O Giro do Boi desta quinta, 1º, exibiu entrevista do repórter Marco Ribeiro com o médico veterinário Mário Duarte, consultor especializado em equinos. O cenário da conversa foi uma pastagem de tifton, um capim considerado ideal para os cavalos, mas que apresentava um ponto de atenção: princípio de infestação de braquiária.
A forrageira, que normalmente é utilizada na bovinocultura, não é recomendada para os animais da tropa. Além de não ser palatável para os cavalos, as braquiárias podem ser responsáveis por dois problemas de saúde: a falta de cálcio na dieta (provocando a cara inchada nos equinos adultos e epifisite em potros) e potencializando a fotossensibilização.
“Quando tem braquiária, o cavalo consome o suficiente para não morrer fome. Quando o capim tem sementeira, e ele dá semente várias vezes ao ano, o equino come a semente e consegue até se manter, mas a planta tem baixa palatabilidade para os equinos. As braquiárias têm uma substância chamada ácido oxálico, que se combina com o cálcio da dieta e o cavalo não consegue assimilar mais o cálcio, aí ele passa a ter um problema, que é a vulgarmente conhecida cara inchada nos animais adultos. Nos potrinhos, esta deficiência de cálcio provoca a epifisite, que é uma dor acima das articulações e isso atrapalha muito o crescimento. Nos humanos é chamado de raquitismo e com os cavalos acontece a mesma coisa. Por isso eles não se desenvolvem bem nas braquiárias”, detalhou o veterinário.
“Além disso, existe um fungo que pode se desenvolver na braquiária que causa alguns transtornos hepáticos nos cavalos e acaba acontecendo o que a gente chama de fotossensibilização, que é uma dermatite que incide nas partes brancas, ou despigmentadas, quando eles estão na presença da luz solar”, complementou Mário Duarte.
O consultor disse que o tifton é uma das gramíneas consideradas ideais para os cavalos por ter uma concentração baixa de ácido oxálico (menos de 0,5% por quilo de matéria seca) e alta palatabilidade. “Eles se desenvolvem muito bem. É uma grama que suporta bem o pisoteio e isso é importante por causa desta característica dos cavalos, caminhar bastante enquanto comem. Eles pastam 20 horas por dia e sempre se locomovendo”, explicou. No entanto, Duarte avisou que a gramínea é exigente em relação à fertilidade do solo. “Por isso a gente faz uma brincadeira: antes de ser produtor de cavalo, tem que ser bom agricultor”, sorriu o veterinário.
Veja a entrevista completa pelo vídeo abaixo: