Três fatores críticos para o sucesso da sua fazenda como uma empresa

Professor da ESPM alertou que prática da liderança baseada em "comando e controle" deve ser atualizada para uma gestão mais cooperativa nas fazendas

Gerenciar a fazenda como se faz com qualquer tipo empresa virou condição essencial para que a atividade da pecuária de corte se mantenha competitiva. Para tanto, é preciso capacitação dos profissionais à frente do negócio, e não só para que sejam possuidores de conhecimento técnico intrínseco ao desempenho zootécnico dos rebanhos das propriedades, mas também com outras qualidades. O assunto foi abordado no Giro do Boi desta quarta, 22, em entrevista com o publicitário, consultor, conselheiro de multinacionais e professor da ESPM, Dennis Giacometti.

“O agronegócio, a pecuária incluída, além das crises econômicas que outros segmentos passam também vivenciam, passam por crises climáticas, crises de ordem sanitária… Enfim, a luta, todos sabemos, é muito grande! Então precisamos de líderes que, em primeiro lugar, trabalhem muito o conhecimento. É importante trabalhar conhecimento sobre o meio em que eles estão vivenciando. Não vale só perguntar para os vizinhos como é que está, olhar na internet. Tem que ir mais fundo. Segundo ponto: tem que saber ouvir. Um bom líder hoje em dia é um bom ouvinte dos colaboradores da sua empresa, dos clientes também, é muito importante. Ouvir dos não clientes, dos ex-clientes. Ele tem que ser um bom ouvinte. […] Ele tem um terceiro fator, que é passar a ser mais criativo e ágil, com isso ele passa a vencer com mais facilidades estas crises que nós estamos vivenciando em alguns momentos nesses últimos anos”, disse o especialista, listando três fatores críticos para o sucesso de um negócio.

“O terceiro ponto é muito importante também. […] A criatividade me leva a busca de melhor produtividade para obter melhor margem. É um outro fator muito importante você se tornar criativo para que você se diferencie”, reforçou.

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Giacometti comentou que é preciso aposentar algumas práticas de lideranças que pertencem ao passado, baseadas, conforme ele classificou, em comando e controle, formando um ambiente cooperativo entre os colaboradores e assimilando suas contribuições. “Um outro ponto muito importante é a formação da organização no sentido de ela seguir o século XXI, fugir desta postura comando e controle. Esta postura do tipo ‘o homem mandou, vamos fazer’. Porque os colaboradores podem ajudar muito. A vivência de um simples tratorista, durante anos, ele pode contribuir quando se conversa com ele para melhoria da produtividade. Todos podem e devem participar de um processo de colaboração dentro da empresa, ela é um ser vivo”, comparou.

Por outro lado, o consultor ponderou que os gestores com perfil mais moderno não devem buscar a inovação somente para inovar. “Tem os (líderes) atualizados, os jovens, mas, às vezes, são muito apressados, buscando inovação pela inovação sem haver uma inovação mental, sem haver uma inovação da cultura empresarial, toda voltada para esta nova era digital, então tem diferentes comportamentos”, contrapôs.

Na pecuária, produtividade só faz sentido se vier acompanhada de margem

O professor da ESPM frisou a importância das lideranças ouvirem – seja seus colabores, clientes, não clientes e ex-clientes – para prever com correção os próximos passos da empresa, ou da fazenda. “Todo o público-alvo do seu segmento tem que ser permanentemente analisado com perguntas inteligentes para a gente perceber quais são as tendências. Os interesses estão mudando? Para que área que estão indo estes interesses? Devo ir atrás? Não devo? Então vivemos numa sociedade fluida, sociedade muito dinâmica no século XXI e, como eu costumo dizer, em time que está ganhando no século XXI, tem que mexer, sim!”, provocou.

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“Esse pensamento se constrói em torno do nosso rei, o nosso cliente, ou ex-cliente, ou não cliente. Tudo é construído no sentido de se obter uma marca com prestígio num futuro próximo, quatro a cinco anos”, acrescentou.

Esta atualização para líderes do agro é um dos objetivos do curso de férias “O Pensamento Estratégico no Agronegócio”, da ESPM de São Paulo-SP, que terá Giacometti como docente. “Eu faço questão de dizer que não é um planejamento estratégico. Nós vamos aprender lá no curso a sonhar. É o sonho que é importante. O planejamento estratégico é uma ferramenta do sonho. E o sonho se caracteriza por um conjunto de ações, de práticas que levam a minha empresa a ser percebida de forma diferenciada, de forma única pelo nosso prospect, pelo nosso cliente. Porque sonho é sonho, é uma coisa única, é minha”, assumiu.

O curso de férias “O Pensamento Estratégico no Agronegócio” será realizado pela ESPM de São Paulo-SP como um “intensivão” que vai de 17 a 20 de agosto, sempre das 18h30 às 21h30 e com aulas à distância. Mais informações sobre programação e inscrições podem ser obtidas no link abaixo:

+ Curso “O Pensamento Estratégico no Agronegócio” (ESPM São Paulo-SP: informações e inscrições

Assista a entrevista completa com Dennis Giacometti no vídeo a seguir:

Foto: Reprodução / Prodap
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