Durante uma entrevista no Giro do Boi desta sexta-feira, 27 de setembro, o zootecnista Pedro Carvalho, professor assistente na Universidade do Colorado, compartilhou dicas valiosas sobre a prática inovadora de cruzar gado leiteiro com gado de corte nos Estados Unidos, conhecida como “Beef on Dairy” (termo em inglês que, na tradução literal, é “Carne no Leite”).
Esta prática, que vem se destacando entre produtores brasileiros, consiste na utilização de sêmen de touros de corte em vacas leiteiras, melhorando assim a qualidade e a rentabilidade dos bezerros.
Pedro Carvalho, que possui forte ligação com a pecuária desde cedo, ressaltou que essa tendência tem suas raízes em robustos dados do mercado americano. Ele é sobrinho do médico-veterinário Edmundo Vilela, da Lageado Biotecnologia e Pecuária, que tem apresentado no Giro os casos de sucesso na produção de bovinos superprecoces.
No ano passado, das 9,4 milhões de doses de sêmen de corte vendidas nos EUA, 84% foram utilizadas em rebanhos leiteiros, especialmente nas raças Jersey e Holandesas. Essa prática surgiu para aumentar a rentabilidade do produtor de leite que, ao cruzar vacas leiteiras com touros de corte, consegue obter bezerros de maior valor comercial ao desmame.
Vantagens e desafios do “Beef on Dairy”
Nos Estados Unidos, o uso de técnicas avançadas de reprodução e um rebanho estável são fatores que permitiram a expansão dessa prática.
O pecuarista pode otimizar a reprodução do seu rebanho leiteiro, utilizando sêmen de corte nos animais que não fazem parte do grupo de reposição, intensificando assim a qualidade genética dos bezerros.
A prática é lucrativa, pois eleva significativamente o valor do bezerro de um dia de vida, superando até os ganhos médios anuais com a produção de leite.
Carne bastante competitiva nos Estados Unidos
Pedro destacou que a carne produzida a partir desses cruzamentos compete bem no mercado, apresentando qualidade similar ao tradicional gado de corte.
Com isso, a prática se consolida como uma estratégia viável e lucrativa, tanto nos EUA quanto em países que estão começando a adotar essa inovação. Entre as raças mais recomendadas para o cruzamento estão o Angus e suas variações, que oferecem carcaças bem apreciadas nos mercados.
Considerações finais e implementação no Brasil
Embora promissora, a implementação do “Beef on Dairy” no Brasil requer considerações estratégicas. Envolve avaliar a infraestrutura disponível, a capacidade de fornecer uma nutrição adequada e considerar as condições climáticas locais.
Este tipo de investimento pode representar uma oportunidade significativa para os produtores de leite, especialmente em regiões como o sul do Brasil, onde as condições são mais favoráveis.
A experiência de Pedro Carvalho com a prática nos EUA destaca a importância da intensificação desde o nascimento do bezerro para maximizar os ganhos.
Ele deixou uma mensagem clara para os produtores brasileiros: com a preparação certa e condições adequadas, é possível transformar desafios em oportunidades, promovendo uma pecuária mais profitável e eficiente.
News Giro do Boi no Zap!
Quer receber o que foi destaque no Giro do Boi direto no seu WhatsApp? Clique aqui e entre na comunidade News do Giro do Boi 2.
- Certificações e Qualidade
- Exportação e Comércio Internacional
- Mercado da Carne
- Pecuária
- Raças
- Tecnologia e Inovação
- Beef on Dairy
- brasil
- cruzamento de gado
- edmundo vilela
- estados unidos
- gado de corte
- gado leiteiro
- Gado Superprecoce
- inovação agropecuária
- Lageado Biotecnologia e Pecuária
- pecuária sustentável
- Pedro Carvalho
- superprecoce
- Universidade do Colorado