidência maior destas larvas. Já aqui neste projeto a gente avaliou o ciclo realmente da produção desses animais Nelore, fizemos um acompanhamento por dois anos desses animais avaliando a fase parasitária, não fase larval de vida livre, então a gente viu o ganho de peso desses animais comparando os dois sistemas e a ocorrência da parasitose por contagem de ovos por grama de fezes nesses animais”, disse Lopes, apresentando o projeto de pesquisa.
E apesar da incidência maior das larvas encontradas nas pastagens em experimento anterior, a situação não teve impacto no desempenho dos animais. “O que a gente viu é que as contagens basicamente são as mesmas. Do ponto de vista estatístico são iguais, são semelhantes, não tem diferença entre os sistemas. O ganho de peso também não teve alteração, não teve nem ganho nem perda, o que demonstra que, apesar desta possibilidade de uma contaminação maior nas áreas de pastejo sombreado, os animais conseguem compensar de alguma forma e a gente não viu grande diferença”, tranquilizou o veterinário.
“A validação destes sistemas é justamente isso, eu não preciso alterar o meu manejo com base no sistema convencional pro silvipastoril do ponto de vista parasitário – com base nos resultados que a gente tem nas condições regionais do Mato Grosso, ou seja, condições climáticas e condições do Nelore”, concluiu o pesquisador. Segundo Luciano, resultados semelhantes foram obtidos inclusive introduzindo o sangue europeu no sistema de produção, como em estudo conduzido na Embrapa Pecuária Sudeste com a raça composta Canchim.
Veja a entrevista completa com o veterinário e pesquisador da Embrapa Luciano Lopes no player: