O episódio desta sexta, 11, da série especial Embrapa em Ação, apresentou o sistema de intensificação rentável utilizado no teste de desempenho de touro jovens da Embrapa Cerrados, mas que pode ser replicado também para o gado de corte. Quem falou sobre o assunto foi o pesquisador da unidade Eduardo Eifert, engenheiro agrônomo, mestre em zootecnia e doutor em nutrição de ruminantes. Entre as características do sistema de produção está o uso do creep feeding para fazer o desenvolver seu potencial genético mais rapidamente e até economizar com a dieta na fase da engorda.
“As medidas que a gente toma na pecuária visando um giro mais rápido do boi, com qualidade, envolvem várias práticas que estão adequadas com gerenciamento, tomada de decisões, ações técnicas tanto de manejo de pastagem quanto de manejo de nutrição e a parte de logística, visando você obter o seu resultado final. Para isso, precisa de planejamento, gerenciamento, monitoramento do desempenho dos animais e estar atento ao mercado”, ponderou o pesquisador.
“Hoje nós temos um sistema de produção pecuária de 24 meses, em que esses touros que a gente está avaliando aqui chegam com oito meses de idade, passam 300 dias a pasto até chegar a mais ou menos entre 18 a 20 meses de idade, quando se encerra a prova e se faz uma classificação de todos esses animais. Essa classificação leva em consideração não só o desempenho em termos de crescimento, mas são as características de crescimento, as características de carcaça, que a gente mede por ultrassonografia em todos os animais, e a parte reprodutiva. Tem também a parte de avaliação genética desses animais”, apresentou.
Embora o sistema sirva para identificar novos touros, o objetivo é aplicá-lo também no gado comercial, uma vez que é justamente na ponta onde o melhoramento genético visa chegar. “O que é importante dizer é que esse sistema, mesmo ele sendo voltando para avaliação de genética, ele serve como pano de fundo dentro de uma das estratégias que nós agrupamos aqui. Hoje a nossa estratégia é receber o animal aos oito meses, eles são mantidos na primeira seca após o desmame a pasto com suplementação para ganhar 400 gramas por dia e, na época das chuvas, das águas, eles continuam com suplementação. Não é o mesmo suplemento, a parte nutricional impera. A gente quer que o animal aproveite da melhor maneira a fonte de fibra e da proteína, que vem do pasto, mas que a quantidade de energia e proteína maximize a função ruminal e maximize o desempenho desse animal economicamente dentro de um sistema a pasto. Então hoje eles estão ganhando, aqui nesse manejo, entre 900 gramas a um quilo por dia. Se fosse só a pasto, ganharia entre 500 a 600 gramas”, detalhou Eifert.
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Para que o animal atinja o desempenho desejável para que seja terminado com até 24 meses partindo de um peso de 540 kg, o pesquisador valorizou a nutrição intensiva desde a sua cria. “Na parte de cria, nós recebemos animais aqui sempre logo depois da desmama, aos oito meses. Dependendo da situação da fazenda, das condições de produção, da intensidade desse sistema, do índice de natalidade, o creep feeding é uma ferramenta bastante interessante. Com o uso do creep feeding a partir dos 120 dias de idade do bezerro, esses animais chegam aqui com 20 a até 30 quilos mais pesados do que aqueles animais que não receberam. […] São 20 a 30 quilos a mais na conta”, destacou.
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Mas não é somente o peso absoluto que favorece e antecipa a terminação desses animais que passaram pelo creep. “A partir disso, esse bezerro que chega aqui já conhece o cocho, porque ele está suplementando lá na fazenda de origem, ele exerce menos pressão na mãe para ingerir leite, então desgasta menos a vaca, principalmente se é uma novilha, porque ela está em crescimento ainda. E uma terceira questão, que não se leva em conta, […] que esse animal já está com o rúmen mais desenvolvido porque ele consome ração e começa a ter não só o desenvolvimento em termos de bactéria, mas ter o desenvolvimento da capacidade digestiva do rúmen para logo depois ser desmamado. Ele vai ter que consumir um volume muito grande de pasto e, nesse caso, ele já tem uma limitação talvez um pouco menor”, resumiu o pesquisador.
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O agrônomo comparou então o sistema de intensificação rentável com o tradicional. “Vamos pensar o sistema como um todo. Nós temos hoje propriedades que trabalham com o sistema tradicional, em que os animais são desmamados sem creep feeding, sem nada, com sete a nove meses de idade e pesando algo em torno de seus 200 kg […]. E esses animais recebem um proteinado na primeira seca, que vai dar ganhos de 200 gramas por dia. No final de toda uma seca, o animalzinho ganhou só 20 kg. É pouco, porque ele precisa de mais, pois ele está em desenvolvimento. É naquele período que ele deve colocar muito osso, toda a parte de carcaça e ele começa a ter formação. Por isso ali naquela hora ele não pode ter o crescimento interrompido. Esse crescimento tem que ser linear porque você vai preparar o seu animal para dali a um ano, praticamente, ele entrar no sistema de terminação e essa carcaça já tem que estar preparada. Na terminação, você só tem que dar acabamento, não crescimento. Então quando a gente trabalha num sistema mais tradicional, a gente sabe que pelos planos nutricionais, o animal quando chega em maio do ano seguinte, no final das águas, pesando algo em torno de 350 a 370 kg. E para chegar aos 520, 540 kg de carcaça, ele vai ter que colocar 150 a 170 kg no confinamento. É mais tempo no confinamento, o confinamento é mais caro e ele vai ter que passar por um período de crescimento antes do acabamento nesse período, que encarece ainda mais”, advertiu o pesquisador da Embrapa.
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Eifert destacou, entretanto, ue cada propriedade vai encontrar os seus caminhos para a intensificação rentável. “Deve ser pensado, reajustado, cada propriedade depende de sua situação específica. Ninguém aqui está propondo fazer um sistema extremamente intensivo, mas cada propriedade tem a sua potencialidade, que está em vários fatores. O primeiro é saber a fertilidade de solo da sua fazenda, o potencial produtivo das pastagens, regime de chuvas, que é importante aqui no Centro-oeste, para você tentar conciliar, e saber se isso é viável ou não. E aí você poder intensificar ou não o sistema”, salientou.
“Você pode intensificar o sistema tanto no uso de suplementação energética e proteica, com milho ou farelo de soja e seus subprodutos. Claro que a recomendação para diferentes fases do pasto e fases de crescimento animal é o nutricionista quem vai fazer por todos os cálculos, mas o produtor também que pensar: ou eu compro tudo fora ou eu produzo aqui. Então dentro daquela fazenda ele vai ter que ver se tem know-how, se tem terra, clima, conhecimento e equipe formada para trabalhar essas questões. A recomendação no papel é fácil, a execução é mais difícil”, disse Eduardo, antecipando os desafios do produtor.
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O pesquisador resumiu qual foi o caminho encontrando para a Embrapa usado no teste de desempenho de touros jovens. “Qual é o sistema que a gente adota aqui? 400 gramas de meta na primeira seca e depois, nas águas, a gente trabalha com 800 gramas no início das águas. Depois temos a média de um quilo por dia, tudo na base de suplemento. Esses animais hoje estão ganhando um quilo por dia e eles recebem 1,1 kg de concentrado para ganhar um quilo por dia. É só fazer as contas, ver se vale a pena ou não e qual é o intuito. Porque uma coisa é você ter o ganho individual e outra é você ter aumento de produtividade por área. Com essa situação, a gente consegue atingir pesos altos, chegando em maio com algo em torno de 420 a 450 kg. Ou seja, para eles atingirem 540 kg no confinamento ou em sistema de engorda a pasto, é só uma terminação, muito menos do que aquela quantidade de concentrado que o animal consumiria no confinamento durante 100 dias para ganhar 1,7 kg ou mais de 100 dias. Você transfere parte daquilo para alimentar os animais antes”, indicou.
No vídeo a seguir é possível assistir na íntegra a reportagem da série especial Embrapa em Ação: