“Fazer pecuária hoje não é tão simples quanto antigamente. Antigamente só íamos olhando pra frente e não olhávamos para trás e não analisávamos os nossos erros. Hoje é fundamental corrigirmos as deficiências, corrigir os erros e ter uma pecuária mais produtiva, mais sustentável mais equilibrada para entregar para as futuras gerações”, disse no primeiro episódio do quadro Pastagem de A a Z o engenheiro agrônomo, pós-graduado em pastagens pela Esalq-USP e consultor do Circuito da Pecuária Wagner Pires, autor do livro “Pastagem Sustentável de A a Z”.
Pires explicou que a pecuária foi uma das principais atividades econômicas responsáveis pela colonização do país, levando desenvolvimento a fronteiras mais distantes. Mas com a mudança do cenário, mais recentemente a bovinocultura de corte passou a ser pressionada por outras atividades. “Nós já entregamos para a agricultura 14 milhões de hectares de pastagens e, até o ano de 2028, ou seja, praticamente dentro de dez anos, vamos entregar mais 10 milhões. É muita área que nós estamos perdendo, entre aspas, para a agricultura. Porém o rebanho nacional está aumentando, o tempo de abate está diminuindo e isso tudo nós conseguimos com sustentabilidade”, aprovou o consultor.
Por isso, cada vez mais, o produtor deve ser eficiente em todos os seus níveis de produção, em todas as fases da pecuária. E como o principal diferencial da pecuária do Brasil é o potencial da criação a pasto, cuidar das forrageiras é etapa fundamental. “Então vamos fazer análise de solo, vamos fazer calagem para corrigir a acidez. A maior parte dos solos brasileiros é ácida e isso acaba prejudicando a pastagem. Falta de fósforo, nitrogênio, potássio… Tudo isso nós temos que seguir uma escala de produção. O gado caminha muito no pasto e é essencial fazer conservação de solo, curvas de nível, terraços, fazer boas divisões na pastagem para evitar que o gado fique caminhando e degradando o seu pasto, principalmente se ele estiver numa região bastante inclinada, como nós temos algumas no Brasil”, recomendou.
“Os solos do Brasil são muito pobres em termos de fertilidade, infelizmente. É raro encontrar áreas com bons níveis de fósforo, então nós temos que fazer e ir construindo uma fertilidade melhor nas nossas propriedades”, informou.
Cuidar das pastagens e, consequentemente, da produtividade da pecuária de corte no Brasil se tornou inclusive, questão de segurança alimentar, já que o país será um dos principais responsáveis por alimentar uma demanda crescente por proteína animal de uma população que deve chegar, até 2050, a 9 bilhões de pessoas em todo o mundo. “O Brasil tem a maior área de pastagem do mundo para produzir alimento para esta população. Outro ponto importante: o PIB mundial, o ganho da população está aumentando. Mas quando qualquer pessoa ganha mais, a primeira coisa que faz é botar mais comida na mesa para a sua família, então existe tendência de que nós vamos precisar produzir mais carne, mais alimento e o Brasil é o responsável por essa lição”, salientou.
Veja pelo vídeo abaixo o primeiro episódio completo da série Pastagem de A a Z: