O pecuarista Ênnio Lima, que trabalha com cria e recria em com propriedade localizada em Pacajá, no estado do Pará, relatou em mensagem enviada ao Giro do Boi que tem dificuldade de logística em sua região para instalar bebedouros artificiais de água para seu rebanho. “Acesso ruim e longe de grandes centros”, justificou.
“Portanto, precisamos adotar bebedouros escavados estrategicamente nos corredores para uma boa hidratação do rebanho. Na reportagem do dia 6 de Novembro de 2020 (relembre pelo link a seguir), um pecuarista perguntou se poderia tratar com a água dos bebedouros com cloro. Foi esclarecida a dúvida quanto aos bebedouros fabricados ou construídos. Minha dúvida é se a solução serve para bebedouros escavados, que são comumente utilizados em toda a região Norte do País, principalmente por pequenos e médios produtores”, detalhou Lima.
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Foi o médico veterinário Fernando Loureiro, especialista no tema, quem atendeu o produtor no Giro do Boi Responde que foi ao ar no programa desta segunda, 12.
“Não só aí na região de Pacajá, no estado do Pará, mas no Brasil inteiro, Ênnio, a grande maioria do rebanho bovino brasileiro utiliza aguadas naturais para matar a sede, sejam açudes, sejam represas, riachos, córregos ou rios grandes que passam na fazenda, e a gente tem que usá-los como fonte de água”, contextualizou.
O veterinário lembrou qual seria a alternativa para o produtor atender a necessidade do rebanho, já que o tratamento de água de reservatórios naturais é praticamente impossível devido à variação do volume do líquido armazenado.
“A alternativa seria a água subterrânea dos aquíferos. Mas o que muda? […] A gente pôde ver esse açude (confira pelo vídeo abaixo) nessa fazenda que já teve toda a sua lâmina d’água grande, bonita e vistosa para os animais acessarem. Mas nos meses de seca em 2020 eu voltei, estive aqui com a água quase escassa, acabando, com um pouquinho de água com barro. E hoje eu estou de volta ao final da estação das águas e estou vendo a lâmina do açude coberta com plantas aquáticas. E essa é a aguada que atende os animais de dois pastos. A gente vê os animais ao fundo que eles têm que acessar a aguada desta forma. Além destas plantas todas por cima, nós vamos ter aqui a questão do lodo, crescimento de alga, nós temos a questão de esterco, animais silvestres, pode ter peixe, pode ter jacaré, que caça outros animais silvestres, e em cada chuvarada, a enxurrada carreia tudo para dentro aqui do açude, trazendo esterco, trazendo pedaços de pau, de plantas, trazendo defensivos que possam ter sido usados na pastagem”, ponderou Loureiro.
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“Então esse cuidado a gente tem que ter, mas não tem como exercer um controle eficiente adicionando algum produto, seja cal, seja cloro, seja outro produto químico ou natural porque o açude tem a sua capacidade variável no decorrer do ano, conforme a estação das chuvas, estação da seca. […] A gente serve essa água para os animais, mas sem exercer a gestão, sem exercer o controle”, analisou o veterinário.
“Esse (controle da qualidade da água ) é exercido nos bebedouros artificiais. E como nós já mostramos em outras ocasiões aqui no Giro do Boi, temos trabalhos científicos feitos pelas universidades, pelas instituições de pesquisa que analisam o resultado e desempenho dos animais em ganho de peso, e o desempenho é sempre maior em bebedouros artificiais quando comparado aos açudes ou às demais aguadas naturais porque os animais têm acesso a uma água de melhor qualidade. Eles não revolvem o fundo, eles não misturam esterco, o lodo, a lama, então (usar bebedouros artificiais) seriam degraus evolutivos”, opinou.
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“Pode-se servir água para os animais, sim, nos açudes, nas cacimbas, mas sempre pensando em evoluir”, frisou Loureiro.
O veterinário apontou uma solução para o pecuarista evoluir na questão de qualidade de água para o seu gado. “Hoje já tem tecnologia para captar essa água (de açude), seja ela somente por gravidade a partir de uma das extremidades do açude, da represa. Você pode captar essa água só da superfície, em que os sedimentos e as sujidades estão todos depositados no fundo e os animais não entram no reservatório para revolver esse fundo. A água da superfície é, então, captada e levada então para um bebedouro artificial para os animais se servirem. Vai ter um resultado melhor”, sugeriu.
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Fernando apresentou como a operação pode ser feita pelo pecuarista. “A captação dessa água pode ser via bombeamento, a partir de energia elétrica, energia fotovoltaica, energia solar, seja por gravidade. Enfim, existem alternativas, mas onde o homem exerce a gestão, o controle e pode fazer a limpeza são nos bebedouros artificiais, que vão apresentar sempre um desempenho melhor (do gado)”, observou.
“A gente diz que sempre vão apresentar desempenho melhor porque ainda não há trabalhos (estudos científicos) que mostrem que os animais, bebendo em açude, tiveram desempenho superior aos que bebem água em bebedouro artificial”, destacou.
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“Então aqui fica a nossa dica: pense sempre nessa possibilidade de evoluir. A gente introduz novas tecnologias de nutrição, de sanidade, de genética e sempre que possível vai melhorando a forma de servir água em pilhetas artificiais. Vai ser uma evolução também. Você pode começar com 20% de toda a área da fazenda, com 10% ou 5%. Nessas áreas onde você inicia o fornecimento de água em bebedouros artificiais, vá observando, medindo resultados, mensurando e anotando a evolução, o retorno a mais que isso dá em termos de desempenho do gado, em ganho de peso, em faturamento para que possa justificar o investimento em toda a propriedade”, indicou Loureiro.
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Qual é a sua dúvida sobre qualidade da água para gado de corte? Envie para o Whatsapp do Giro do Boi, pelo número (11) 9 5637 6922 ou ainda pelo e-mail girodoboi@canalrural.com.br.
Confira pelo vídeo a seguir a resposta completa do especialista em água para bovinos: