
O sistema de engorda a pasto com suplementação concentrada, conhecido como TIP (Terminação Intensiva a Pasto), cresceu 306% no Brasil entre 2019 e 2023. Assista ao vídeo abaixo e confira a ascenção deste sistema de produção.
A informação é de Paulo Dias, zootecnista e CEO da Ponta Agro, em entrevista exclusiva ao Giro do Boi.
Com base em uma base de dados que monitora cerca de dois milhões de cabeças, o levantamento mostrou que a TIP saiu de menos de 4% dos animais terminados para 16% em 2024, consolidando-se como um dos sistemas mais eficientes da pecuária tropical.
A fórmula do sucesso da TIP
A fórmula do sucesso da TIP está na simplicidade do modelo: o produtor fornece de 1% a 2% do peso vivo do animal em ração concentrada durante a fase de engorda, mantendo o rebanho no pasto.
O resultado é uma produção de carne altamente eficiente, com menor custo que o confinamento tradicional, além de facilitar o enquadramento em protocolos de carne premium, como o 1953 ou a linha Maturatta da Friboi.
Sistema se adapta do pequeno ao grande produtor
Segundo Paulo Dias, a TIP é versátil e democrática. Pode ser aplicada em pequenos rebanhos de 50 bois ou grandes estruturas com mais de 150 mil cabeças.
“A TIP é o confinamento tropicalizado”, define o zootecnista.
O sistema triplica a lotação por hectare em comparação à pecuária extensiva tradicional, podendo alcançar até 100 arrobas por hectare/ano.
Além disso, o modelo permite flexibilidade frente às mudanças climáticas. Em períodos de seca, é possível aumentar a proporção de concentrado, enquanto em períodos chuvosos o pasto assume maior protagonismo, reduzindo os custos com ração.
“A TIP permite adaptar a dieta conforme o clima e a disponibilidade de forragem, sem comprometer o desempenho dos animais”, explica.
Centro-Oeste lidera expansão da TIP no Brasil
O Centro-Oeste é a região líder na adoção da TIP, com destaque para Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás.
Essa preferência se deve à integração com a agricultura, disponibilidade de coprodutos como DDG e milho e à crescente profissionalização dos sistemas de produção. Já há produtores engordando 30 bois em apenas 6 hectares.
A infraestrutura também evoluiu. Embora muitos iniciem o manejo com trato manual — inclusive em carriolas —, a tendência é investir em tratores, vagões forrageiros e digitalização da gestão, garantindo controle preciso sobre consumo, peso e desempenho dos animais.
“Boi bom é boi bom, boi ruim é boi ruim. Sem medir, não dá pra saber”, afirma Paulo.
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Digitalização e gestão são aliadas da rentabilidade
A gestão por software e identificação animal já é realidade para quem quer elevar a produtividade da TIP. A Ponta Agro, por exemplo, oferece soluções que digitalizam o manejo e controlam cada detalhe da operação, do histórico dos animais à eficiência alimentar e rastreabilidade.
Isso também ajuda o produtor a acessar crédito rural com maior segurança, uma vez que consegue comprovar o uso eficiente dos recursos investidos.
Além disso, a TIP está inserida na nova lógica da pecuária nacional, que busca abates mais precoces, carne de qualidade e menor pegada ambiental.
“Estamos mostrando para o mundo que a carne de pasto com tecnologia tem altíssimo valor. O Brasil inventou e dominou essa técnica”, ressalta Paulo Dias.
TIP é caminho viável também na seca
Engana-se quem pensa que a TIP só funciona na época das águas. Mesmo com pasto seco — a chamada “bucha” —, é possível engordar com eficiência, desde que a dieta seja ajustada com maior teor de fibra e concentrado.
“O segredo é planejamento. Quem se antecipa e compra insumos com estratégia garante margem mesmo na estiagem”, explica Paulo.
Com o domínio da técnica, a TIP se consolida como uma alternativa sólida, econômica e sustentável para produtores de todos os perfis.
O sistema não apenas reduz o ciclo pecuário, mas também melhora a eficiência da área utilizada e a qualidade da carne brasileira. Um verdadeiro divisor de águas para a pecuária de corte.
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