SUSTENTABILIDADE

Teca com boi: integração garante retorno de R$ 4,70 para cada R$ 1 investido

Sistema BoiTeca, lançado pela Embrapa, alia pecuária de corte e plantio de teca, trazendo renda extra, conforto térmico e ganhos ambientais ao produtor. Assista ao vídeo

Teca com boi: integração garante retorno de R$ 4,70 para cada R$ 1 investido
Teca com boi: integração garante retorno de R$ 4,70 para cada R$ 1 investido

A Embrapa Agrossilvipastoril, em Mato Grosso, acaba de lançar o Sistema Bacaeri – BoiTeca, uma integração pecuária-floresta que une boi no pasto com teca de alto valor comercial. Assista ao vídeo abaixo e confira.

A proposta é simples, mas poderosa: plantar teca em linhas no meio da pastagem, mantendo a produção de carne ativa até que a madeira nobre atinja o ponto de corte, cerca de 20 anos depois. O resultado? Renda diversificada e sustentável, sem abrir mão da pecuária.

De acordo com estudos conduzidos em fazendas de referência, o retorno chega a R$ 4,70 para cada R$ 1 investido, com recuperação do capital em apenas oito anos.

A madeira da teca, nativa da Ásia, se adapta bem às regiões quentes do Brasil e tem mercado garantido, sendo uma excelente alternativa para quem deseja investir no longo prazo e diversificar sua produção.

Produção de carne e madeira na mesma área

O manejo adequado de desramas das árvores não só possibilita a formação de um tronco reto. Foto: Gabriel Faria/Embrapa Agrossilvipastoril

O sistema começa com o plantio das mudas de teca. Nos primeiros meses, o gado é retirado da área, o que permite integrar a agricultura ou colher silagem e feno.

Após esse período inicial, os animais voltam ao pasto. As árvores, com podas regulares, crescem retas, favorecendo a qualidade da madeira e permitindo entrada de luz na pastagem, sem perder produtividade.

A sombra projetada pelas árvores melhora o conforto térmico animal, o que aumenta o ganho de peso e o bem-estar do rebanho. Estudos da Embrapa também mostram que o acesso à sombra fortalece o sistema imunológico e melhora a produção de hormônios sexuais dos bovinos, favorecendo a reprodução.

Além disso, o chamado efeito bordadura — presença de árvores em linha com maior exposição solar — faz com que a teca cresça mais rápido do que em monocultivo.

Parcerias e expansão acelerada em MT e PA

O uso da teca em sistemas ILPF foi descrito e detalhado em um capítulo do livro Teca (Tectona grandis) no Brasil. Foto: Maurel Behling/Embrapa Agrossilvipastoril

A tecnologia atraiu o interesse da Teak Resources Company (TRC), que fechou parceria com a Embrapa.

Em apenas um ano, a empresa implantou 350 hectares com três pecuaristas em Mato Grosso e um no Pará. A meta é chegar a 12.500 hectares em cinco anos, podendo ultrapassar 15 mil hectares.

O perfil dos primeiros parceiros é de produtores mais arrojados e conscientes ambientalmente, mas até mesmo os mais tradicionais estão começando a enxergar o sistema como uma oportunidade de intensificar a produção e agregar valor ao negócio.

A recomendação é que o produtor siga as boas práticas de plantio e manejo, desde o espaçamento correto, podas, controle de formigas e plantas daninhas até a prevenção contra incêndios.

Todos os detalhes foram reunidos em publicações técnicas que acompanham o lançamento oficial do sistema, marcado para 8 de maio, na Fazenda Duas Lagoas, em Cáceres (MT).

Histórico, desafios e cuidados no manejo

O Sistema Bacaeri – Boi Teca traz as recomendações técnicas para o produtor que quer utilizar a tecnologia. Foto: Maurel Behling/Embrapa Agrossilvipastoril

A integração entre pecuária e teca começou a ser testada em Mato Grosso ainda nos anos 2000, por produtores como Arno Schneider e Antônio Passos.

Este último, proprietário da Fazenda Bacaeri, deu nome ao sistema após anos de testes junto à Embrapa.

Hoje, Mato Grosso já soma 4 mil hectares com sistema silvipastoril de teca e 68 mil hectares com monocultivo, o que representa 80% da área nacional. Apesar do grande potencial, o pesquisador Maurel Behling alerta: não basta apenas plantar a teca.

É preciso investir em tecnologia, manejo correto e atenção constante à saúde das árvores e dos animais. Só assim o produtor garante o retorno prometido”, afirma Behling.

Renda extra e sustentabilidade para a pecuária

Além de aumentar a rentabilidade, o Sistema BoiTeca mitiga emissões de gases de efeito estufa e reduz a pressão sobre florestas nativas.

Com aumento da produtividade por hectare, também é possível reduzir as emissões de metano por quilo de carne e ainda capturar carbono no tronco, raízes e galhos das árvores.

Esse modelo produtivo se encaixa nas diretrizes do Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas e pode permitir ao produtor acessar créditos de carbono e certificações como Carne Carbono Neutro (CCN) ou Carne Baixo Carbono (CBC).

Com bom manejo, visão de longo prazo e apoio técnico, o pecuarista que adota o sistema BoiTeca pode transformar o pasto em floresta de valor — sem abrir mão da boiada.

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