Suplementar vaca com ácidos graxos essenciais pode aumentar prenhez em até 12%

Segundo zootecnista, com alicerce nutricional bem calibrado, suplemento tem potencial para melhorar condição da matriz manter sua gestação

Para o criador, chegou o momento que ele tanto desejava, conformou opinou o zootecnista Bruno Cappellozza em entrevista ao Giro do Boi desta terça, dia 05. Com a cria valorizada e perspectivas de permanência do cenário pelos próximos anos, o produtor tem mais segurança ao investir em sua atividade para produzir mais bezerros e desmamá-los mais pesados, ressaltou o gerente de pesquisa e desenvolvimento de produtos da Nutricorp. “Ele desmama um bezerro pesado e de qualidade e vai ter mais valor agregado ainda em um produto que já tem valor agregado hoje no mercado”, observou.

Em sua participação, Cappellozza revelou que tipos de ajustes podem ser feitos ao sistema de produção dos criadores para que os resultados aumentem via maior índice de prenhez. “Eu acho que a parte de reprodução e sanidade já estão chegando em um ponto que não se discute mais. Todo mundo sabe que um sêmen de origem de uma empresa conhecida vai te dar uma genética considerável no rebanho, que o animal precisa ter sanidade. O que a gente ainda está patinando […] é que no que diz respeito a nutrição, ainda muitas pessoas questionam se vale a pena (investir)”, advertiu.

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E segundo o especialista, o primeiro passo para calibrar a nutrição das matrizes é diagnosticar o pasto. “E quando a gente pensa em nutrição, o gargalo inicial nos nossos sistemas de produção é o pasto. O pasto é o bem que está ali na fazenda, já está plantado, incorporado e a gente tem que ter manejo e estratégia para corrigir ou melhorar essa pastagem”, indicou.

A vaca não pode passar fome. A vaca e a novilha. O que significa? Eu tenho que ter comida em quantidade, qualidade disponível para elas o ano todo. Se eu pensar em uma vaca prenha, eu tenho um bezerro ou uma bezerra se desenvolvendo lá dentro que necessita de nutrientes. Eu não posso fazer com que aquela vaca ou novilha passe fome. Como começar? Simplesmente acessar o que eu tenho disponível na minha fazenda. Eu tenho que entender o caixa que eu tenho disponível – claro, não podemos simplesmente negar isso -, mas olhar o tipo de capim, o que eu tenho que fazer, qual estratégia de reforma ou manejo de pastagem que eu posso empregar ali”, detalhou.

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O próximo passo? “Reconhecer o que a minha pastagem não dá para o rebanho e entrar com uma estratégia de suplementação. Eu acho que ainda a nutrição de fêmeas é onde precisa avançar mais. […] Baseado nesse programa, eu devo desenhar o protocolo de suplementação. Invariavelmente eu acabo precisando de um complemento nutricional, seja ele simplesmente um mineral, um aditivo, energia ou proteína”, recomendou. “E ele não pode ser simplesmente de um ano para o outro. Ele tem que contemplar pelo menos três a cinco anos de projeto para ter uma evolução no ciclo”, frisou.

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Com pontos básicos da nutrição já bem calibrados, o criador pode pensar nos ajustes finos para aumentar a taxa de prenhez. Durante sua entrevista, Cappellozza destacou o impacto do uso de ácidos graxos essenciais na nutrição das fêmeas em reprodução.

Ácidos graxos essenciais são aqueles compostos que a gente encontra, por exemplo, no óleo de soja. Ômega-3, o ômega-6, que são muito discutidos na saúde humana, na nutrição humana, são compostos que estão dentro de um óleo. Então eles têm atividades energéticas, eles fornecem energia para o animal e a gente já sabe hoje de pesquisas que vêm desde 2007 ou 2008 que eles têm um efeito nutracêutico. O que significa? Além do efeito energético, eles têm um outro efeito no organismo e eles atuam especificamente […] no aumento da manutenção da gestação”, explicou.

“Eles têm que ser fornecidos através do suplemento porque, diferente de outros compostos, mesmo outros ácidos graxos, os animais não conseguem produzir de maneira endógena os ácidos graxos ômega-3 e ômega-6, por isso que a gente tem que fornecer através de um suplemento, através da dieta”, salientou.

O zootecnista informou como o criador pode incorporar o suplemento na dieta das matrizes. “A gente vem trabalhando sempre a partir do início do protocolo de IATF até o DG (diagnóstico de gestação). Se o DG acontece no dia 28, no dia 32, no dia 33, no dia 60, a gente trabalha basicamente nesse período estratégico de suplementação com os ácidos graxos essenciais”, aconselhou.

RESULTADOS

“A gente tem entre 8,5% a 12% de aumento na taxa de prenhez, então a gente trabalha sempre na média de 10% e esse aumento na taxa de prenhez, é importante ressaltar, que é por conta dessa melhoria da manutenção da gestação. Então o bezerro, o embrião que está se desenvolvendo ali dentro consegue sinalizar para a vaca que ele está ali e ela não causa luteólise, que resulta na mortalidade embrionária precoce”, explanou.

Cappellozza sustentou mais uma vez que os impactos são observados desde que o alicerce básico da nutrição esteja bem formado e executado. “Não tem milagre. Se a vaca passar fome, a gente tem que corrigir o sistema como um todo primeiro e, depois, entrar com o ajuste fino. Animal magro tem uma piora na função reprodutiva”, confirmou.

O zootecnista esclareceu também os benefícios paralelos do aumento da manutenção da gestação nas vacas. “Ter uma vaca concebendo antes na estação de monta vai resultar em bezerros nascendo no cedo e desmamando mais pesados. […] A gente está falando de 15 a 20 kg (a mais na desmama) de bezerro do cedo comparado com bezerro que nasce tarde. Isso tem totalmente a ver com a vaca que emprenha no cedo e isso tem totalmente a ver com uma vaca que pariu bem na estação de parição. A gente vê que para eu chegar lá na desmama de um animal pesado eu tenho que voltar em pontos do meu sistema de produção para ter esse resultado positivo”, concluiu.

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  • Veja a entrevista completa com Bruno Cappellozza no vídeo a seguir:

Foto: Reprodução / Instagram

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