Embora seja uma das atividades mais exponenciais da economia do País, a pecuária de corte ainda tem um grande campo aberto para ser mais eficiente e, portanto, competitiva. Isto porque as médias de produtividade em uma atividade tão diversa, praticada por todo o território de dimensão continental, acaba ficando muito distante dos projetos de vanguarda. No Brasil, a taxa de lotação média é de 0,7 UA/ha, a idade média de abate chega aos quatro anos de idade e a aplicação média de fertilizantes em pastagens não passa de 3 kg por hectare.
“Na verdade, o pecuarista tradicional não aplica fertilizantes em suas pastagens. Se ele aplicasse, estaria produzindo mais. As recomendações para o principal nutriente ao qual a pastagem responde, que é o nitrogênio, são de 50 quilos por hectare, o mínimo para começar a fazer diferença no sistema produtivo”, analisou o engenheiro agrônomo, mestre em fitotecnia e doutor em solos e nutrição de plantas, Eros Francisco, diretor adjunto do Instituto Internacional de Nutrição de Plantas (da sigla em inglês, IPNI).
O instituto realizará a partir desta quarta, dia 09, e até quinta-feira, dia 10, a conferência Global Pecus em Cuiabá, capital do Mato Grosso. “A nossa proposta é exatamente difundir informação, passar tecnologia para o produtor e principalmente dizer para ele que é possível fazer diferente. A pecuária brasileira viveu décadas de um estilo que levou a essa média, então a gente sabe que precisa mudar o estilo de fazer pecuária para crescer esta média e produzir mais, usar melhor a nossa terra”, sugeriu o agrônomo.
+ Saiba mais sobre a Conferência Global Pecus 2018
“Nós poderíamos passar de 0,7 para 3 unidades animal por hectare com uma tecnologia relativamente baixa, sem gastar muito dinheiro. É lógico que envolveria mudança de metodologia dentro da fazenda e é a isso que o produtor precisa estar atento. Ele pode mudar seus hábitos, pode investir pouco dinheiro e mudar completamente sua taxa de lotação. Com isso haverá aumento de produtividade. Saindo de apenas 5, 6 ou 7 arrobas por hectare ao ano, ele poderia facilmente saltar para 20, 25 ou até 30 arrobas por hectare ao ano”, propôs.
Veja abaixo a entrevista completa de Eros Francisco ao Giro do Boi desta terça: