Nesta quarta, 04, o Giro do Boi exibiu entrevista com o zootecnista Adriano Lopes, presidente da ABCCAN, a Associação Brasileira dos Criadores de Canchim. Lopes, que também é pecuarista e titular da Ilma Agropecuária, localizada em Angatuba-SP, destacou o histórico e a evolução da raça no Brasil, contribuindo para o aumento da produtividade do criador e também para a produção de carne de qualidade.
O presidente da ABCCAN lembrou que o início da seleção do Canchim no Brasil começou na década de 1940 com o visionário pesquisador Antônio Teixeira Vianna, que previu o aumento da demanda mundial por alimentos e que buscou no desenvolvimento de uma raça ⅝ Charolês e ⅜ Nelore parte da resposta para esta situação. Atualmente, são 80 rebanhos da raça espalhados pelo Brasil, inclusive em regiões com altas temperaturas, comprovando a rusticidade dos animais da raça que se espalha por Rondônia, Mato Grosso, Tocantins, Pará, Paraguai, Colômbia e, Equador.
A principal avaliação genética da raça, a PCAD (Prova Canchim de Avaliação de Desempenho) é feita pela unidade da Embrapa Pecuária Sudeste, em São Carlos, no interior de SP. Desde 2011, mais de 1.600 indivíduos já foram testados em mais de 12 itens nas provas de ganho de peso, que apontaram uma raça versátil. “O que se busca? Precocidade, ganho de peso, peso de carcaça, maciez da carne, alto libido e docilidade”, sintetizou o presidente da ABCCAN. “É daqui hoje que nós pinçamos os nossos principais raçadores”, completou.
A cria é uma das fases onde a raça pode contribuir expressivamente. Segundo Adriano Lopes, bezerros filhos de touros que cobrem a vacada a campo ou de IATF têm potencial para uma desmama precoce e com peso maior em relação à média brasileira, abaixo dos 200 kg. “Temos relatos de pecuaristas que fazem o cruzamento industrial com Canchim desmamando em Rondônia, no Mato Grosso, em pastagens de humidicola bezerros de 270 kg, 280 kg, sem creep feeding, sem suplementação adicional nenhuma. No mínimo 15% a mais”, destacou Lopes.
Na produção de carne de qualidade, Lopes enfatizou também o potencial da raça na produção de animais tricross. “Esse é o grande lance do Canchim. Aproveitar essas fêmeas F1 de raças britânicas que foram largamente utilizadas em IATF. Você faz o cruzamento com Canchim e a raça imprime um volume maior de carcaça nessas matrizes. Eu brinco que ele tira o casaco preto, dá maior conforto térmico para os animais […] E essa vaca F1, que o criador está sem saber como direcioná-la, se ele tirar uma cria dela com Canchim, seja via IATF ou com touro a campo, você levanta o tamanho dessa fêmea de 13 para 14@ e ainda abate com precocidade e atende muito essa nova janela que o mercado está nos oferecendo, que é o 1953”, disse Adriano Lopes ao apresentador Mauro Sérgio Ortega.
A produção dos animais tricross, classificou o zootecnista, tem potencial que vai além do volume de carcaça, mas também para a carne de qualidade, com boa área de olho de lombo, acabamento de gordura e marmoreio.
Veja abaixo a entrevista completa de Adriano Lopes ao Giro do Boi desta quarta e veja as novidades em curso para a seleção da raça: