Vigilância é palavra-chave, diz gerente da ABCZ sobre retirar vacinação contra aftosa

Zootecnista reforçou papéis dos governos nas esferas federal e estadual e dos produtores para alcançar o status de zona livre de aftosa sem vacinação para o Brasil

O Giro do Boi levou ao ar nesta quarta, 19, entrevista com o gerente comercial da ABCZ, a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu, João Gilberto Bento, zootecnista formado pela Fazu, especialista em gestão ambiental pela USP e em marketing pela ESPM.

Em sua participação, Bento apresentou um panorama geral de expectativas para o desempenho da pecuária para os próximos anos. “Nas perspectivas para 2020, o mercado interno também está recuperando. […] A expectativa nossa para 2020, 2021 e próximos anos é de navegar em mar mais calmo com bom vento de popa”, projetou

O gerente fez comentários a respeito da sintonia entre a associação e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento no processo de alcançar o status de zona livre de febre aftosa sem vacinação para o país inteiro.

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“A ABCZ segue sempre alinhada ao Ministério da Agricultura, obviamente. A gente confia e sabe que o Ministério da Agricultura tem critérios para analisar”, declarou. Bento explicou que justamente pelos critérios e pela cautela, foi decidida que a suspensão da vacinação que estava programada para 2019 para os estados do Bloco 1 do PNEFA (Acre, Rondônia, Amazonas e Mato Grosso) foi adiada para este ano para que a transição seja mais segura.

O plano é que até 2026 o país seja reconhecido como zona livre de febre aftosa sem vacinação, o status sanitário desejável pelo Brasil. “Agora a próxima etapa é atingirmos o último degrau de status sanitário, que é zona livre sem vacinação. O ministério planejou muito bem estruturado o plano, foram anos se planejando, estruturando e já no ano passado protelou de um ano para o outro (a suspensão da vacinação) exatamente por medida de segurança”, afirmou. O status almejado pode ser solicitado à OIE, a Organização Mundial de Saúde Animal, dois anos após suspender a vacinação em cada uma de suas federações.

O zootecnista reforçou também a importância da conscientização do pecuarista para que o status seja conquistado e mantido. “Nós não temos atividade geral, claro. No Brasil já há anos que não tem nenhuma identificação de ocorrência, mas você precisa hoje ter muito investimento em vigilância. Vigilância hoje é a palavra-chave. O produtor precisa estar atento para qualquer tipo de suspeita porque quando você retira a vacinação, a imunidade do rebanho vai abaixando e, à medida em que a imunidade do rebanho fica baixa, se tiver alguma suspeita é preciso comunicar rápido, senão ela se espalha muito rapidamente”, alertou.

Bento mencionou a relevância dos estados para a execução do plano federal. “A vigilância tem que acontecer muito fortemente também inclusive no setor público. Nós sabemos que quem coordena o plano nacional é o Mapa, mas quem executa são os estados. Então os estados precisam estar muito bem estruturados, fazendo a sorologia e os fundos presentes, porque na medida em que o produtor tem a desconfiança de uma ocorrência, ele precisa comunicar, aquela fazenda dele vai ser interditada por uma questão epidemiológica, […] e ele vai ter o lucro cessado, então ele precisa ser indenizado. Todas estas preocupações já deveriam estar dentro do cronograma para que seguisse normalmente”, explicou.

Do mesmo modo como já houve adiamento de parte do cronograma com estados que ainda não estavam estruturados, no Paraná ocorreu o inverso, e o estado suspendeu no ano passado a vacinação contra a aftosa, lembrou João Gilberto.

“Nós temos uma ministra extremamente atenta a estas questões. Ela está fazendo um trabalho maravilhoso representando o Brasil fora do Brasil e sabe da importância da questão sanitária, (vide) esses acordos que eles estão fechando”, sustentou

O zootecnista ressaltou também o papel das indústrias de sanidade, que estão colaborando no processo de transição, partindo já das mudanças na vacina no ano passado, como a redução da dose de 5 ml para 2 ml e a retirada da saponina da composição do produto, o que reduziu a incidência de reações indesejáveis.

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INSTITUIÇÃO
O zootecnista respaldou ainda a modernização da ABCZ para lidar com a evolução das demandas da pecuária brasileira. A informatização de processos dentro da entidade, como ocorreu, por exemplo, com os pedidos de registro genealógico, facilitou a vida do criador e uma solicitação que poderia levar até dois meses para ser atendida ocorre hoje praticamente em tempo real.

‘Isso permite que a gente amplie o número de criadores e o número de associados, a eficiência no serviço e a promoção das raças zebuínas. Acredito que a ABCZ, que no ano passado completou 100 anos, está em plena forma, muito bem estruturada para enfrentar os próximos 100 anos, com objetivos muito pontuais, muito focada”, valorizou.

Bento apontou outros avanços importantes da entidade como a internacionalização do PMGZ, o Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos, a consolidação da Expogenética e a relevância da Expozebu no cenário nacional.

EXPOZEBU 2020
“Para a Expozebu, tem uma expectativa muito grande, já temos um volume de inscrição de animais já acima do ano passado nesta mesma data. A área comercial está fortíssima, são muitos parceiros. Temos (programados) debates, muitas discussões, a assinatura de vários termos de cooperação com Embrapa, com governo federal, estadual, procurando sempre estar acelerando. Temos aí um projeto voltado para a reforma de pastagem em parceria com a Embrapa, também muito bom, muito importante. Isso tudo vai estar presente na Expozebu 2020”, disse o gerente da ABCZ, adiantando parte da programação.

Veja a entrevista completa com João Gilberto Bento, gerente comercial da ABCZ, no vídeo a seguir:

 

Foto: Reprodução / Mapa

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