Nesta quinta, 05, o Giro do Boi exibiu entrevista com o zootecnista Danilo Grandini, diretor global de marketing para gado de corte da Phibro Animal Health, com atuação em países do hemisfério sul, como Brasil, Austrália, África do Sul, Argentina e outras nações em desenvolvimento na atividade. O especialista falou sobre temas como calibragem da terminação do gado de corte, encontrando o ponto ótimo de abate, e o preço da ineficiência de produtores que abatem animais pela era e não pelo seu nível de acabamento.
“O Brasil é uma potência. O que a gente tem aqui não tem em lugar nenhum. O sistema de recria a pasto é único no Brasil. Em todos os países praticamente em que eu trabalho, pasto é para vaca. É uma fortaleza e ao mesmo tempo é um calcanhar de Aquiles para nós porque o animal aqui não morre de fome, lá fora morre. Então se o sujeito não cuidar após o desmame, não existe pasto o suficiente para cuidar de uma vaca e um bezerro em recria, então ele precisa transferir esses bezerros para o sistemas intensivos, então lá fora é obrigação, aqui no Brasil, não, é uma opção. E isto às vezes fica em segundo plano, como não é uma necessidade. A gente tem o privilégio da escolha, lá fora não. Lá fora o pecuarista é obrigado a ser intensivo”, apresentou o zootecnista.
Grandini celebrou o fato de que a escolha pelos sistemas intensivos, como o confinamento, está se tornando cada vez mais comum no país. “O confinamento é a forma mais correta de o pecuarista girar o dinheiro dentro da propriedade, de utilizar melhor o boi”, afirmou. Mas ao passo que o pecuarista entendeu a engorda em cocho como um modelo para acelerar seu giro de capital, ainda falha ao aproveitar melhor as carcaças. “Nível de acabamento não está na nossa mentalidade como oportunidade de ganhar dinheiro. […] A gente abate na era”, advertiu.
Para ilustrar a oportunidade perdida por estes produtores, Grandini comentou uma tabela resultante de levantamentos feito pela Coan Consultoria e Athenagro que indicam a rentabilidade de pecuaristas conforme seu nível de produtividade. Produtores que abatem animais com 24 a 27 meses produzem em média 19@ por hectare ao ano com um lucro de R$ 803/ha/ano. Já quem abate animais com 30 a 36 meses produz 13@/ha/ano e lucra R$ 327/ha/ano. Por fim, pecuaristas que abatem animais com 38 a 42 meses produzem apenas 10@/ha/ano com lucro médio de R$ 37/ha/ano, ou seja, basicamente sobrevivem.
O preço da arroba a ser paga para que estes pecuaristas que abate animais erados, indicou Grandini, deveria ser R$ 80 a mais para que sua renda fosse equiparada à de quem produz animais jovens. “Qual é o preço que eu deveria ganhar a mais para equiparar a quem está fazendo um bom serviço? Em cima da arroba que eu ganho hoje, o frigorífico deveria me pagar R$ 80 a mais para que eu consiga ter o mesmo nível de lucro que você está tendo trabalhando com mais tecnologia, mais gestão”, comentou. “Esta é a distância do sujeito tecnificado para o sujeito que ainda não acordou para a tecnologia, para a gestão. O preço da ineficiência é muito grande e esta ineficiência obviamente não vai ser coberta pelo frigorífico porque no fim quem compra a carne somos eu e você. E eu não vou pagar mais se tem um sujeito produzindo adequadamente. Esta é a realidade”, alertou.
A estes pecuaristas, Danilo Grandini recomendou que busquem conhecimento com técnicos e produtores que já estão em um patamar acima de seu próprio nível de produtividade, e praticar o que se chama de ‘benchmarking’.
Veja a entrevista completa pelo vídeo abaixo: