Em episódio inédito da série Embrapa em Ação exibido nesta sexta-feira, 25, a mestre em zootecnia e doutora em ciências biológicas Cíntia Marcondes, pesquisadora da Embrapa Pecuária Sudeste, falou sobre a importância do bem-estar animal não somente para o indivíduo, mas também pela capacidade que ele tem para transmitir sua reatividade à sua progênie.
De acordo com a pesquisadora, o estresse já é prejudicial por conta de influenciar negativamente a produtividade de um rebanho. “Esse aprendizado de reação ao manejo passa também para o bezerro, então a gente sabe que existe um componente genético, em algumas raças já se obtém herdabilidade, aquilo que é passado de uma geração para a outra, de até 50%. Então 50% seriam genética e 50% fatores ambientais outros, inclusive manejos errados”, classificou.
Nesta época do ano, por exemplo, o problema é sensível por conta da reprodução. “Tudo que causa um nível de estresse muito alto vai afetar a reprodução, especialmente das fêmeas. Aí a gente entra com toda a ideia da epigenética, de como este estresse influencia o bezerro já na barriga. Uma fêmea muito reativa vai ter este nível de estresse sempre muito alto e isso possivelmente afeta a produção dela de bezerros e a qualidade deste bezerro inclusive”, disse a pesquisadora.
Marcondes revelou que existem linhas de pesquisa com epigenética que atribuem o fator ambiental, ou seja, o estresse que uma fêmea passou em uma fazenda, por exemplo, com a reatividade de seus filhos. “Tudo o que acontece ambientalmente que possa influenciar o DNA do animal. Isso é passado para a descendência também”, indicou.
A zootecnista lembrou ainda de impactos do estresse na sanidade do animal e redução do potencial de ganho de peso em até 20%, além de fatores indiretos da produção, como segurança do trabalho tanto para os campeiros como para os bovinos.
Nas pesquisas da Embrapa Pecuária Sudeste sobre bem-estar animal foi introduzida ainda uma linha de estudo da Dra. Temple Grandin em gado Angus sobre a relação entre o grau de reatividade dos bovinos com o redemoinho de pêlos que se forma acima do chanfro. “Aproveitando que o Canchim apresenta estes pêlos faciais, então a gente, além de fazer os métodos tradicionais de avaliação de temperamento, incluiu esta avaliação do redemoinho nos estudos para ver se há relação mesmo da reatividade com o posicionamento deste redemoinho na face do animal. A gente está analisando os dados”, explicou Cíntia.
Confira a entrevista completa pelo vídeo abaixo: