8 passos para evitar a reação vacinal e a perda de até 6,5 kg por cabeça

Médico veterinário e professor da Unesp de Botucatu Roberto Roça, responsável técnico pela campanha "Vacina, peão!", lista boas práticas de vacinação

A vacinação correta contra a aftosa pode evitar a perda de até 6,5 kg de carcaça por animal. Quem alertou para o número expressivo foi o médico veterinário, mestre, doutor e pós-doutor em tecnologia dos alimentos Roberto Roça, professor da Unesp de Botucatu-SP. Ele foi o responsável por indicar os pontos principais da campanha didática “Vacina, peão!” e falou ao Giro do Boi desta quinta, 09, com exclusividade.

O veterinário usou números de um estudo sobre perdas no manejo pré-abate que desenvolveu junto à Acrimat, a Associação dos Criadores de Mato Grosso. Segundo Roça, em uma das fazendas observadas, houve um problema de vacinação que causou reação em todos os animais de dois caminhões embarcados. A perda média por bovino foi de 6,5 kg, prejuízo que atinge facilmente o patamar de R$ 60,00 por cabeça.

“Nós precisamos tomar alguma atitude para evitar problemas que estamos tendo como resultado da vacinação errada. Isto é observado no frigorífico, na linha de inspeção, onde as vacinas têm que ser retiradas e descontadas no peso carcaça”, lamentou Roça. “Mas toda a cadeia é prejudicada por esta falta de cuidado, não só o produtor”, frisou.

Veja abaixo as dicas do professor Roberto Roça para evitar prejuízos causados pelas reações vacinais:

1 – Padronizar o local da vacina: “Se todo mundo vacinar em um local, fica mais fácil detectar a reação vacinal no frigorífico”, afirmou o veterinário.

2 – Vacinar na tábua do pescoço: a recomendação de Roberto Roça é que o local a ser padronizado para a vacinação seja a tábua do pescoço. “Você consegue observar uma possível reação até com o animal em pé. E a carne da tábua tem um menor valor comercial, então se ocorrer de atingir o músculo, você tem menos perdas comerciais. Neste local também tem bastante couro, isso traz facilidade de a pessoa que está vacinando puxar a pele e fazer a injeção subcutânea, o que não acontece na região do cupim, do lombo ou da picanha”, listou o professor da Unesp.

3 – Injeção subcutânea: uma possível reação da injeção sob o couro fica separada do músculo, ou seja, da carne. “A vacinação intramuscular tem uma reação própria imunológica e complica a retirada da lesão. Quando a injeção é subcutânea é mais fácil ser retirada e você terá o mesmo efeito da vacina. Além disso, na aplicação intramuscular você não observa facilmente a lesão e tem que cortar o músculo para saber onde está”, disse o veterinário.

4 – Usar agulhas pequenas (10×15 ou 15×15): o objetivo de usar estas agulhas é não ultrapassar o tecido subcutâneo e não correr o risco de atingir o músculo;

5 – Usar agulhas novas (retas e limpas): “A agulha tem prazo de validade, não dura pra sempre. Ela entorta e quando fica velha pode enferrujar. Agulhas tortas e com pontas bambas devem ser descartadas. A higiene é importante porque você pode estar injetando no animal a contaminação da própria agulha, que dá reação. Elas devem ser fervidas e até mantidas em solução tonificante. Devem ser sempre trocadas no menor número possível de animais, a cada 10 cabeças, ou quando trocar o frasco da vacina. Trocou o frasco, pega agulha nova. Não vai pegar uma que já foi usada porque vai contaminar todo o frasco”, alertou.

6 – Refrigeração: “Os frascos devem ser acondicionados em caixa térmica com gelo, não podem estar fora da caixa em temperatura ambiente”, advertiu Roça.

7 – Vacinar sem pressa: “Há vários ditados populares sobre a relação da pressa com a perfeição. No caso da vacina não é diferente. A pressa vai prejudicar o bem-estar animal, os bois e os colaboradores da fazenda também vão ficar agitados, deixa o local inseguro. Então devemos tratar os animais de acordo com os preceitos de bem-estar animal”, declarou.

8 – Contenção no tronco individual: “(Devemos) fazer o manejo no tronco individual, que tanto garante a segurança para o profissional quanto a qualidade do serviço feito. Quanto maior foi o cuidado, menos chance de errar no processo”, acrescentou o professor da Unesp.

Veja abaixo a entrevista completa de Roberto Roça ao Giro do Boi desta quinta, 9:

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