O Giro do Boi desta terça, 14, debateu o crescente acesso e uso da internet como meio de informação por parte dos produtores rurais. O último Censo Agro, feito em 2017 pelo IBGE, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas, apontou que desde 2006 houve um aumento de 1.790% no uso da internet pelos produtores, sendo que hoje 1,4 milhão de agropecuaristas já estão conectados.
Outro levantamento divulgado no ano passado pela ABMRA, a Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio, revelou que 42% dos produtores já utilizam a rede para se atualizar com regularidade, enquanto 61% possuem smartphone, ou seja, celular com acesso à web. Em 2013, este mesmo volume era de apenas 17%.
Para discorrer sobre o tema, o convidado do programa foi o médico veterinário, mestre em alimentos e saúde, doutor em ensino, filosofia e história das ciências e professor de medicina veterinária e economia, Guilherme Augusto Vieira. Ele é o fundador de uma companhia com sede em Salvador, na capital da Bahia, que oferece treinamentos de assessoria e cursos online para produtores rurais, a Farmácia na Fazenda.
“A gente nota que a internet e as tecnologias da informação vieram pra ficar e, como falamos, quem não pegar o cavalo andando, já foi, porque isso não se trata do futuro, já é uma tecnologia do presente”, afirmou.
Vieira destacou que os produtores que buscam os cursos oferecidos por sua empresa de alguma forma são adeptos da tecnologia e querem aperfeiçoar o conhecimento que têm. Eles estão localizados justamente nas principais regiões produtoras do país: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, interior de São Paulo, Minas Gerais e Goiás. Anualmente são feitos entre seis e oito grandes capacitações para grupos fechados previamente de 80 a 100 produtores empresários, além da capacitação avulsa por cursos à distância para outros 100 a 200 produtores rurais.
Curiosamente, revelou o veterinário, o curso mais comercializado pela empresa é sobre criação de galinhas caipiras. A capacitação foi procurada pela primeira vez por um pecuarista baiano que obtia renda apenas uma vez por ano, no ato da comercialização dos bois, e avançando na produtividade de ovos das galinhas o produtor afirmou que começou a obter renda diariamente, além de oferecer emprego para as esposas de seus capatazes.
Mas ainda há limitações para o avanço dos cursos remotos. O especialista alertou que o gargalo para a democratização do acesso a esta nova maneira de buscar conhecimento é o alcance da internet e, em alguns locais, até à luz elétrica. “A internet em determinados locais não chega, há falta luz no campo. Tudo isso interfere na comunicação com o homem do campo. Ainda é um gargalo que a gente precisa resolver”, complementou.
Vieira aproveitou para listar três pontos fundamentais para os pecuaristas que buscam cursos à distância como forma capacitar a si e a seus colaboradores para manter-se competitivo no mercado. “Ele precisa estar atento aos últimos desenvolvimentos tecnológicos. Ele precisa adotar modernas técnicas de gerenciamento e gestão. E, principalmente, tem que se ajustar às transformações estabelecendo estratégias de qualidade”, recomendou.
Confira a entrevista completa com Guilherme Vieira pelo vídeo abaixo: