EMBRAPA EM AÇÃO

Uma roçadeira química da Embrapa controla gramíneas invasoras de pasto

Roçadeira química aplica herbicida, como glifosato, somente nas gramíneas mais altas do pasto, que podem ser separadas pelo pastejo seletivo natural do gado

Uma roçadeira química desenvolvida por pesquisadores da Embrapa é capaz de controlar gramíneas invasoras de pasto. Assista ao vídeo abaixo e relembre dessa história.

O produto não chega a ser uma novidade, mas ajuda a resolver um problema que ainda afeta boa parte dos pecuaristas brasileiros. A invasão de pastagens por gramíneas, como o Capim Annoni, sobretudo na Região Sul.

Em episódio da série Embrapa em Ação que reprisado nesta terça-feira, 27, o conteúdo apresentou o implemento Campo Limpo, uma espécie de roçadeira química seletiva que ajuda a controlar esse tipo de plantas daninhas.

Quem falou sobre a roçadeira química foi o engenheiro agrônomo e doutor em zootecnia Naylor Peres, pesquisador da Embrapa Pecuária Sul. Antes disso, no entanto, o especialista apresentou o desafio das plantas daninhas para os produtores da região.

Por exemplo, o Capim Annoni, gramínea de difícil controle por conta de o defensivo que faz o controle matar também o capim. Além disso, a Maria-mole (Senecio brasiliensis), conhecida ainda como Flor das almas por florescer sempre próximo ao Dia de Finados.

Esta planta, inclusive, possui alcaloides e uma série de compostos tóxicos para o gado, causando prejuízo expressivo ao pecuarista. O pesquisador citou ainda Vernonia (ou Alecrim) e o Caraguatá.

Conforme analisou Peres, o manejo de pasto torna-se mais importante à medida que a pecuária passa a competir com a agricultura. Dessa forma, a bovinocultura precisa aproveitar ainda mais suas áreas de pastagens.

Invasão de gramíneas em pastagens no Sul

Em seguida, Naylor falou a respeito do desafio do controle de gramíneas que o gado não come nas pastagens. O problema é que os produtos que combatem essas plantas acabam matando também a forrageira escolhida para a nutrição do gado.

“Essas, sim, são um problema. Não somente com o Capim Annoni aqui no Rio Grande do Sul, mas em todo o Brasil a gente vê invasoras gramíneas invadindo pastagens, que são gramíneas. Nesse sentido, você não tem uma molécula herbicida capaz de controlar só a invasora. E, com isso, você vai ter perda de produtividade e, muitas vezes, vai enriquecendo o banco de sementes que está no solo com as sementes dessa invasora, tornando o processo de recuperação bastante complicado”, alertou.

Segundo Peres, nesses casos o controle exige mobilização do solo. Contudo, a prática não é a mais correta.

“Demanda um recurso grande, tem toda a questão da emissão de carbono, perda de fertilidade, erosão”, ponderou.

Alernativas de controle de plantas invasoras

Logo depois, o especialista falou sobre as opções que o produtor tem para solucionar o problema. Por exemplo, o uso de forrageiras alternativas, como Azevém, Trevo branco ou vermelho, Capim Lanudo ou Aveia.

Peres ressaltou os níveis de proteína e digestibilidade dessas espécies.

“Tem que ter mentalidade de agricultor, cuidando bem do solo para que essas espécies, que também têm mais exigência, possam se desenvolver bem nesse período frio. E aí trazer produtividades que multiplicam por dois ou três o que se pode conseguir apenas nos pastos ou na pastagem nativa”, acrescentou.

Disseminação do capim Annoni

De acordo com Peres, o Annoni pode trazer uma redução de 50% do potencial do pasto infestado. Juntamente com isso, a planta daninha tem infestação gradual pelo pastejo seletivo do gado.

Primeiramente, os animais comem o pasto e possibilitam o desenvolvimento do Annoni. Depois disso, passam a comer as inflorescências da invasora e disseminando a espécie pelo esterco.

“Essas sementes vão se espalhando. E não é só com o Annoni. Isso acontece com outras gramíneas no Brasil em geral. Então se não for feito nada, o pastejo acaba reforçando essa infestação”, alertou.

Assim, a primeira ação para reverter o quadro é eliminar as plantas daninhas.

“A melhor forma é utilizar o próprio pastejo seletivo para criar esse duplo extrato. A gente tem plantas em diferentes alturas, em que as plantas rejeitadas estão mais altas”, ilustrou.

A roçadeira química da Embrapa

Posteriormente, o pesquisador lembrou da roçadeira química seletiva, que permite a aplicação de herbicida justamente das plantas mais altas que restaram no pasto.

“A gente desenvolveu um equipamento que se chama Campo Limpo. É um aplicador seletivo de herbicida. Ele não faz a pulverização, mas vai justamente entrar em contato por diferença de altura com as plantas que estão mais altas. Então a gente regula uma certa altura, o equipamento passa e, com isso, ele vai umidificar as folhas das plantas invasoras daninhas que estão mais altas. Justamente aquela que o gado rejeitou”, explicou.

Primordialmente o herbicida usado na roçadeira química é o glifosato.

“O glifosato é um herbicida sistêmico. Ele vai entrar no sistema vascular da planta e levar aquelas plantas à morte. Mas o pasto bom que o gado deixou mais baixo fica presente na área”, salientou.

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