As suspeitas dão conta de que a espécie foi introduzida no Brasil por sementes em maquinários importados dos Estados Unidos e espalhou-se no estado do Mato Grosso, prejudicando lavouras de soja, milho e algodão e até sistemas integrados como milho + braquiária. Esta é a história resumida do caruru gigante, conforme contou ao Giro do Boi a engenheira agrônoma especialista em proteção de plantas e produção e tecnologia de sementes, mestre em ciências agrárias e doutora em fitotecnia Fernanda Ikeda, pesquisadora da Embrapa Agrossilvipastoril.
“É uma espécie muito agressiva de rápido crescimento e cujos biótipos que foram encontrados apresentam resistência a herbicidas inibidores da epsps, que é o glyphosate, e aos herbicidas inibidores da ls”, detalhou.
Com o problema se agravando, o Indea, Instituto de Defesa Agropecuária de MT, lançou um programa de erradicação e contou com colaboração da Embrapa para o desenvolvimento de um protocolo para controlar a planta daninha.
Segundo a pesquisadora, por conta da resistência do caruru gigante, é recomendado uso de herbicidas de emergência e até de pós-emergência em lavouras de soja, milho, algodão e em áreas integradas com braquiária também.
Além do controle químico, a contribuição do produtor no combate mecânico à espécie também é fundamental para evitar a expansão do território afetado. “A gente pede para o produtor colaborar, não deixar a espécie se desenvolver nem formar sementes. Sempre observar se existe uma planta adulta, retirar na capina”, indicou Ikeda. A agrônoma disse que em determinadas regiões do estado, alguns agricultores têm formado grupos de controle mecânico para os casos em que há ineficácia do manejo químico.
Outro processo que ajuda no controle do caruru gigante é a rotação de culturas, de acordo com Fernanda. “A rotação de culturas é sempre recomendada, embora nem sempre seja adotada, infelizmente, pelos produtores. Mas é uma prática sempre recomendada pelos vários benefícios que a gente observa não só em relação a plantas daninhas, mas com pragas, doenças, para o sistema como um todo. No caso de plantas daninhas, a gente observa, claro, que você minimiza o problema. Nos sistemas integrados, o que a gente observa quando coloca eles? Uma modificação na flora infestante, então isto também é uma coisa interessante porque a gente começa a observar a predominância de outras espécies que não são tão problemáticas no sistema e também a redução da densidade e do tamanho, muitas vezes, do desenvolvimento das plantas daninhas dentro do sistema”, sustentou.
Veja a entrevista completa com Fernanda Ikeda para a série Embrapa em Ação no vídeo abaixo: