Veja como fica o tempo no Brasil ao longo dos meses de verão 2020/21

Muita chuva no Sul, aviso de veranico para importantes áreas produtoras de Minas, Goiás e Matopiba... Confira as projeções para a estação que segue até março

Na próxima segunda-feira, dia 21 de dezembro, começa a estação mais quente do ano no hemisfério sul, o verão. Para projetar como o clima vai se comportar ao longo dos próximos meses – a estação segue até 20 de março, o Giro do Boi convidou para entrevista o meteorologista pela Universidade Federal de Pelotas-RS, mestre em ciências atmosféricas e meteorologia e doutor em ciência ambiental pela USP Marcelo Schneider, coordenador regional do Inmet, o Instituto Nacional de Meteorologia, órgão vinculado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

O especialista fez um apanhado do comportamento do clima em 2020. “2020 foi o pior ano em termos de falta de chuva (detalhes na imagem abaixo – clique para ampliar). Lá na região do Pantanal, todo o oeste da Região Sul, oeste do interior de São Paulo e também Amazônia. Então esse ano foi bem anômalo, em particular toda essa metade oeste do Brasil teve essa falta de chuva desse último trimestre, principalmente com calor intenso”, resumiu.

Mapas de anomalia de chuvas – 2000 a 2020.

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Antes de tratar da previsão do tempo para o verão, Schneider emitiu aviso para a Região Sul para o fim de semana. “Tem um alerta para amanhã na área do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, principalmente. Diria mais parte oeste, pega São Borja, as Missões Gaúchas, Campanha, região de Bagé, Livramento, depois se estende para área de Chapecó e sudoeste do Paraná. Vento forte e chuva, não tão volumosa, mas tempestades com vento, inclusive com granizo. Então já para amanhecer do sábado, ali no oeste da Região Sul do Rio Grande do Sul, principalmente, e durante o dia pega outras regiões”, apontou.

Schneider continuou indicando quais as áreas que receberão precipitações nos próximos dias. “A área mais chuvosa vai ser novamente esse canal entre o sul de Minas, pegando praticamente toda a região da Zona da Mata, na divisa com São Paulo. Então a boa notícia para os agricultores aqui da divisa de São Paulo com Minas Gerais: tem uma chuva acima de 100 mm nessa semana”, estimou.

“Depois do natal, dias 25, 26 de dezembro até o início de 2021, vocês podem ver que a área em vermelho continua em São Paulo, mas ela recua. Já aparece mais seca a área norte de Minas Gerais, Bahia, todo o sertão nordestino, e pega basicamente ao norte do Tocantins, região do Matopiba. Então no final do ano tem ainda uma chuva razoável entre o Tocantins, sul do Maranhão e todo o canal de umidade onde, inclusive, deve dar o famoso aotoleiro ali para Rondônia, alguma dificuldade nas estradas entre Rondônia, Mato Grosso, com bastante chuva esse final de ano, e SP e MS.

Em contrapartida, o horizonte não é tão promissor para algumas dessas áreas. “Vai um aviso muito importante: essas chuvas aqui dessa semana e da próxima vão ser as chuvas principais desse próximo mês porque a tendência para janeiro é de secar bastante. Goiás e principalmente o centro-norte de Minas, toda região da Bahia e sul do Tocantins. Oeste da Bahia, que já pega parte de região do Matopiba, essas áreas vão enfrentar um veranico”, informou.

Os próximos meses, segundo Schneider, serão mais generosos em termos de chuvas para o Sul. “A previsão indica um janeiro e parte de fevereiro chuvosos em Santa Catarina”, confirmou. “Janeiro deve ser um mês chuvoso, eu diria, do centro do Rio Grande do Sul, pegando Santa Maria para cima, com São Sepé, Passo Fundo e toda maior parte de Santa Catarina e Paraná com chuva acima da média. Essa é a previsão”, detalhou.

Produtores do Sudeste e Centro-Oeste, no entanto, não deverão ter muito alívio. “A maior parte de Minas, pega o sudoeste da Bahia, parte de Goiás, noroeste de São Paulo, parte do Pantanal… No Pantanal, na parte mais norte na divisa com o Mato Grosso, talvez tenha chuva acima da média, mas a parte central próximo a Campo Grande e também Aquidauana, deve ficar abaixo. Mas essas regiões de Minas Gerais, parte do sudoeste da Bahia vão ter calor e falta de chuvas. Em contraposição, todo o Sul do Brasil, a maior parte dele, deve ter condição de chuvas acima da média”, apresentou.

No mês seguinte, de acordo com Schneider, o panorama muda um pouco. “Fevereiro muda o padrão para uma chuva mais irregular. Continua a atenção, cautela na maior parte de Minas Gerais, parte do sudoeste e sul da Bahia e em Goiás, ainda com condição de chuvas abaixo da média”, apontou.

As condições nas áreas mais secas melhoram a partir de março. “Em março estabiliza, inclusive com chuvas. As águas de março voltam. Esse é o canal de umidade da Amazônia. Resumindo, ele deve descer um pouco ou ficar mais abaixo”, mostrou.

Schneider comentou que, de maneira geral, à exceção das áreas onde está prevista chuvas acima da média, as temperaturas serão mais altas que o histórico ao longo do verão.

O especialista destacou ainda boa notícia para o Norte e Nordeste do Brasil. “Para o Norte do Brasil e áreas do Nordeste, quando tem La Niña e o Oceano Atlântico Norte está quente, eu diria que tem uma garantia de chuva acima do normal. Então em áreas do Maranhão, Tocantins, Ceará, principalmente do centro para o norte, indo mais para a região litorânea, vão ter chuvas acima do normal. O grande problema, ressaltando, é a parte do Matopiba, oeste da Bahia, sul do Piauí e essa área mais leste do Tocantins, que vai contar com chuva abaixo da média entre janeiro e fevereiro”, ponderou.

Confira nas imagens abaixo os mapas de chuvas e temperaturas, respectivamente, para o verão (clique para ampliar):

Veja também previsões de chuva e temperatura para os meses de outono no Brasil:

Schneider respondeu ainda dúvidas de dois telespectadores. Um deles de São Sepé, região central do RS. “Janeiro deve ser um mês chuvoso em São Sepé. Acreditamos que fica até acima da média. Então, se ele tiver essa condição de reservar água, estocar água em algumas regiões para lavoura, cuide bem em janeiro porque depois, em fevereiro e março, a coisa volta a piorar de novo”, avisou.

Já para um telespectador de Uberlândia-MG, Schneider esclareceu que “essa região vai ter bastante chuvas nessas duas semanas. O problema para eles vai ser janeiro também. O janeiro talvez não tenha chuva abaixo, mas deve ser muito irregular e com muito calor”, adiantou.

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Confira a entrevista completa e mapas para as análises do especialista pelo vídeo a seguir:

 

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