Na última terça-feira, dia 12, o campus da USP em São Paulo, capital, sediou na Sala de Congregação da FEA (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade) o workshop “A Economia e a estrutura do mercado de carne bovina”, com participação de diversas lideranças do agronegócio brasileiro, entre eles a doutora em administração pela própria FEA/USP e pesquisadora do Pensa (Centro de Conhecimento em Agronegócios da USP), Fernanda Lemos, e o engenheiro agrônomo, professor e presidente do conselho do Pensa, Décio Zylberstajn.
Em entrevista concedida ao repórter Marco Ribeiro, Fernanda Lemos relembrou os percalços para as exportações de carne bovina em 2017, como o embargo dos Estados Unidos para a carne in natura, que classificou como “um grande passo para trás”. A pesquisadora alertou ainda para a concentração das exportações, cujo escoamento depende em grande parte da China e do bloco de países que formam a União Europeia. .
Para evitar novos obstáculos para a venda externa da carne brasileira, a doutora em administração pediu mais uso de tecnologia na produção e a padronização dos produtos, e afirmou que a diversidade de sistemas produtivos da pecuária brasileira não deve ser um empecilho para esta uniformização.
“Isso promove a reputação não só produto, mas do País, e foi um dos problemas que enfrentamos esse ano. Mercado e penetração nós temos, mas quando olhamos os mercados crescendo, demandando, principalmente os países emergentes, em desenvolvimento, eles estão aprendendo a comer carne em meio a um processo de urbanização fenomenal, o que faz aumentar o seu consumo per capita. Então aumenta a demanda, por isso nós temos que olhar não só para a padronização, mas desenvolver uma reputação em cima de um padrão de qualidade. Nós não temos um único sistema de produção de carne bovina, e podemos ter muitos, mas reputação, qualidade, informação e transparência são itens básicos para desenvolver a nossa cadeia”, declarou Fernanda.
Já o professor Décio Zylberstajn focou em outro ponto para o avanço da pecuária de corte brasileira: gestão. “O Brasil passa por uma transformação grande e rápida, e a pecuária está neste contexto. Em termo de gestão temos um caminho muito longo a trilhar. Uma parte do agro está antenada em aspectos que são fundamentais, por exemplo, a questão financeira, a taxa juros já está afetando suas decisões. O produtor que no passado nem pensava nisso hoje está debatendo como a taxa de juros afeta no abate de fêmeas, se o animal fica mais tempo no pasto ou não, qual o custo do seu carregamento de estoque”, resumiu Zylberstajn. Para o professor, o pecuarista também deve focar em saber com mais naturalidade o quanto custa produzir e quanto tempo leva para concluir cada giro.
Veja as entrevistas na íntegra pelo vídeo abaixo: