Valorização da cria aquece demanda por matrizes de qualidade, diz empresária

Em entrevista ao Giro do Boi, Tainar Bordinassi, diretora da Nova Era Leilões, observou que o mercado de reposição de fêmeas está mais competitivo

Em entrevista ao Giro do Boi desta sexta-feira, dia 02, a psicóloga Tainar Bordinassi, que é diretora da Nova Era Leilões, falou sobre o aquecimento do mercado de cria no Brasil e mais especificamente no estado do Tocantins, onde a empresa atua de modo mais intenso.

“O que a gente viveu anos aqui na pecuária brasileira é que o pecuarista teve uma fase de desmotivação com preços. Então o pecuarista passou a abater as suas fêmeas e agora, com a mudança nos preços, essa valorização que a gente está vendo no bezerro, a recuperação no boi, os criadores voltaram a investir. Então começou a aumentar as produções e a gente vê que o pecuarista entendeu que esse é o momento de valorizar a mercadoria novamente. Esse aquecimento do preço do bezerro favoreceu. Aqui no nosso estado, e acredito que em grande parte do Brasil a gente viu por anos venda de bezerras por R$ 500,00 a R$ 600,00, os bezerros de R$ 800,00… E a gente via que isso nem pagava o custo de produção. Hoje a gente está vendo uma supervalorização. Essa valorização é um gatilho para motivar a pessoa que tem esse trabalho, que não é um trabalho fácil de fazer”, contextualizou Tainar.

+ O que deu mais dinheiro na última safra: cria, ciclo completo ou recria e engorda?

Além da valorização de bezerros, a diretora da Nova Era Leilões ressaltou também o aquecimento do mercado de matrizes. “Quem tinha deixado de produzir voltou a criar as fêmeas. Então a demanda por fêmea, principalmente por fêmea de qualidade, tem sido muito valorizada. Também um fator muito importante, que foi a redução do abate de matrizes. Era comum abater fêmeas, principalmente fêmeas que às vezes estavam prenhas e hoje a gente não vê mais essa prática. Hoje só se abate fêmeas que estão vazias. […] O Tocantins é um estado que produz muito, então o que a gente está vivendo aqui é esse momento que a gente vê que consegue se fazer reposição de matrizes com as bezerras e novilhas produzidas aqui”, comentou.

+ Como ter uma fazenda de cria top rentável, que ganha até R$ 700 por hectare?

A valorização de preços da pecuária movimentou ainda o mercado de leilões como um todo e não só com o objetivo da aquisição de animais, mas também como uma espécie de benchmarking, de comparação e análise de mercado. “Eu tenho até alguns números fornecidos pela Adapec (Agência de Defesa Agropecuária do Tocantins). No ano passado nós tivemos mais de 700 leilões realizados só no Tocantins. Nós tivemos mais de 640.000 animais vendidos em leilões em 2020. E esse ano de 2021, de janeiro até maio, já foram mais de 260 eventos e tivemos a participação nos leilões de 280.000 animais. É um número muito alto. O leilão passou a ter uma importância muito grande aqui na medida em que o produtor tem essa oportunidade de enxergar a tendência do mercado. Nos leilões que acontecem, o produtor faz uma comparação, uma relação das crias que ele tem e do que ele produz com o trabalho de outras pessoas. É um ambiente de troca, é um ambiente de informação, de conhecimento e acredito também que é uma baliza para as negociações que estão acontecendo no nosso estado”, destacou Bordinassi.

A empresária comentou que os remates se adaptaram bem ao período de pandemia. “A gente tem feito […] eventos presenciais com público reduzido e a gente está optando por fazer transmissão pela internet. […] Na Nova Era Leilões, inclusive, nós somos parceiros do Lance Rural (plataforma de leilões virtuais do Canal Rural) e já fizemos transmissões pelo Canal do Criador. Todos os leilões que a gente realiza a gente faz essa transmissão. Uma vez por mês, a Nova Era realiza um leilão 100% virtual, em que as filmagens acontecem nas propriedades, e aí é zero contato mesmo, não tem o espaço físico que recebe pessoas. A gente filma os animais nas propriedades e depois a gente faz o evento apenas com a venda. E aí é que acontecem as transmissões, as pessoas assistem, as pessoas dão o lance e a aceitação a este formato está muito forte também”, revelou.

Os leilões virtuais, segundo Tainar, acabam impactando não só a pecuária regional, como também possibilitam o engajamento de produtores mais distantes. “É o que a gente vê acontecer o tempo todo aqui. A empresa está instalada no Tocantins, mas a gente filma animais no estado da Bahia, Piauí. E veja só, a gente vende para o estado de São Paulo, tem clientes em Mato Grosso do Sul. A internet é fantástica e esse formato também. Tem pessoas de fora do país que acompanham e que acessam, que querem saber o que está acontecendo no Brasil, no estado do Tocantins. Realmente é uma ferramenta essencial”, ressaltou.

Tainar comentou ainda que como o mercado de reposição está cada vez mais competitivo. “As ofertas de fêmeas nos leilões são poucas. O que a gente tem observado aqui no Tocantins é que as fêmeas com potencial genético para reprodução estão em alta. Então quem é criador de novilha tem feito IATF, tem vendido essas fêmeas prenhas e hoje ainda com mais precisão de informação. Todo mundo que tem as suas fêmeas pega um atestado de prenhez, um laudo com o tempo de gestação e isso ajuda muito quem está vendendo, ajuda muito o investidor porque ele vai saber o tempo que tem de gestação essas fêmeas. Então tem funcionado desta forma”, apontou.

Como transformar sua fazenda em uma máquina de colher bezerro – e dinheiro?

A entrevista completa com Tainar Bordinassi pode ser vista pelo vídeo que está disponível na sequência:

Sair da versão mobile