Nesta quinta, 19, o Giro do Boi exibiu entrevista com o doutor em zootecnia Adriano Páscoa, da BEA Consultoria, sobre a modernização do conceito do curral nas fazendas de gado de corte.
A estrutura é indispensável nas propriedades, pois é onde são realizados manejos de embarque, vacinação, reprodução, apartação, entre outros. Não prejudicar o desempenho dos animais após passagem pelo curral é tarefa que cabe à melhoria do manejo combinado com a estrutura adequada.
Veja nos tópicos a seguir as dicas do especialista que podem ser implementadas em uma construção de um curral novo ou na reforma da estrutura antiga para modernizá-la.
TAMANHO
“Antigamente o pessoal escolhia curral pela quantidade de cabeças que cabia dentro. Hoje a questão que eu deixo sempre para todo pensar é: qual é a finalidade do seu curral? Muitas vezes as pessoas não se preocupam com isso. Ele quer construir um curral que seja bonito para mostrar ao vizinho, que seja grande, como era antigamente, e ainda tem muita gente que pensa dessa forma, para caber quase que a totalidade do gado da fazenda ali dentro. Mas a grande resposta é a seguinte: para que você vai querer construir um curral ou para que vai ser a reforma do seu curral?”
PISO
“Óbvio que a gente não vai aqui sugerir que o pecuarista calce o curral inteiro. Isso é inviável. Bom, tem proprietários que até tem esta disponibilidade, em regiões que chove demais ele pode até pensar em algo assim, mas o ideal é você fazer essa manutenção melhor, esse piso melhor nas estruturas de passagem. Então saída de porteira, saída dos apartadores, onde os animais normalmente fazem as curvas e entram em alta velocidade, a entrada da seringa, dentro da seringa, o tronco coletivo e no embarcadouro, principalmente. Pense que o embarcadouro é uma subida e, nesse lugar, normalmente, os animais estão saindo para abate, um animal gordo, pesado. E se tiver queda ali, isso vai atrapalhar muito a qualidade da carcaça”.
SERINGA
“Sempre circular. […] A gente tem clientes nossos que falam que essa porteira é a porteira mágica. O boi não quer entrar de forma nenhuma e à medida que você vem diminuindo o espaço dele, ele não tem outra alternativa e acaba tendo que entrar no tronco coletivo. A seringa triangular é obsoleta. Imagine um animal que tem dificuldade de visão e aí ele está saindo de uma parte larga, que é a base da pirâmide na seringa e à medida que ele vai chegando próximo ao tronco coletivo, aquilo vai estreitando. O bicho já tem dificuldade de enxergar e aquilo começa a estreitar, ele acha que aquilo é uma armadilha e ele não quer entrar, ele começa a girar, girar e voltar. Então quando você tem uma estrutura que é mais larga, que é a seringa circular em que a base dela é mais larga e você vem diminuindo o espaço com o animal já la dentro, isso facilita demais a introdução dele”.
TRONCO COLETIVO
Quem está determinando o ritmo do manejo é o tronco de contenção, os manejos que são feitos lá com o animal preso. E o estoque, nesse caso, está na seringa circular. Então eu tenho que desmistificar essa ideia de que o estoque está no tronco coletivo. Toda vez que eu faço um tronco coletivo muito comprido, eu tenho mais animais subindo um em cima do outro. Então é aquele ‘aperta e afrouxa’. O animal que está ali está incomodado, ele vai deitar e o animal que está vindo por trás sobe em cima dele e aí acidentes acontecem, o animal boleia de costas. Quando você tem isso curto e ainda com uma separação no meio, onde você tem os animais individualizados, não existe esse risco de um animal subir em cima do outro. […] Se ele é curto, é reto. Porque a ideia da curva é justamente para evitar que um animal suba em cima do outro. Como você tem ele curto e com uma porteira no meio, reto é mais fácil de construir”.
PAREDES DO TRONCO COLETIVO
“A gente viu isso numa propriedade em Maracaju, no Mato Grosso do Sul, e adaptou isso para um tamanho menor (veja no vídeo disponível abaixo). Lá era realmente uma fazenda maior. Mas são paredes móveis. Uma parede reta e a outra parede é inclinável. Como funciona isso? Então eu abro a parede, eu posso trabalhar com um animal maior. Se eu for trabalhar com um bezerro, eu fecho a parede e aí eu facilito muito isso. Como meu tronco é curtinho, isso é rapidinho, é leve de fazer e não demanda muita engenharia, não. É uma parede que tem um apoio embaixo e ela é travada em cima como se trava, por exemplo, com Pinus. É super fácil e barato de fazer”.
EMBARCADOURO
“O ideal de um bom embarcadouro é que ele tenha uma inclinação suave. Se o terreno permitir, isso pode ser feito até em nível. Tem fazendas que, por conta de o terreno ser mais escorrido, consegue colocar o embarcadouro plano, sai direto do curral para dentro do caminhão. Óbvio que, nesse caso, tem que ter a preocupação nessa parte onde vai a roda do caminhão para não formar barro. Porque, imagine, o caminhão atolar logo na saída do embarcadouro! Eu tenho que me preocupar com o piso do embarcadouro para ele ser antiderrapante. E se eu não conseguir fazer ele inteiro plano, eu tenho que ter pelo menos o último lance em nível para isso facilitar a entrada desses animais dentro do caminhão”.
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Veja a entrevista completa com Adriano Páscoa no vídeo a seguir:
Foto: Reprodução / Embrapa