Embora seja uma estimativa, o impacto das clostridioses no rebanho brasileiro é significativo: ao menos 400 mil animais morrem por ano por conta das doenças causadas pelas toxinas produzidas pelas bactérias do gênero Clostridium. “Mas eu acredito que seja até mais”, afirmou nesta quinta, 19, o médico veterinário Roulber Silva, gerente técnico da Boehringer Saúde Animal, em entrevista ao Giro do Boi.
Segundo Roulber, tais bactérias têm características diferentes das demais. Sua grande capacidade de resistência ao meio ambiente dificulta seu controle e proliferação no tubo digestivo e no trato intestinal dos bovinos, causando doenças como o famoso botulismo, tétano, carbúnculo sintomático, manqueira, gangrenas gasosas e enterotoxemia.
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Quando um animal apresenta sintomas, a reversão do caso torna-se muito difícil. A morte é praticamente certa e raramente é um caso isolado, pois as clostridioses costumam se apresentar através de surtos em rebanhos inteiros. “Você vai ter sérios problemas no seu rebanho se não fizer a prevenção. […] Quando a gente fala de animais de produção, a gente fala de prevenção, não de tratamento”, recomendou o veterinário.
A boa notícia é que a prevenção das clostridioses pode ocorrer junto ao calendário nacional de vacinação contra a febre aftosa. Na primeira etapa da campanha, que ocorre em maio, por exemplo, o pecuarista pode aproveitar para vacinar o rebanho contra as principais tipos das doenças causadas pelas bactérias.
“É muito simples fazer a prevenção. Hoje nós temos duas campanhas no Brasil de vacinação contra a febre aftosa e o uso de vacinas para clostridioses consegue se adaptar a esses momentos, aproveitar esse manejo. O único cuidado específico a se tomar é com os bezerros. Nós podemos vaciná-los a partir dos quatro meses de idade com uma dose e entre 30 a 90 dias depois, repetir a dose. Como ela é uma vacina com toxina inativada, são duas doses iniciais. Depois o pecuarista pode fazer o reforço anual. É claro que este processo vai depender muito do tamanho do desafio da fazenda, mas de forma geral no Brasil a gente vacina o bezerro duas vezes e depois faz reforços anuais, que podem se adaptar à campanha de febre aftosa”, resumiu Roulber.
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Veja a entrevista completa no vídeo abaixo: