Em entrevista ao Giro do Boi desta quinta, 30, o médico veterinário e consultor Rodrigo Meirelles, da Meirelles Agroeficiência, apresentou o confinamento como solução para o pecuarista aumentar o desfrute da produção a pasto em sua fazenda. Na entressafra, quando as pastagens perdem sua capacidade de lotação, a terminação em cocho pode aliviar a pressão sobre as forrageiras, garantindo a recuperação das gramíneas sem degradá-las.
“Uma possibilidade que esse pecuarista (que não pôde se planejar adequadamente para a seca) tem é a procura de um boitel. A gente sabe que muita gente utiliza o confinamento achando que é uma saída para ganhar mais dinheiro. Ele pode ser um saída para ganhar mais dinheiro, mas o confinamento é uma das melhores ferramentas para se produzir mais a pasto […] porque desocupa a sua área, joga estes animais em confinamento e pode, com o pasto bem manejado, melhorar, aumentar a sua lotação”, orientou o profissional.
O último levantamento de benchmarking* feito em parceria entre a consultoria Terra Desenvolvimento e o Inttegra, Instituto Terra de Métricas Agropecuárias, do qual a empresa de Meirelles é parceira, apontou grande diferença no desfrute de fazendas que ganham dinheiro (71,9%) das que perdem dinheiro (46,4%).
No entanto, existem pontos de atenção para o pecuarista ajustar a operação do confinamento de modo que o uso da ferramenta agregue valor à sua atividade. No mesmo levantamento, as consultorias apontaram que as fazendas com confinamento menos rentáveis tiveram um custo da arroba produzida a R$ 100,35, enquanto nas mais rentáveis o mesmo custo foi reduzido para R$ 79,84, o que ressalta a importância do planejamento e gestão dos recursos a serem utilizados na terminação intensiva, como nutrição e reposição.
“Quando começou a febre confinamento no Brasil, apareceu muita gente achando que confinar era barbada, bastava colocar no cocho que engordava o boi. Eram os famosos aventureiros. Acredito que muito desse povo saiu do segmento. Com certeza, (quem teve prejuízo) é gente que não comprou corretamente essa parte de nutrição. A gente sabe também que uma grande fração do (desempenho do) confinamento está na compra dos animais. Então tem o produtor […] que comprou animal magro achando que ia entrar em confinamento e ganhar peso e na balança até está ganhando peso, mas a hora que vai abater este boi no frigorífico, o desempenho em carcaça é outra coisa. Porque o pecuarista faz o rendimento de carcaça, do peso, mas na verdade ele tem que fazer o rendimento do ganho, tem que saber quantos quilos o animal está colocando em carcaça. O frigorífico paga carne, não paga peso. […] Esse boi que está chegando muito magro e vai ter ganho compensatório, muitas vezes ele está colocando vísceras, o que não está influenciando em nada no lucro dele”.
Veja mais detalhes da entrevista com Rodrigo Meirelles no vídeo abaixo:
* O Benchmarking 2017-2018 contou com coleta de dados em 420 fazendas do Brasil, além de Bolívia e Paraguai, totalizando 1,7 milhão de cabeças de gado distribuídas por 1,4 mi de hectares de pastagens.