O criador capixaba Leonardo Zerbini, que tem fazenda em Divisa Alegre, norte de MG, está com problemas na engorda de bois castrados. Segundo disse em sua mensagem, o acabamento dos animais está aquém daquilo que ele espera. “Na nossa fazenda, estamos castrando com burdizzo e estamos vendo muito resultado de animais de baixo potencial genético, que não se desenvolvem”, lamentou.
Foi o médico veterinário Ademir Ribeiro quem ajudou o pecuarista. O consultor da Estância Espora de Prata, em Rondônia, e criador do Programa Touro Zero, deu dicas de nutrição para engordar melhor os bois castrados.
Conforme ponderou Ribeiro, esse é o mesmo problema de vários pecuaristas Brasil afora. “Primeiramente, para você terminar um boi, se for em confinamento, (deve castrar) de 360 kg acima. Se for para confinamento a pasto ou semiconfinamento, (deve castrar) de 400 a 420 kg acima. Mais de 14@”, indicou.
NUTRIÇÃO
Depois disso, acertando o momento de fazer a castração, o produtor deve ajustar os ponteiros da dieta dos bois castrados. “Precisa da ajuda de um técnico de nutrição animal, que tenha habilidade exatamente com nutrição animal. Você vai fornecer concentrado com baixa proteína e rico em energia. E precisa entender como fechar essa dieta diária”, confirmou.
Em seguida, o consultor calculou a quantidade de matéria seca que os bois castrados precisam consumir. “Um bovino precisa de 2% a até 3% do peso vivo dele de matéria seca. Então vamos considerar um animal de 420 kg consumindo 2,3% do peso vivo que ele exige de matéria seca. Ele precisa, portanto, de 9,6 kg de matéria seca”, ilustrou.
SEMICONFINAMENTO
“Você leva para o cocho, colocando que vai terminar esse boi a pasto, em semiconfinamento, por exemplo. Você leva 5 kg de ração para o cocho. Para cada quilo de ração, você tem 90% de matéria seca. Então, se você coloca 5 kg de ração no cocho, você está fornecendo 4,6 kg de matéria seca para a dieta desse boi em terminação. Faltam, assim, 5 kg de matéria seca. Eu vou buscar isso no volumoso”, acrescentou.
Ao mesmo tempo, Ademir ajudou o pecuarista a calcular a matéria seca. “Se eu pegar um quilo de capim verde, desidratar, pesar novamente seco e ele pesar 300 g, essa é a matéria seca. Ali estão os nutrientes. Então eu tenho 30% de matéria seca desse um quilo de capim verde”, especificou.
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Assim, o produtor já está com o cálculo pronto para ajustar a dieta dos bois castrados. “Para eu extrair 5 kg de matéria seca desse capim verde, esse boi de 420 kg precisa consumir de 16 a 17 kg de verde por dia. Senão minha conta não fecha. É por isso que as fábricas têm ração de 1,5% do peso vivo do animal, 2,5%… Porque você pode ajustar no cocho, sair de cinco até oito quilos de ração no cocho e ajustar a matéria seca no cocho. E ir ajustando a energia para esse animal ganhar peso e fazer a terminação”, continuou.
SEGREDO ESTÁ NA DIETA
Em resumo, Ademir disse que o segredo do bom acabamento de carcaça de bois castrados está neste ajuste da dieta. “Então o grande segredo é a dieta diária que você vai montar. E precisa da ajuda de um profissional da área”, reforçou. De acordo com o veterinário, a dieta independe da raça, se são bois castrados ou inteiros, e independe da genética. “Tem que ser feita para todos”, confirmou.
Acima de tudo, Ribeiro reforçou que o pecuarista deve ter foco na apartação. Nesse sentido, o ideal é tratá-los quase como fêmeas em engorda. “Na recria, você precisa chegar ao peso para terminação e a cada 60 a 80 dias ir pesando esses animais. E você vai montando o lote. Um animal que não têm ganho de peso favorável, ganho de peso vivo, ele é um animal fundo. Ele vai ficando no lote de fundo”, recomendou.
Por último, o especialista disse que são justamente os animais de menor potencial genético que precisam da castração para bom acabamento. “Provavelmente, esses são os animais indicados para castrar mesmo. Castrar, montar a dieta dele e vamos analisar como se fosse fêmea. Vamos terminar com 13 a 14@, no máximo, e montar a dieta antes. Então você vai organizando os animais para você saber quem é de baixa genética para você iniciar uma dieta mais cedo. Para você abater mais leve”, disse em conclusão.
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Foto ilustrativa: Reprodução / Embrapa
