Eduardo, de Correntina, no oeste baiano, disse ao Giro do Boi que tem um projeto para confinar cerca de cinco mil cabeças e tem dúvidas sobre o bebedouro deste confinamento. “Manter a água fria na sombra seria melhor que deixar exposta e quente?” indagou.
No Giro do Boi Responde que foi ao ar nesta sexta, o médico veterinário especialista no tema Fernando Loureiro atendeu o pecuarista baiano.
“A questão da temperatura da água vai, nesse caso, impactar muito pouco. A gente tem temperaturas médias no oeste baiano sempre acima dos 20º C e não muito acima dos 40º C. Então. com essa variação da temperatura da água servida para os animais, que vai estar num reservatório e sendo levada por tubulação subterrânea até os bebedouros, e ainda a troca constante, não vai se servir uma água nem muito quente e nem muito fria. Então não se preocupe com temperatura de água. Essa é uma preocupação muito maior na questão do hemisfério norte, onde eles têm confinamento em época de inverno com temperaturas abaixo de 0º C e congelamento. No Brasil, eu não gastaria tempo me preocupando com isso”, recomendou Loureiro.
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Na sequência, o veterinário listou informações importantes para que o produtor possa obter o desempenho que espera de sua boiada confinada.
“E eu gostaria ainda de salientar algumas dicas, já que seu projeto está iniciando. Comece pensando na possibilidade de se colocar os bebedouros não na divisa de duas baias, na cerca. Mas tem a possibilidade de elevar o ganho, o desempenho dos animais botando um bebedouro por baia. Na parte central ou ao fundo de cada baia, ou seja, ao lado oposto dos cochos, mas ainda de forma que os animais acessem o bebedouro por todos os lados”, recomendou.
Loureiro informou ainda qual seria um bom tamanho de bebedouro para atender uma baia de confinamento. “Instalar um bebedouro em bom tamanho, que atenda 10 a 15% do lote bebendo de uma vez só, de forma que os animais não tenham que esperar dominantes beberem para depois eles beberem a água. E ter uma boa oferta de água, pensando em tubulação para garantir uma boa vazão de água, assegurar uma boa vazão, uma boa chegada de água nesse bebedouro”, completou.
Segundo Loureiro, o produtor pode transferir um eventual investimento no sombreamento do bebedouro para outras ações relacionadas à hidratação da boiada que são mais impactantes em seu desempenho no confinamento.
“Com relação a água, eu gostaria de sugerir, já que seu projeto está começando, algumas abordagens que serão muito interessantes para o confinamento. Por exemplo, a instalação de hidrômetros nos bebedouros e no reservatório para você poder mensurar quanto os animais estão bebendo de água por dia, na média do lote, e você vai ter um indicador bastante bom. Ele pode ajudar a descobrir queda do consumo de ração no cocho em função da queda do consumo de água, isso pode te dar algumas pistas. Você pode também adotar a mensuração do pH dessa água diariamente”, acrescentou.
Loureiro comentou ainda que, havendo a possibilidade, o pecuarista pode destacar um funcionário exclusivo para cuidar do abastecimento de água do confinamento. “Isso não vai ser caro em hipótese nenhuma. Eu tenho certeza que vai ser um investimento que vai se pagar, ele fazendo a leitura diária de todos os bebedouros, fazendo controle dessa água no reservatório, na distribuição e também sabendo com antecedência a captação dessa água para o reservatório. Como a água está vindo, qual é o seu pH, o seu grau de sujidade, qual é a temperatura – que você pode medir, embora tenha pouco impacto. Então esse investimento em cobertura pode ser alocado para outros fins”, sustentou.
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Em sua mensagem ao Giro do Boi, o produtor perguntou ainda sobre o melhor piso para confinamento, que facilite a coleta de esterco sem areia.
“Essa não é exatamente a nossa área, Eduardo, mas nós fomos buscar com parceiros aqui, informações com os consultores da Beef-Tec consultoria, uma empresa especializada em atender confinamentos. […] Nós não vemos muita viabilidade em calçamento de confinamento, ainda mais de médio e grande porte. Ficaria muito caro esse calçamento com o objetivo de coletar o esterco. A gente pensa muito mais que, em lugares onde o piso é argiloso, fazer um bom terraceamento, nivelamento e poder compactar bastante esse solo argiloso, obedecendo o declive de dois ou mais graus para que a água escorra para o fundo da baia. E em solos arenosos, existe uma técnica que é a de espalhar calcário na proporção de dez quilos por metro quadrado da baia e fazer bastante compactação. Isso vai assegurar uma boa impermeabilização, vai firmar o solo, vai escorrer a água e vai facilitar a coleta de esterco após esse período do confinamento encerrado”, aconselhou.
Loureira reforçou a importante de o produtor procurar uma empresa especializada em confinamento para prestar consultoria e tirar as dúvidas específicas para a propriedade em Correntina-BA.
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Veja a resposta completa de Fernando no vídeo a seguir:
Foto: Reprodução / Facebook