O pecuarista brasileiro criador de raças taurinas e adaptadas ganhou recentemente uma opção para o escoamento de sua produção com agregação de valor. Trata-se da linha premium 1953, lançada recentemente para atender redes varejistas com produtos de alta qualidade.
A marca tem a dupla proposta de focar no consumidor, aumentando a disponibilidade de carnes premium para um mercado de demanda crescente, e ainda incentivar a eficiência da cadeia produtiva, reconhecendo o pecuarista que busca aumentar sua produtividade por meio de um sistema de cruzamentos eficiente, com boa nutrição e ainda ganhos com heterose, que levam à produção de mais arrobas por hectare ao ano.
O nome da marca anunciada recentemente pela JBS cujo nome é uma referência à data de fundação da companhia, há 65 anos. Segundo o zootecnista e diretor executivo de originação, Eduardo Pedroso, a linha segue o padrão da 1855, a principal marca da empresa nos Estados Unidos, por sua vez uma referência à data de fundação da Swift, hoje propriedade da indústria brasileira.
“É o primeiro protocolo multiraças da JBS, atendendo todos os cruzamentos de zebuínos com raças taurinas de corte. Os animais devem ser no mínimo meio-sangue, podendo ser tricross”, detalhou o executivo.
Além da genética taurina ou de raça adaptada, os animais devem apresentar cobertura de gordura entre três e dez milímetros (níveis de gordura 3 ou 4 na escala da indústria). As novilhas podem ser terminadas com até quatro dentes incisivos permanentes (cerca de 2,5 a 3 anos de idade). Já os machos devem ser castrados e terminados com no máximo dois dentes incisivos permanentes, ou seja, abaixo dos dois anos de idade.
Os animais que possuem todas as características desejáveis podem receber bônus de até R$ 13,00 acima do preço da arroba em balcão, além do próprio ganho expressivo de produtividade dentro da porteira. “Semana passada nós tivemos uma reunião com o Daniel (Carvalho), da Genex (antiga CRI Genética), e ele mostrou uma simulação que os programas de cruzamento em fazendas eficientes conseguem produzir até 52 arrobas por vaca em 40 meses, utilizando os ganhos aditivos da heterose em sistemas em que não faltam com nutrição. Ou seja, o ganho de produtividade é enorme e, se bem trabalhado, é renda no bolso produtor”, acrescentou Pedroso.
“É um trabalho extremamente oportuno, mostra a recuperação do mercado consumidor que busca carne de qualidade, ao mesmo tempo estimulando o pecuarista a investir mais, acreditar que vale a pena investir em tecnologia porque tem mercado”, avaliou Sérgio Saud, presidente da Asbia, a Associação Brasileira de Inseminação Artificial, em depoimento ao Giro do Boi.
PESQUISA, DESENVOLVIMENTO e DISTRIBUIÇÃO
Em conversa com o apresentador Mauro Sérgio Ortega, Pedroso revelou também as etapas que foram cumpridas até o lançamento da marca. O protocolo foi desenvolvido ao longo de vários meses, por meio de coleta de amostras de carnes em abates de diversas raças para que fossem estudadas pelo laboratório da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade de Campinas (FEA/Unicamp), usando ferramentas como análise sensorial e testes de força de cisalhamento para reconhecimento da qualidade superior.
Atualmente, oito das 36 unidades da companhia no Brasil estão produzindo para a linha especial em cinco estados: Mato Grosso (4), Mato Grosso do Sul (1), Minas Gerais (1), Pará (1) e Rondônia (1). Entretanto, segundo Pedroso, há possibilidade para expansão em outras fábricas. “Todos os fornecedores estão convidados, sejam pequenos, médios ou grandes. Os interessados podem procurar nossas unidades e formalizar suas intenções”, indicou o zootecnista. Veja aqui a lista de contatos.
Em seu lançamento, a marca foi disponibilizada em 900 pontos de venda de redes varejistas instaladas nos estados de São Paulo (750) e Rio Janeiro (150), mas ao poucos será distribuída em todo o país, começando pelos grandes centros até chegar às demais praças consumidoras.
Veja mais detalhes na entrevista completa de Eduardo Pedroso ao Giro do Boi desta quarta: