No último ano, o Inpe, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, registrou recorde de número de queimadas em áreas de preservação desde 1999, com focos de fogo em 986 mil hectares nos biomas do Cerrado e da Amazônia. Pará, Mato Grosso, Maranhão e Tocantins foram os estados mais afetados.
Para contribuir para uma diminuição no volume de focos de incêndio neste ano, o Giro do Boi levou ao ar nesta segunda, 27, entrevista com Rodney de Arruda Mauro, biólogo, doutor em ecologia tropical e pesquisador da Embrapa Gado de Corte. Ele ressaltou os prejuízos que o fogo traz para o solo e deu dicas para o produtor evitar as queimadas dentro de suas fazendas.
“O problema é muito grande. Como existe a cultura do fogo, nós, pesquisadores, orientamos pra que não se realize esse tipo de atividade nas propriedades porque muito mais prejudica o solo e também traz vários outros problemas relacionados com queimada”, disse o pesquisador, listando entre as consequências a morte da fauna e da flora e problemas de saúde para o próprio ser humano que inala a fuligem.
E ao contrário do que pensa uma parte dos produtores, a impressão de que a queimada renova os nutrientes do solo é equivocada, destacou Rodney. “Você chega a perder 90% dos nutrientes do solo”, quantificou. A impressão de que a qualidade do solo melhora se dá porque em um primeiro momento a cinza pode melhorar de modo efêmero o desempenho das plantas, mas logo este efeito se perde porque a cinza é levada nas primeiras chuvas, enquanto os demais nutrientes foram levados pelo ar junto à fuligem. Além disto, a prática é considerada crime ambiental, que pode render multa de até R$ 50 milhões.
Rodney ainda comentou alguns dos modos de os produtores evitarem e estarem preparados para eventuais incêndios acidentais, confirmando que até 60% deles começam na beira das estradas. Um dos modos é formar aceiros de dois metros para dentro de para fora das cercas. Nos casos das regiões onde existe maior incidência de queimadas, é recomendada a formação de aceiros de até 3 metros em relação às cercas, sempre tomando cuidados para que não sobre material, como galhos, que possam pegar fogo e eliminar a eficiência do aceiro. O fazendeiro pode ainda solicitar um treinamento junto ao sindicato rural de seu município para formação de brigadas anti-incêndio.
Veja as recomendações completas do pesquisador na entrevista concedida ao Giro do Boi pelo vídeo abaixo:
Foto: Prevfogo/Ibama